Fim da tarifa reduzida ameaça exportações brasileiras; país da América do Sul prioriza elétricos e fortalece presença chinesa
Na última terça-feira (30), a Colômbia encerrou de forma unilateral o acordo automotivo com o Brasil. O tratado previa uma cota de 50 mil veículos com tarifa reduzida.
Agora, os carros brasileiros passam a pagar imposto de importação de 16%, o que encarece os preços no mercado colombiano. A decisão já provocou reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pediu ao Itamaraty para elevar o tom nas negociações com o governo de Gustavo Petro.
Impacto direto nas exportações brasileiras
A Colômbia é hoje o terceiro maior destino das exportações de veículos produzidos no Brasil, ficando atrás apenas da Argentina e do Chile.
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Por cerca de R$ 55 mil e com manutenção das mais baratas da categoria, esse modelo da Renault tem motor 1.6 de até 118 cv, consumo de 13 km/l e porta-malas de 320 litros; conheça o Renault Logan Authentique
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GWM Poer P30 chega ao Brasil com motor turbodiesel 2.4 de 184 cv, até 1.010 kg de carga, preços entre R$ 240 mil e R$ 260 mil e central multimídia gigante de 14,6
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Por volta de R$ 59 mil e com estilo aventureiro ainda valorizado, esse modelo da Ford tem motor 1.5 de até 137 cv, câmbio automático de 6 marchas, consumo médio de 12,5 km/l e central multimídia completa; conheça o Ford EcoSport SE
A perda da tarifa preferencial abre espaço para concorrentes internacionais. Montadoras chinesas, que já avançam rapidamente na América Latina, ganham vantagem significativa no mercado colombiano.
Segundo a jornalista Daniela Lima, do UOL, Lula avalia que a medida prejudica diretamente a indústria automotiva instalada no Brasil. O setor apostava nas exportações para compensar a estagnação do mercado interno, e agora teme queda no ritmo de produção e impacto sobre empregos.
Competição com carros elétricos chineses
O Guia do Carro aponta que a crise também revela escolhas equivocadas da política automotiva brasileira. Nos últimos anos, as montadoras tradicionais, por meio da Anfavea, barraram incentivos aos elétricos e defenderam a antecipação de impostos de importação sobre esses veículos.
Enquanto isso, tecnologias híbridas de baixo impacto ambiental receberam apoio governamental. Essa estratégia deixou o Brasil em desvantagem na corrida global pela eletrificação.
Sem o acordo, os veículos produzidos aqui chegam mais caros à Colômbia. Já os chineses oferecem preços competitivos e ampla variedade de SUVs híbridos e elétricos, beneficiados por políticas de incentivo à descarbonização adotadas pelo governo colombiano.
Diplomacia em campo e alternativas da indústria
O Itamaraty tenta reabrir as negociações, mas ainda não há perspectiva de um novo tratado.
Diante do cenário, as montadoras podem buscar alternativas. Entre elas estão redirecionar parte da produção para outros mercados ou absorver prejuízos para manter presença no mercado colombiano.
A disputa reforça a necessidade de o Brasil diversificar destinos de exportação. Também evidencia a importância de negociar melhores condições comerciais no setor automotivo internacional.
Produção local de elétricos: uma saída possível
Apesar da crise, surgem sinais de mudança. A BYD inicia em outubro a montagem do Dolphin Mini elétrico em Camaçari, na Bahia.
Ainda este ano, a GM deve começar a produzir o Chevrolet Spark EUV no Ceará, em regime SKD (veículo semidesmontado).
Se exportados para a Colômbia, esses modelos podem escapar da nova tarifa, já que entram em outra classificação.
Esses projetos mostram que a transição elétrica começa a ganhar corpo no Brasil. Porém, o avanço é tardio em relação a outros países.
O impasse com a Colômbia expõe fragilidades diplomáticas e a urgência de modernizar a política industrial brasileira para o setor automotivo.