Com incentivos fiscais inéditos e disputa global por infraestrutura de dados, o contrato bilionário da Petrobras com a Elea Data Center reforça o protagonismo do Brasil no mercado mundial de tecnologia e energia limpa
O contrato bilionário da Petrobras com a Elea Data Center, firmado em São Bernardo do Campo (SP), marca um ponto de virada para o setor de tecnologia e infraestrutura no Brasil. Com o novo programa de incentivos fiscais previsto para 2026, o país pode receber até R$ 60,8 bilhões em investimentos em data centers, segundo projeção da Brasscom, associação que reúne grandes empresas do setor de tecnologia.
De acordo com a reportagem do O Globo, esses investimentos ocorrem em meio a uma disputa global pela atração de centros de dados, enquanto países competem por bilhões em aportes da indústria da inteligência artificial. No Brasil, o cenário se torna ainda mais favorável com o uso de energia limpa e desoneração de tributos sobre equipamentos, fatores que atraem gigantes estrangeiras e fortalecem a posição do país na América Latina.
Incentivos fiscais e corrida mundial por infraestrutura digital
O plano nacional Redata, lançado pelo governo federal, antecipa efeitos da Reforma Tributária e cria um ambiente de incentivo temporário para instalação de data centers.
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Empresas que aderirem ao programa terão isenção de IPI, PIS/Cofins e imposto de importação sobre equipamentos de tecnologia da informação, em troca de compromissos com uso sustentável de energia e investimento na indústria nacional.
A validade dos benefícios até 2026 fez com que o setor projetasse um boom de investimentos já no próximo ano.
De acordo com estimativas da Brasscom, US$ 8,6 bilhões serão destinados à compra de equipamentos e US$ 2,9 bilhões à infraestrutura física, impulsionando uma cadeia produtiva que vai de fabricantes de chips a fornecedores de energia elétrica.
O contrato bilionário da Petrobras e o papel da Elea Data Center
O contrato de R$ 2,3 bilhões da Petrobras com a Elea Data Center é considerado um marco estratégico dentro desse novo cenário.
O projeto prevê a implantação de um data center de inteligência artificial em São Paulo, que servirá de base para processar informações da estatal com alto desempenho e eficiência energética.
Segundo o presidente da Elea, Alessandro Lombardi, o acordo despertou interesse internacional imediato.
“Desde que a Medida Provisória foi assinada, investidores estrangeiros passaram a nos procurar com projetos que ultrapassam a casa dos bilhões de dólares”, afirmou.
Para especialistas, a combinação de incentivos tributários, matriz energética limpa e demanda corporativa coloca o Brasil em posição privilegiada frente a países como México, Índia e Chile.
Brasil avança na disputa global por data centers
A competição internacional por investimentos em infraestrutura digital se acirrou.
O Chile oferece políticas tributárias locais, a Colômbia criou zona franca para o setor e a Índia aposta em custos menores de energia e mão de obra.
No entanto, a dependência do carvão em países asiáticos contrasta com a matriz renovável brasileira, que se tornou um diferencial competitivo.
O presidente da Brasscom, Affonso Nina, vê o momento como estratégico:
“O Brasil pode se posicionar como polo regional para processar dados de empresas americanas e asiáticas, aproveitando sua infraestrutura elétrica e estabilidade jurídica.”
Já Eduardo Carvalho, presidente da Equinix na América Latina, ressalta que a energia limpa em abundância é o trunfo nacional para atrair grandes players globais.
Desafios internos: mão de obra e regulação
Apesar do cenário favorável, o setor enfrenta dois gargalos: a falta de profissionais especializados e a lentidão regulatória.
A AWS, subsidiária da Amazon, já capacitou mais de 900 mil profissionais brasileiros desde 2017, mas ainda considera insuficiente o número de técnicos formados para acompanhar a velocidade de expansão.
Além disso, projetos de grande porte dependem de licenças ambientais e conexões com a rede elétrica, o que pode atrasar novos empreendimentos.
Segundo a Associação Brasileira de Data Centers (ABDC), o país conta hoje com 162 unidades ativas, das quais 110 estão no Sudeste.
A demanda crescente por infraestrutura de nuvem e IA deve dobrar esse número até o fim da década.
Renúncia fiscal e impacto econômico
O programa Redata prevê uma renúncia de R$ 7,5 bilhões em tributos nos próximos três anos, segundo o governo federal.
Para participar, as empresas precisarão destinar 2% dos investimentos a pesquisa e garantir que ao menos 10% dos serviços oferecidos sejam voltados ao mercado interno.
O advogado tributarista Leonardo Homsy, do escritório Mattos Filho, explica que a isenção de impostos sobre importação pode gerar economia de até 40% em determinados equipamentos.
“As alíquotas variam, mas podem chegar a 70% em alguns casos. A desoneração é um alívio importante para quem quer investir pesado em infraestrutura digital”, destacou.
O contrato bilionário da Petrobras simboliza mais do que um negócio isolado: é o gatilho de uma corrida global por data centers e do reposicionamento do Brasil como protagonista tecnológico e energético.
Com incentivos tributários inéditos, energia renovável e apetite de grandes investidores, o país tem a chance de atrair até R$ 60 bilhões em novos projetos até 2026.
Você acredita que esses incentivos fiscais realmente farão o Brasil se tornar um polo mundial de tecnologia e IA? Ou teme que a renúncia tributária acabe beneficiando apenas grandes corporações? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem vive o setor na prática.