Brasil deve atrair US$ 18,45 bilhões até 2029 em mineração de Terras Raras e se posicionar como potência global na nova economia verde.
Brasil acelera investimentos bilionários em Terras Raras e mira liderança mundial
O Brasil está cada vez mais próximo de entrar no mapa da nova economia global.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o país deve receber US$ 18,45 bilhões em investimentos no setor de minerais críticos, como as Terras Raras, até 2029.
Esses elementos, fundamentais para tecnologias verdes e eletrônicas, tornaram-se ativos estratégicos no centro da disputa econômica entre EUA e China.
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Além disso, o balanço trimestral do Ibram, divulgado nesta terça-feira (21), apontou um total de US$ 68,4 bilhões em projetos previstos para o próximo ciclo mineral, o que reforça a força da mineração na economia brasileira e o peso geopolítico do país no cenário internacional.
Terras Raras: o novo ouro da economia global
As Terras Raras — um conjunto de 17 elementos químicos usados em baterias, carros elétricos, celulares e painéis solares — estão no centro da corrida por investimentos estratégicos.
O Brasil detém a segunda maior reserva mundial, atrás apenas da China, e tem potencial para se tornar um dos principais fornecedores globais.
Para o presidente do Ibram, Raul Jungmann, o desafio é transformar o potencial mineral em riqueza de alto valor agregado.
“É importante que a gente não fique apenas nas extrações, mas a questão são as etapas seguintes. É preciso ter refino, o Brasil tem ambição de conseguir o controle dessas etapas, e por isso temos a perspectiva e não podemos abrir mão de agregar valor”, afirmou Jungmann.
O posicionamento reflete uma estratégia de longo prazo: deixar de ser apenas exportador de matéria-prima e avançar na industrialização da mineração, ampliando o impacto na economia e na cadeia tecnológica nacional.
Disputa global impulsiona investimentos no Brasil
A disputa comercial entre EUA e China está reposicionando o Brasil no centro da economia global.
O governo de Donald Trump critica o monopólio chinês nas Terras Raras e ameaça aumentar em 100% as tarifas sobre produtos de Pequim.
Diante disso, o Brasil surge como alternativa estratégica, capaz de suprir parte da demanda americana e fortalecer sua influência diplomática.
Segundo Fernando Azevedo, vice-presidente do Ibram, “quanto mais a tecnologia avança, mais se utilizam esses minerais”.
Por isso, os investimentos em mineração deixam de ser apenas econômicos e passam a ter peso geopolítico nas próximas décadas.
Minas Gerais lidera e puxa crescimento da mineração
O balanço do terceiro trimestre mostra que o setor mineral brasileiro segue em forte expansão. O faturamento chegou a R$ 76,2 bilhões, um crescimento de 34% em comparação ao mesmo período de 2024.
O destaque é Minas Gerais, que lidera o setor com 39% do faturamento total, equivalente a R$ 29,7 bilhões, seguido por Pará (35%) e Bahia (4%). O desempenho mineiro foi impulsionado pela alta de 27% na produção de minério de ferro, que respondeu por R$ 39,8 bilhões, ou metade do total nacional.
De acordo com Julio Nery, diretor de Assuntos Minerários do Ibram, o resultado foi favorecido pelo clima:
“Foi um período muito favorável para a produção, que é um período de seca. Isso favorece bastante as minas a céu aberto”, explicou.
Exportações e balança comercial fortalecem a economia
O setor de mineração seguiu em alta e, com isso, ampliou as exportações para 121 milhões de toneladas, uma alta de 6,2% frente a 2024.
Além disso, o valor exportado chegou a US$ 12,2 bilhões, sendo o minério de ferro responsável por 65%, o que reforça ainda mais a força do setor no comércio exterior.
Consequentemente, o saldo da balança mineral atingiu US$ 9,64 bilhões, o que corresponde a 62% do superávit nacional de US$ 15,67 bilhões.
Assim, o resultado confirma que a mineração continua essencial, pois sustenta o PIB, atrai capital estrangeiro e fortalece o papel do Brasil na economia global.
Futuro promissor para o Brasil na era dos minerais estratégicos
Com o avanço tecnológico e o crescimento da demanda por energias limpas, o mercado de Terras Raras tende a expandir rapidamente nos próximos anos.
Nesse cenário, o Brasil, com suas reservas abundantes e o plano de US$ 18,45 bilhões em investimentos, tem uma oportunidade histórica de liderar a mineração sustentável e consolidar sua força na economia global.
Enquanto isso, a corrida mundial pelos minerais críticos continua a ganhar velocidade, e o Brasil, ao que tudo indica, está pronto para chegar na frente.