O Brasil reforça seu papel estratégico na exploração de terras-raras no Brasil. Fernando Haddad destaca parcerias com os Estados Unidos e outras nações, visando ampliar a produção de terras-raras e gerar maior valor agregado à economia nacional
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou em entrevista neste domingo (31) que não faltarão parceiros para desenvolver sua cadeia de terras-raras no Brasil, reforçando a prioridade de agregar valor aos minérios localmente.
Essa declaração ocorre em um momento estratégico, já que o país possui uma parcela significativa das reservas globais, mas ainda tem produção limitada. O governo brasileiro busca atrair investimentos e parcerias que tragam tecnologia e know-how, especialmente dos Estados Unidos, com o objetivo de consolidar o Brasil como protagonista na cadeia global de terras-raras e impulsionar a economia nacional.
Contexto estratégico: reservas e desafios de produção de terras-raras
O Brasil detém aproximadamente 23% das reservas mundiais de terras-raras, posicionando-se como o segundo país com maior volume, atrás apenas da China, que lidera com cerca de 44 milhões de toneladas. Os depósitos estão concentrados em Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Amazonas e Pará.
-
Porto Sudeste dispara e bate recordes históricos na movimentação de minério em agosto
-
Cidade mineira abriga a maior reserva de titânio do mundo, colocando Minas Gerais no mapa global da mineração; conheça Patrocínio
-
Empresa Pilar Gold anuncia retorno da mineração em Goiás com assinatura de acordo
-
Nem Índia nem Austrália, esses são os dois países que garantiram maior volume das exportações de minério de ferro brasileiro em 2025
Apesar desse potencial, a produção de terras-raras pelo Brasil é extremamente baixa. Em 2024, o país produziu menos de 1% da produção mundial, cerca de 20 toneladas, enquanto a produção global alcançou quase 390 mil toneladas. Projetos como o de Minaçu (GO), operado pela Serra Verde, têm capacidade estimada de 5 mil toneladas por ano, ainda insuficiente para competir no mercado global.
O desafio é transformar o potencial mineral em competitividade real, ampliando a produção, o refino e a agregação de valor internamente.
Fernando Haddad sinaliza interesse por tecnologia e parcerias
Em entrevista, Fernando Haddad destacou que o Brasil não quer apenas exportar terras-raras como commodities, mas agregar valor e desenvolver uma cadeia industrial sustentável. O ministro afirmou: “Todo mundo necessita de terras raras, e o nosso país possui, nós estamos bem posicionados. Mas o objetivo não é exportar ela como commodity, mas sim, agregar valor”.
Haddad ressaltou ainda que os Estados Unidos possuem capacidade limitada de refinamento dessas substâncias, criando oportunidades de cooperação tecnológica e industrial com o Brasil. A proximidade do país com mercados asiáticos e europeus amplia as opções de parcerias estratégicas, fortalecendo a posição do Brasil no cenário global.
Estratégias de Fernando Haddad para impulsionar a produção de terras-raras no Brasil
Fernando Haddad reforçou que o Brasil precisa acelerar sua produção de terras-raras, aproveitando as reservas estratégicas do país. Segundo o ministro, o foco não é apenas extrair minerais, mas transformar o setor em um polo de inovação e industrialização. O governo busca parcerias com países como os Estados Unidos, capazes de trazer tecnologia e expertise, garantindo que o Brasil agregue valor localmente e fortaleça sua competitividade. Com planejamento estratégico, investimento em infraestrutura e desenvolvimento de tecnologia, o país pode consolidar seu papel global, destacando-se na produção de terras-raras no Brasil de forma sustentável e rentável.
Pressões globais e necessidade de marco regulatório para terras-raras no Brasil
O ministro mencionou a influência de interesses internacionais sobre o setor de terras-raras, enfatizando que negociações estratégicas precisam preservar a autonomia brasileira. Ele destacou que a construção de um marco regulatório robusto é essencial para orientar investimentos, garantir sustentabilidade e permitir que o país agregue valor aos recursos internamente.
O setor ainda enfrenta desafios legais e ambientais. Muitos depósitos estão em áreas de preservação ou em terras indígenas, o que exige políticas equilibradas para conciliar desenvolvimento econômico e proteção ambiental.
Potencial de desenvolvimento industrial e sustentável das terras-raras no Brasil
Alguns depósitos, como os de argilas iônicas em Minaçu (GO), oferecem vantagens ambientais e operacionais. A extração pode ser feita a céu aberto, com menor impacto ambiental e custo reduzido, tornando o processo mais sustentável.
Além disso, desenvolver a cadeia de refino e produção de componentes no país representa um avanço estratégico para setores de alta tecnologia e transição energética. Agregar valor internamente não apenas fortalece a economia nacional, mas também aumenta a competitividade do Brasil no mercado internacional.
Desafios estruturais e perspectivas futuras
Para que o Brasil se torne competitivo, é necessário intensificar o mapeamento geológico, transformar recursos estimados em reservas viáveis e superar limitações tecnológicas e logísticas. Isso inclui infraestrutura de transporte, refino e integração com a cadeia industrial.
O Serviço Geológico do Brasil (SGB) destaca depósitos promissores no Amazonas, como em Seis Lagos, com estimativa de 43,5 milhões de toneladas de terras-raras. Entretanto, essas áreas incluem restrições legais e ambientais que precisam ser respeitadas.
Investimentos em tecnologia, ciência, logística e políticas públicas robustas são fundamentais para viabilizar o desenvolvimento do setor, transformando o potencial brasileiro em liderança global.
Oportunidades e relevância do Brasil na produção de terras-raras
O avanço no setor de terras-raras representa uma oportunidade estratégica para o país. A produção de terras-raras com foco em agregação de valor pode gerar empregos, fortalecer a indústria nacional e impulsionar a transição energética. Além disso, amplia a autonomia econômica do Brasil frente a grandes players internacionais e fortalece a posição do país em negociações globais.
A participação em parcerias com Estados Unidos e outras nações permite transferir tecnologia e acelerar a industrialização do setor, consolidando o país como um fornecedor confiável de recursos estratégicos. Dessa forma, o Brasil não apenas explora suas reservas, mas transforma o setor em motor de crescimento econômico e inovação tecnológica.
Perspectiva de longo prazo e competitividade global
O Brasil ainda enfrenta desafios para se tornar um protagonista global em terras-raras. A infraestrutura, tecnologia de refino e políticas regulatórias precisam evoluir para que o país aproveite suas reservas de maneira sustentável e competitiva. Com parcerias estratégicas, principalmente com países que têm demanda por terras-raras e menos capacidade de refinamento, o país tem potencial de ocupar um papel relevante na cadeia global.
A combinação de reserva abundante, parcerias internacionais, transferência tecnológica e agregação de valor pode transformar o setor, contribuindo para a reindustrialização e crescimento sustentável da economia brasileira.
Um futuro promissor para o setor de terras-raras no Brasil
O Brasil tem todos os elementos para se consolidar como referência na exploração sustentável de terras-raras. O foco em agregar valor localmente, aliado à atração de parceiros estratégicos e investimentos em tecnologia, reforça a perspectiva de crescimento e competitividade global.
As ações do governo, lideradas por Fernando Haddad, demonstram compromisso em transformar reservas naturais em ativos estratégicos, garantindo desenvolvimento econômico, sustentabilidade e posicionamento geopolítico favorável. Com planejamento e políticas públicas adequadas, o país pode se tornar protagonista no mercado global de minerais estratégicos, contribuindo para a economia e fortalecendo a indústria nacional.