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Estudo global expõe queda acelerada na confiança dos investidores no setor mineral brasileiro
O Brasil sofreu uma queda alarmante na percepção internacional sobre seu ambiente para investimentos em mineração. O dado consta no relatório Annual Survey of Mining Companies 2024, publicado em junho pelo Fraser Institute, renomado centro de pesquisa independente sediado no Canadá.
Conforme o estudo, o país caiu 27 posições no Índice de Atratividade de Investimento em apenas um ano, passando da 29ª posição em 2023 para a 56ª em 2024, entre 82 jurisdições avaliadas. Esse declínio expressivo acompanha uma queda de mais de 12 pontos no Índice de Percepção de Políticas, revelando uma piora significativa no ambiente regulatório, tributário e de segurança.
O alerta, portanto, não vem apenas de números, mas da percepção de quem decide onde aplicar bilhões em projetos minerários no mundo.
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Avaliação internacional revela recuo expressivo do Brasil
O Fraser Institute realiza anualmente desde 1997 uma das mais respeitadas pesquisas sobre mineração no planeta. Seu objetivo é mensurar como variáveis políticas e regulatórias afetam a decisão de empresas e investidores. O levantamento combina o potencial geológico de cada região com o ambiente legal e político, gerando indicadores estratégicos para governos e empresas.
Em 2024, o Brasil obteve 51,23 pontos no Investment Attractiveness Index, despencando 17,27 pontos em relação a 2023. Para efeito de comparação, em 2022 o país ocupava a 25ª posição, mostrando que a queda não foi pontual, mas parte de um processo contínuo de perda de competitividade.
Ao mesmo tempo, o Policy Perception Index do Brasil atingiu apenas 48,66 pontos em 2024, deixando o país na 53ª posição entre 82 avaliadas. Isso significa que a percepção sobre a estabilidade e previsibilidade das políticas públicas brasileiras deteriorou-se ainda mais, indicando desconfiança crescente por parte dos tomadores de decisão internacionais.
Transparência e segurança regulatória seguem como grandes entraves
O estudo detalha as principais preocupações apontadas pelos entrevistados com conhecimento específico sobre o Brasil. Entre os pontos que mais se agravaram, destaca-se a incerteza sobre a administração e aplicação das regulamentações existentes, que aumentou 29 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
Esse crescimento demonstra que os investidores veem falta de clareza e previsibilidade na forma como as regras são implementadas. Outro destaque negativo foi o regime tributário brasileiro, cuja complexidade e instabilidade geraram um aumento de 22 pontos percentuais nas preocupações.
O peso dos tributos, somado à insegurança jurídica sobre mudanças nas regras fiscais, afasta investimentos de longo prazo no setor. A segurança também foi um fator crítico, com aumento de 21 pontos percentuais na preocupação geral.
Embora o relatório não especifique se se trata de segurança física, jurídica ou operacional, o dado revela um sentimento de risco crescente entre os players globais.
Posição do Brasil se deteriora no cenário latino-americano
No contexto da América do Sul, o Brasil se posiciona entre os piores desempenhos da região. Está abaixo de países como Chile e Peru, que avançaram em atratividade ao melhorar seus ambientes legais e institucionais. Enquanto isso, a Guiana se destacou entre os dez países mais atrativos do mundo para a mineração, conforme a pesquisa de 2024.
Por outro lado, o Brasil supera apenas nações como Bolívia, Colômbia, Suriname e Equador, que continuam figurando entre os menos atrativos globalmente. Jurisdições como San Juan, na Argentina, também ganharam destaque positivo, enquanto o Brasil perdeu espaço em competitividade na comparação direta.
Sinais de alerta e caminho para reverter o cenário negativo
Segundo o Fraser Institute, a queda da atratividade do Brasil em 2024 é reflexo direto de políticas públicas vistas como ineficazes ou instáveis. Esse ambiente adverso representa risco para novos investimentos em pesquisa mineral e expansão da atividade mineradora, que é essencial para o crescimento econômico e a geração de empregos qualificados.
O alerta é reforçado por Luis Maurício Azevedo, presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral e Mineração (ABPM). Ele ressalta que o país precisa reagir com firmeza se quiser reconquistar a confiança internacional, destacando que os minerais críticos são estratégicos para o futuro energético e tecnológico.
Para mudar esse cenário, será necessário enfrentar com prioridade os seguintes pontos:
- Revisão do marco regulatório, com foco em estabilidade e clareza jurídica
- Simplificação do regime tributário, reduzindo custos e incertezas fiscais
- Aprimoramento da segurança jurídica e operacional, garantindo previsibilidade ao investidor
- Fortalecimento do diálogo entre setor público e privado, promovendo confiança mútua
Estagnação pode comprometer potencial mineral brasileiro
O Brasil é conhecido por sua imensa riqueza geológica. No entanto, de nada adianta o potencial se o ambiente institucional não acompanhar. A contínua queda nos rankings do Fraser Institute mostra que o país precisa urgentemente melhorar sua governança pública no setor mineral.
Caso contrário, a estagnação poderá comprometer o aproveitamento dos recursos estratégicos, além de prejudicar a transição energética e a competitividade nacional.
Por fim, vale destacar que o relatório não condena o Brasil à irrelevância, mas indica um caminho claro de correção. Se as reformas forem colocadas em prática, o país poderá retomar posições e voltar a figurar entre os destinos preferidos para investimento em mineração.
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