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Estes fatores explicam por que o Brasil nunca virou potência economia global: juros altos, baixa produtividade e dívida pública de 81%, Brasil perde espaço: gasta 10% do PIB com servidores e cresce só 1,6% ao ano

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 17/09/2025 às 23:25
Brasil teve 14 anos de crises, cresce só 1,6% e carrega dívida de 81% do PIB — veja por que ficou para trás
Brasil teve 14 anos de crises, cresce só 1,6% e carrega dívida de 81% do PIB — veja por que ficou para trás
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Especialistas revelam como crises, dívida de 81% do PIB, juros altos e baixa produtividade impediram o Brasil de se tornar uma potência mundial

Por que a economia brasileira não cresce como a de outros países? Essa pergunta parece assombrar tudo — as conversas no governo, as análises dos setores econômicos e até os bate-papos de esquina.

Crescer é o que gera empregos, o que aumenta a renda e o que tira as pessoas da pobreza. Sem crescimento, a roda trava. O problema é que o Brasil anda preso, estagnado, como se corresse com um elástico preso à cintura.

Nos últimos anos, alguns indicadores melhoraram. O desemprego caiu para níveis históricos. O emprego formal cresceu. A renda média subiu. E a extrema pobreza recuou.

Mas, basta olhar pela janela, e essa melhora parece ilusória. Violência, pobreza, comunidades inteiras sem acesso a serviços básicos. A realidade bate de frente com os números e escancara uma contradição incômoda.

É que o crescimento do Brasil, quando aparece, vem sempre em espasmos curtos e frágeis — e logo some.

Um histórico de voos curtos e quedas longas

Especialistas descrevem esse padrão como “voo de galinha”. O país cresce um pouco, por um tempo curto, e depois cai de novo.

Desde os anos 1980, essa montanha-russa virou rotina. Foram 26 anos de crescimento e 14 anos de crises no período. Quatorze. É um número impressionante. Outros países emergentes tiveram três, quatro crises, alguns nenhum.

A consequência é que o Brasil ficou para trás. Na última década, o PIB brasileiro avançou em média 1,6% ao ano. É menos do que o Chile e a Colômbia, e a metade do ritmo do Peru.

Enquanto isso, a China cresceu 6,4% e a Índia 7,2% ao ano. Quando a comparação pega um período mais longo — desde o início dos anos 2000 — o Brasil soma apenas 2,4% de média.

Em 1960, o PIB per capita brasileiro era quase o triplo do chinês. Hoje os chineses já são mais ricos do que os brasileiros. Isso resume o tamanho da diferença que se abriu.

As raízes do problema

Não existe uma única razão para esse atraso, mas um conjunto de entraves que se acumulam.

Um deles é o descontrole das contas públicas. O governo gasta mais do que arrecada e precisa tomar dinheiro emprestado constantemente. Desde 2014, o país entrou num déficit público crônico, que virou uma espécie de normalidade.

Esse buraco pressiona os juros para cima. Juros altos encarecem o crédito. Crédito caro trava os investimentos.

Enquanto Chile e México têm dívida pública em torno de 40% do PIB, e a Índia 56%, o Brasil carrega 81,2%. Essa carga sufoca o espaço de ação do Estado e mina a confiança de quem pensa em colocar dinheiro no país.

E confiança, na economia, vale ouro. Quando ela some, o capital foge.

Gastos que consomem e não devolvem

Outra parte do problema está na forma como o Estado gasta. Só em benefícios fiscais concedidos a setores organizados, o Brasil desembolsa 4% do PIB. É mais do que os 3% da Argentina e o dobro do que gastam Peru e Chile.

A folha de pagamento do funcionalismo também pesa: 10% do PIB, quase o dobro da Índia.

Com tanta despesa obrigatória, sobra pouco para investimento produtivo. A economia fica de baixa poupança, baixo investimento e, claro, baixo crescimento.

Para agravar, o país opera num modelo que muitos economistas chamam de “gastar e depois tributar”. Ou seja: primeiro o governo gasta, depois tenta arrecadar. Quando não dá certo, pega dinheiro emprestado.

Esse mecanismo cria uma bola de neve. Quanto mais o governo precisa pegar, mais os juros sobem. Quanto mais os juros sobem, mais o crescimento trava.

A sombra persistente da inflação

A inflação também pesa. Décadas de instabilidade deixaram cicatrizes profundas.

