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Brasil pode se livrar de tarifa de 50% dos EUA: Lula e Trump retomam diálogo e acenam com acordo baseado na separação entre política e economia

Escrito por Alisson Ficher
Publicado em 27/09/2025 às 19:38
EUA indicam abertura para rever tarifas de 50% ao Brasil após encontro entre Trump e Lula na ONU, reacendendo negociações.
EUA indicam abertura para rever tarifas de 50% ao Brasil após encontro entre Trump e Lula na ONU, reacendendo negociações.
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Estados Unidos indicam disposição para rever tarifas sobre o Brasil após encontro entre Trump e Lula na Assembleia-Geral da ONU em Nova York, reacendendo expectativas de negociações bilaterais e possíveis mudanças no comércio entre os dois países.

O governo dos Estados Unidos sinalizou abertura para discutir as tarifas de 50% aplicadas às importações brasileiras depois do encontro breve entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump na 80ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, em 23 de setembro.

A avaliação, feita por integrantes das duas delegações após o gesto cordial entre os presidentes, indica que os canais de diálogo foram reativados e que negociações técnicas podem avançar nas próximas semanas.

Estrutura das tarifas impostas

As sobretaxas hoje somam 50% e resultam da combinação de uma alíquota geral de 10% (o chamado “reciprocal tariff”) com um adicional de 40% para produtos do Brasil.

A estrutura foi definida por ordens executivas publicadas no fim de julho e passou a valer no início de agosto, com exceções específicas.

Advogados de comércio exterior e notas oficiais detalham que a alíquota de 40% incide além da taxa de 10%, totalizando 50% para itens sem isenção.

Ainda que a Casa Branca tenha vinculado a medida a preocupações com liberdades e ao ambiente institucional no Brasil, a elevação ocorreu num contexto de tensão política entre os dois países.

O anúncio público do endurecimento tarifário foi feito por Trump em 9 de julho, em carta e postagens nas redes sociais, e veio na esteira do agravamento do contencioso bilateral.

Como se formou o impasse

Em março de 2025, o USTR publicou o relatório anual sobre barreiras comerciais e listou o Brasil entre os países com entraves considerados relevantes.

Essa leitura serviu de pano de fundo para a escalada de medidas adotadas meses depois.

No mês seguinte, o governo Trump editou ordens que redesenharam sua política tarifária.

Uma delas, de 30 de julho, citou “ações sem precedentes” do governo brasileiro e alegou impactos sobre empresas e cidadãos americanos, fornecendo a justificativa política para a ampliação de tarifas.

A deterioração das relações também coincidiu com a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, decisão confirmada em 11 de setembro, com pena de 27 anos e 3 meses.

Embora o governo americano tenha tomado medidas citando razões próprias, a condenação de Bolsonaro tornou-se um ponto de fricção adicional no debate público entre Washington e Brasília.

O encontro entre Lula e Trump

Na ONU, Lula criticou a adoção de medidas unilaterais que afetam a economia brasileira e defendeu o respeito à soberania e às instituições do país.

Ao mesmo tempo, após o encontro, integrantes das duas comitivas descreveram um clima menos hostil e falaram em possibilidade de avanço nas conversas.

Trump, por sua vez, adotou tom mais conciliador e elogiou o presidente brasileiro depois do cumprimento.

Declarações do Ministério da Fazenda

Enquanto isso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cobrou a reversão do “tarifaço”.

Em suas palavras, o aumento “tem de acabar” e a orientação é “separar política da economia” para reconstruir a agenda bilateral.

O ministro afirmou também que o objetivo do Brasil é zerar a lista de produtos afetados, com negociação técnica e retomada do diálogo institucional.

Segundo o ministro, a Fazenda trabalha com pontos de partida que incluem exceções já previstas e discussões setoriais — como açúcar e etanol —, uma prática tradicional em tratativas com os EUA.

A expectativa do governo é obter previsibilidade para exportadores brasileiros sem desencadear uma nova rodada de retaliações.

Posição oficial dos Estados Unidos

Do lado americano, a mensagem pública recente foi de que tarifas são instrumento de pressão para corrigir desequilíbrios e garantir “reciprocidade”, mas que negociações são possíveis se houver contrapartidas.

Em Nova York, a leitura de bastidores foi semelhante: após o gesto entre os presidentes, assessores passaram a estudar trilhas de desescalada.

Além disso, relatos da imprensa registraram que Trump fez comentários elogiosos a Lula após a conversa, algo incomum no atual ciclo da relação bilateral e interpretado como sinal de abertura.

Impactos econômicos já sentidos

Setores exportadores brasileiros relatam queda de embarques para os Estados Unidos desde a vigência das sobretaxas.

Na cadeia do café, por exemplo, entidades informaram recuos expressivos em agosto e setembro, com ajuste de rotas comerciais para outros mercados.

Em paralelo, empresas afetadas pressionam por medidas de alívio no Brasil enquanto acompanham a possibilidade de um entendimento político em Washington.

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Alisson Ficher

Jornalista formado desde 2017 e atuante na área desde 2015, com seis anos de experiência em revista impressa, passagens por canais de TV aberta e mais de 12 mil publicações online. Especialista em política, empregos, economia, cursos, entre outros temas. Registro profissional: 0087134/SP. Se você tiver alguma dúvida, quiser reportar um erro ou sugerir uma pauta sobre os temas tratados no site, entre em contato pelo e-mail: alisson.hficher@outlook.com. Não aceitamos currículos!

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