Apelo foi feito durante o Fórum da Cadeia Nacional, organizado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) nessa quinta-feira (9)
Na última quinta-feira (9) foi realizado um Fórum da Cadeia Nacional, organizado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), que contou com a presença remota do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia Paulo Guedes. Durante o evento, houve um apelo por parte da cúpula do governo federal para que os supermercados façam um congelamento de preços, principalmente da cesta básica, para superarmos a inflação de 2022. Poderíamos então, nos tornar uma nova Venezuela?
A política de congelamento de preços já foi adotada anteriormente, por meio de decretos governamentais, em países como Venezuela, Argentina e até mesmo aqui no Brasil, na década de 80. Todavia, esse método para conter a inflação se mostrou ineficaz, uma vez que promoveu o desabastecimento em diversos supermercados. Leia a matéria e descubra hoje se o Brasil pode se tornar uma nova Venezuela.
Veja como foram as declarações de Bolsonaro e Guedes para conter a inflação em 2022 com o vídeo abaixo
Bolsonaro pede que os supermercados façam um congelamento de preços até o final do ano, especialmente dos produtos de cesta básica
As declarações feitas nessa quinta (9) vieram após a divulgação de alguns números pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo os dados, embora a inflação tenha desacelerado em 0,47% em maio, IPCA já acumula 11,73% em doze meses, o que é preocupante e indica o avanço da inflação em 2022.
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“O apelo que eu faço para os senhores, para toda a cadeia produtiva, é para que os produtos da cesta básica obtenham o menor lucro possível, para a gente poder dar satisfação à parte considerável da população, em especial os mais humildes”
Jair Bolsonaro em declaração durante evento da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) em 2022
Em outro momento, ele afirmou que em momentos difíceis como esse que estamos passando, precisamos de um esforço conjunto, para que o Brasil volte a prosperar. Ainda segundo o relato, os esforços vêm da redução na margem de lucro, que seria essencial nesse momento.
“Em momentos difíceis, entendo que todos nós temos de colaborar. Sei que a margem de lucro tem cada vez diminuído mais. Vocês já têm colaborado nesse sentido, mas colaborem um pouco mais na margem de lucros dos produtos da cesta básica. Se for atendido, agradeço muito; se não for, é porque não é possível”
Jair Bolsonaro em declaração durante evento da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) em 2022
Ao final de sua participação, ainda declarou que torce pelo final breve da Guerra entre Ucrânia e Rússia, pois isso pode ajudar o cenário mundial.
“Temos fé em Deus que essa crise dos dois países terá seu ponto final brevemente, assim como o vírus, que, ao que tudo indica, já teve seu ponto final”
Jair Bolsonaro em declaração durante evento da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) em 2022
Paulo Guedes se pronuncia e reforça o pedido de congelamento de preços feito por Bolsonaro
Reiterando o que o chefe do executivo solicitou, Paulo Guedes deu suas declarações sobre manter os lucros em baixa e reforçou que o esforço é conjunto para combater a inflação de 2022.
“Eu encerro reforçando o pedido, que é o seguinte: agora é hora de dar um freio nessa alta de preços. É voluntário, é para o bem do Brasil. Da mesma forma que os governadores têm que colocar a mão no bolso e ajudar o Brasil, o empresariado brasileiro tem que entender o seguinte: devagar agora um pouco porque a gente tem que quebrar essa cadeia inflacionária”
Paulo Guedes, Ministro da Economia, durante evento da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) em 2022
Ele prosseguiu afirmando que os impostos podem ser controlados pelo governo, mas a tabela de preços é algo mais complicado de ter comando.
“A conversa é a seguinte: ICMS, IPI, nós reduzimos, então ao longo da cadeia, trégua. Nova tabela de preços só em 2023. Trava os preços. Vamos parar de aumentar os preços por 2 ou 3 meses. Estamos em uma hora decisiva para o Brasil.”
Paulo Guedes, Ministro da Economia, durante evento da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) em 2022
Afinal, o Brasil pode se tornar mesmo uma Venezuela?
A princípio, não. Paulo Guedes e Bolsonaro fizeram apenas um “apelo” à Abras e aos comerciantes para que ajudem a livrar a população do sufoco da inflação em 2022. Todavia, não houve canetada e também não há previsão de congelamento de preços de modo obrigatório.
Sendo assim, devemos esperar pelas cenas dos próximos capítulos. Afinal, a mais alta cúpula do governo não sinaliza uma obrigatoriedade no congelamento dos preços. Sendo assim, estamos longe de ser uma Venezuela, com o desabastecimento dos supermercados.