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Brasil pode entrar para grupo de elite global com nova tecnologia de microrreatores nucleares — projeto envolve universidades, Marinha e empresas estratégicas

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 11/07/2025 às 12:05
Brasil pode entrar para grupo de elite global com nova tecnologia de microrreatores nucleares — projeto envolve universidades, Marinha e empresas estratégicas
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Brasil investe em microrreatores nucleares no Brasil com apoio da Marinha, universidades com tecnologia nuclear e setor privado. Iniciativa promete fortalecer a energia nuclear nacional com inovação e autonomia

O Brasil iniciou um projeto ambicioso e estratégico que pode colocá-lo entre os líderes mundiais na área de energia limpa: o desenvolvimento de microrreatores nucleares 100% nacionais. A iniciativa une esforços da Marinha do Brasil, universidades públicas com tradição em pesquisa, centros tecnológicos e empresas privadas do setor de energia. O objetivo é criar uma nova geração de reatores nucleares modulares, compactos e eficientes, capazes de gerar entre 1 e 5 megawatts de energia elétrica, com segurança e baixo impacto ambiental.

O investimento total é de R$ 50 milhões, dos quais R$ 30 milhões vêm de subvenção da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e o restante das empresas parceiras. O projeto tem duração prevista de três anos e poderá revolucionar o fornecimento energético em regiões isoladas e em aplicações estratégicas como bases militares, plataformas offshore, hospitais e centros de dados.

O que são os microrreatores nucleares e como funcionam?

Microrreatores nucleares são reatores de pequeno porte, geralmente do tamanho de um contêiner marítimo, que operam com autonomia por até dez anos sem necessidade de reabastecimento.

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Seu design modular e compacto permite transporte facilitado, instalação rápida e operação remota. Cada unidade pode gerar de 1 a 5 MW de energia elétrica, o suficiente para abastecer uma pequena cidade, comunidades remotas, ou instalações estratégicas.

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O modelo brasileiro se diferencia por utilizar tubos térmicos (heat pipes) para dissipar o calor gerado pela fissão nuclear, sem necessidade de água ou gás como fluido de refrigeração. Isso reduz significativamente o risco de acidentes e simplifica a manutenção. Além disso, o projeto prevê o uso de combustível com alta densidade energética e elementos de controle autônomo, garantindo estabilidade mesmo em condições adversas.

Parceria entre Marinha, universidades com tecnologia nuclear e centros de pesquisa

O desenvolvimento dos microrreatores nucleares no Brasil envolve um consórcio multidisciplinar. Participam do projeto nove instituições de pesquisa e ensino, incluindo quatro universidades federais com tradição em ciência e engenharia nuclear: Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do ABC (UFABC), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Também fazem parte o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e os institutos IPEN (São Paulo) e IEN (Rio de Janeiro).

A Marinha do Brasil tem papel fundamental, por meio da Diretoria de Desenvolvimento Nuclear da Marinha (DDNM) e da estatal Amazônia Azul Tecnologias de Defesa (Amazul).

Sua experiência no desenvolvimento do reator para o submarino nuclear brasileiro fortalece a base técnica do projeto. As universidades com tecnologia nuclear fornecem infraestrutura laboratorial e conhecimento científico essencial para as pesquisas.

Energia nuclear nacional: avanços e obstáculos técnicos

O projeto está atualmente no nível de maturidade tecnológica TRL 3, o que significa que os conceitos e princípios científicos já foram demonstrados em ambiente laboratorial. O próximo passo é atingir o TRL 6, com testes em ambientes operacionais e construção de protótipos funcionais.

Entre os principais desafios enfrentados estão o desenvolvimento de heat pipes capazes de suportar temperaturas superiores a 800 °C, a fabricação nacional de materiais como grafita, berílio e dióxido de urânio, além da implementação de sistemas de controle inteligentes e confiáveis.

O IPEN lidera os estudos sobre materiais e engenharia de combustíveis, enquanto a Marinha reator oferece suporte baseado em sua experiência acumulada no setor nuclear.

Esses avanços podem consolidar a capacidade de produção autônoma da energia nuclear nacional, reduzindo dependências externas e fortalecendo a indústria tecnológica do país.

Impactos econômicos e ambientais dos microrreatores nucleares no Brasil

A implantação de microrreatores traz benefícios diretos para o desenvolvimento regional e para a sustentabilidade ambiental. Muitas regiões do Brasil, especialmente na Amazônia e no interior do país, ainda dependem de geradores a diesel, que além de poluentes, têm custo operacional elevado. Os microrreatores poderão substituir essas fontes, oferecendo energia limpa, estável e com menor impacto logístico.

O custo estimado de geração elétrica com microrreatores gira em torno de R$ 990 por MWh, valor competitivo se comparado aos R$ 1.200 por MWh de geradores movidos a diesel em áreas remotas. Além disso, a energia nuclear nacional é uma das alternativas mais promissoras para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e atender às metas climáticas do Acordo de Paris.

Por serem fontes contínuas, os microrreatores complementam bem a geração solar e eólica, que são intermitentes. Essa combinação pode ampliar a resiliência do sistema elétrico nacional.

Inserção internacional e potencial exportador da tecnologia

Diferente de países que importam tecnologia nuclear, o Brasil busca uma abordagem própria e independente. O desenvolvimento dos microrreatores nucleares no Brasil é pensado desde o início para ser integralmente nacional, com domínio de todas as etapas, do projeto ao combustível.

Com isso, o país se posiciona de forma única no cenário internacional. Atualmente, poucas nações detêm capacidade plena para desenvolver reatores modulares autônomos, entre elas Estados Unidos, Rússia e China. Se alcançar seus objetivos, o Brasil poderá integrar esse seleto grupo, com possibilidade de exportar sua tecnologia para países em desenvolvimento da América Latina, África e Sudeste Asiático.

Essa estratégia de autonomia tecnológica é também uma forma de garantir segurança energética e reduzir vulnerabilidades geopolíticas. Ao apostar na energia nuclear nacional, o país abre caminho para novas parcerias, investimentos estrangeiros e fortalecimento de sua base industrial.

O que esperar dos próximos anos?

Com recursos garantidos, apoio governamental e forte envolvimento acadêmico, o Brasil está bem posicionado para consolidar sua liderança no setor de microrreatores nucleares. O sucesso do projeto pode abrir caminho para aplicações em larga escala, além de inspirar novos projetos de inovação na área de energia e defesa.

Nos próximos anos, estão previstos testes com protótipos em escala reduzida, montagem de unidade subcrítica, validações térmicas e início da produção de componentes críticos. A colaboração entre universidades com tecnologia nuclear, centros de pesquisa, a Marinha reator e o setor privado será decisiva para vencer os desafios técnicos e acelerar os avanços.

Caso atinja seus objetivos, o projeto transformará o Brasil em referência internacional, garantindo autonomia em um dos setores mais estratégicos da economia global. Os microrreatores nucleares no Brasil simbolizam não apenas inovação tecnológica, mas também uma aposta ousada em um futuro mais sustentável, seguro e soberano.

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Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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