Projeto europeu mira aço limpo e baixo custo com apoio da indústria brasileira
Em junho de 2025, uma nova siderúrgica europeia passou a estudar a produção de aço no Brasil utilizando hidrogênio verde. A proposta visa transformar o país em polo estratégico na descarbonização da indústria global.
Durante evento na Embaixada do Brasil em Berlim, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) apresentou estudo do Instituto Nature Energy. O documento mostrou que fabricar hot briquetted iron (HBI) no Brasil, com energia limpa, pode reduzir os custos industriais alemães entre 8,7% e 31,5%.
A alternativa consiste em exportar o HBI produto semiacabado e não o hidrogênio isolado. Isso reduz perdas energéticas e melhora a logística, evitando o processo caro de conversão do gás em amônia.
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Competitividade e redução de emissões
O modelo proposto substitui carvão e gás natural por hidrogênio verde. Essa substituição corta significativamente as emissões de carbono, gerando aço com menor impacto ambiental.
O estudo aponta que o uso de hidrogênio pode elevar a competitividade do produto brasileiro em até 31,5% em relação ao aço tradicional. O minério de ferro de alta qualidade, aliado à energia limpa, cria um diferencial para o país.
Com isso, marcas como BMW e Mercedes-Benz poderiam produzir veículos com componentes mais baratos e sustentáveis, fortalecendo parcerias industriais entre Europa e América Latina.
Potencial logístico e energético
O Brasil se destaca entre os países mais promissores para a produção de aço limpo. O destaque se deve à abundância de energia hidrelétrica e infraestrutura favorável.
Além disso, o país já possui rotas de exportação eficientes. Essa estrutura facilita a entrega do HBI a siderúrgicas europeias com rapidez e custo reduzido.
Embora o hidrogênio verde represente menos de 0,1% da produção global, o Brasil pode acelerar seu crescimento se investir na exportação de produtos com valor agregado.
Resistências políticas na Alemanha
Apesar das vantagens técnicas, o projeto enfrenta resistência política na Alemanha. Sindicatos e líderes temem a perda de empregos com a transferência de parte da cadeia produtiva para o exterior.
Friedrich Merz, possível novo primeiro-ministro alemão, defende a captura de carbono como solução doméstica. Segundo ele, essa estratégia preserva empregos e mantém o controle industrial no país.
Além disso, setores conservadores temem que o Brasil avance como competidor direto na cadeia global de aço. A disputa por tecnologia e mercado acirra o debate.
Caminhos futuros e novas parcerias
O governo brasileiro, além disso, busca avançar nas negociações comerciais com a União Europeia.
Desse modo, pretende garantir acordos de exportação que, além de tecnicamente sólidos, também sejam social e ambientalmente responsáveis.
Por outro lado, o Instituto Nature Energy, por sua vez, deve concluir seu relatório completo até agosto de 2025.
Dessa forma, o estudo servirá como base para decisões comerciais e industriais entre os dois blocos.
Caso seja aprovado, o projeto poderá gerar milhares de empregos qualificados no Brasil.
Assim, a criação de polos industriais sustentáveis representa um novo momento para a siderurgia nacional.