Brasil reforça seu papel na liderança internacional da transição energética, defendendo investimentos em energia limpa e compromissos globais que devem ganhar destaque até a COP30
Em 22 de setembro de 2025, durante a Assembleia Geral da ONU e a “New York Climate Week”, o presidente Lula assinou uma carta conjunta com outros 16 líderes mundiais exigindo investimentos em energia limpa, aceleração da transição energética justa e compromisso com a segurança climática. O documento, intitulado “Todos juntos pela transição energética justa e equitativa”, marca um passo decisivo rumo à COP30, que será sediada no Brasil.
Carta global reforça urgência da transição energética
A carta destaca que o mundo está avançando rumo à energia limpa mais rápido do que nunca. Em 2024, os investimentos globais em fontes renováveis atingiram US$ 2 trilhões, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), com uma proporção de dois dólares em energia limpa para cada dólar em combustíveis fósseis.
Segundo a carta, no setor elétrico, a diferença é ainda mais expressiva: para cada dólar investido em combustíveis fósseis, dez foram aplicados em tecnologias limpas. Essa mudança é impulsionada pela ameaça das mudanças climáticas, pela busca por segurança energética e pela necessidade de crescimento sustentável.
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“A transição energética está em curso e veio para ficar”, afirma o documento, que reforça a importância de garantir que essa transformação seja justa e equitativa.
Energia limpa como motor econômico e social
A carta assinada por Lula e outros líderes mundiais enfatiza que a energia limpa não é apenas uma solução ambiental, mas também econômica e social. Ela reduz custos, promove o crescimento, gera empregos e fortalece economias locais. Além disso, aumenta a segurança energética ao proteger consumidores da volatilidade dos mercados internacionais.
“Segurança energética é segurança nacional”, destaca o texto, apontando que a produção local de energia é essencial para a estabilidade dos países.
Desigualdades nos investimentos em energia limpa
Apesar dos avanços, persistem disparidades significativas. Dos US$ 2 trilhões investidos em 2024, apenas US$ 40 bilhões foram destinados à África. Embora esse valor represente o dobro do registrado em 2020, ainda é insuficiente. Sem ação imediata, 550 milhões de africanos continuarão sem acesso moderno à energia em 2030.
Na América Latina, onde o Brasil se destaca, há uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo. No entanto, apenas uma fração do potencial renovável foi explorada. A dependência de combustíveis fósseis, lacunas no acesso à energia e a necessidade de financiamento estável ainda são desafios críticos.
Fórum Global impulsiona transição energética justa
Para enfrentar essas lacunas, foi criado o Fórum Global de Transições Energéticas, uma plataforma colaborativa entre governos, bancos, empresas e instituições filantrópicas. O objetivo é acelerar a transição energética justa e inclusiva, especialmente nos países em desenvolvimento.
O Fórum será flexível e adaptável às realidades de cada país. Entre as iniciativas destacadas estão:
- Parceria Acelerada para Energia Renovável na África
- Programa de Transição Energética da África
- Iniciativa Africana para Industrialização Verde
- Rede Elétrica da ASEAN
Essas ações serão integradas com alianças globais como a Global Clean Power Alliance e a Global Energy Efficiency Alliance.
Metas ambiciosas para 2030 e COP30 no Brasil
A carta reforça os compromissos assumidos na COP28 e projeta metas ousadas para a próxima década, que serão aprofundadas na COP30, sediada no Brasil:
- Triplicar a capacidade de energia renovável
- Dobrar a eficiência energética
- Ampliar a produção e uso de combustíveis sustentáveis
Essas metas visam instalar 11 terawatts de capacidade renovável até 2030, com foco na manufatura local e na implantação de tecnologias limpas nos países em desenvolvimento.
Brasil e Lula: liderança na transição energética global
Com a carta, o presidente Lula reforçou o compromisso do Brasil com uma transição energética justa, destacando a importância de reformas na arquitetura financeira global para garantir que os mecanismos multilaterais apoiem a implementação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) pós-2030.
O país já possui uma matriz elétrica com cerca de 90% proveniente de fontes renováveis, segundo o Ministério de Minas e Energia. Essa vantagem coloca o Brasil em posição estratégica para liderar a descarbonização global e compartilhar experiências com outras nações.
Além disso, programas como Luz Para Todos, Cozimento Limpo e Energia da Amazônia mostram o compromisso brasileiro com inclusão social e sustentabilidade.
Oportunidade para o Brasil na COP30 e na transição energética
A realização da COP30 no Brasil representa uma oportunidade única para o país consolidar sua liderança na agenda climática global. O evento será palco para a revisão das metas climáticas e para o fortalecimento de compromissos internacionais em prol da energia limpa.
Com uma matriz energética já majoritariamente renovável e políticas públicas voltadas para a inclusão e sustentabilidade, o Brasil pode ser exemplo de como conciliar desenvolvimento com responsabilidade ambiental.
A carta assinada por Lula e outros líderes mundiais é um chamado à ação. Ela reforça que a transição energética não é apenas necessária, mas inevitável — e que deve ser conduzida com justiça, equidade e cooperação internacional.


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