Mesmo quando os preços estão sob controle, a memória inflacionária assombra decisões. Basta uma surpresa negativa e o medo volta. Com medo, os agentes econômicos travam.

Os juros então sobem, o crédito seca, e o ciclo de paralisia se repete.

Especialistas dizem que não basta gastar menos — é preciso gastar melhor. Planejar, priorizar, medir resultados. Sem isso, cada real vira pouco.

Educação: o nó que não se desata

E aí vem talvez o gargalo mais visível: a educação.

O Brasil gasta com educação uma fatia do PIB parecida com a da Alemanha e até maior que a dos Estados Unidos, da Suíça e de vários emergentes que cresceram mais do que nós.

Só que os resultados aqui são fracos. Muito fracos. O país se industrializou dos anos 40 aos 60 com atraso educacional. Criou fábricas, mas não preparou gente. Até hoje não corrigiu isso.

Trabalhadores pouco qualificados recebem menos, têm baixa produtividade e produzem pouco valor. Isso puxa toda a economia para baixo.

Dados do Banco Mundial confirmam: o Brasil investe muito e colhe pouco. Os países asiáticos, por outro lado, mostraram que aplicar bem o dinheiro é tão importante quanto gastar. Eles cresceram porque foram eficientes. Nós não.

Produtividade baixa, inovação ausente

Essa baixa produtividade aparece no cenário global.

Coreia do Sul, China e Índia criaram gigantes multinacionais — Samsung, Hyundai, Huawei, TikTok — que conquistaram o planeta. O Brasil não criou nada parecido.

Com medo da concorrência, o país optou por se fechar. Criou barreiras, tarifas, regras, protecionismo. Produtos estrangeiros entram pouco, e os nossos também saem pouco.

Só que proteger demais gera acomodação. Sem competição, não há pressão por inovação.

Enquanto o mundo inteiro firma acordos comerciais e se integra, o Brasil fica isolado. O Mercosul anda devagar e não abre portas. E isso custa caro: mercados perdidos, tecnologia que não chega, produtividade que não cresce.

O custo de viver isolado

Essa estratégia de fechar-se ao mundo deixou marcas.

A indústria nacional não enfrenta concorrentes reais e, por isso, não melhora. Falta modernização. Faltam ganhos de escala. Faltam incentivos para inovar.

Com pouca exportação e pouca abertura para importados, a economia anda em círculos. O resultado é um mercado morno, caro e pouco competitivo.

Enquanto o resto do planeta disputa espaço, o Brasil observa da arquibancada.

Reformas como ponto de virada

Para romper esse ciclo, especialistas defendem reformas estruturais profundas.

A previdência passou por mudanças, mas ainda consome uma fatia enorme do orçamento. A reforma administrativa poderia reduzir gastos com pessoal e tornar o Estado mais leve.

Já a reforma tributária, recém-aprovada, promete simplificar regras, eliminar distorções e criar previsibilidade para os negócios. Se funcionar, pode melhorar o ambiente econômico e atrair novos investimentos.

Com contas equilibradas, os juros poderiam cair. Juros menores barateiam o crédito, aumentam os investimentos e criam empregos. É o início de um círculo virtuoso que o Brasil nunca conseguiu sustentar por muito tempo.

Educação como base do futuro

Mas mesmo com as reformas, nada funcionará se a educação continuar estagnada.

Sem mão de obra qualificada, não há inovação. Sem inovação, não há produtividade. Sem produtividade, não há crescimento.

Jovens precisam de formação técnica, científica e tecnológica para enfrentar os desafios do mercado. Só assim o país conseguirá competir com outros emergentes.

Países asiáticos mostraram que esse caminho funciona. Eles deram saltos de produtividade porque apostaram em educação de qualidade e aplicada ao desenvolvimento.

O Brasil precisa fazer o mesmo — gastar melhor, focar no que dá retorno, cobrar resultados. Só assim os investimentos se transformam em progresso real.

Um esforço coletivo e corajoso

Não existe solução mágica. Não há bala de prata. Será preciso coragem política, planejamento e esforço conjunto. Governo, empresários, investidores, sociedade civil e Judiciário terão que puxar na mesma direção.

Já estivemos em situações piores, é verdade. Mas ainda estamos longe do que poderíamos ser.

Se o país alinhar as contas, investir com eficiência e abrir-se ao mundo, pode enfim deixar para trás os voos de galinha e construir um crescimento verdadeiro — firme, contínuo e para todos.

O caminho é longo. Mas existe. E está esperando para ser trilhado.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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