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Brasil desenvolveu uma nova tecnologia em baterias de nióbio capaz de transformar a indústria de carros elétricos

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 09/09/2025 às 20:06
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Brasil lidera a inovação com baterias de nióbio, fruto da parceria VWCO e CBMM. Com recarga em até seis minutos, maior segurança e vida útil de 20 anos, essa tecnologia promete transformar o futuro dos carros elétricos

Poucos países no mundo possuem a chance de transformar uma matéria-prima em tecnologia estratégica como o Brasil tem hoje com o nióbio.

O elemento químico, identificado pelo símbolo Nb, é abundante em território brasileiro — cerca de 98% das reservas conhecidas estão aqui.

Isso coloca o país em uma posição única para não apenas exportar o mineral, mas também liderar um setor de alto valor agregado: o das baterias de nióbio, vistas como um divisor de águas para veículos elétricos e sistemas de armazenamento de energia.

O que é o nióbio e por que ele é tão especial

O nióbio foi descoberto em 1801 pelo químico inglês Charles Hatchett. Inicialmente chamado de colúmbio, o elemento recebeu seu nome definitivo décadas depois. Com número atômico 41 e massa de 92,9, ele apresenta características físicas e químicas que o tornam valioso em diferentes indústrias.

Sua principal aplicação tradicional está em ligas metálicas. Misturado ao aço, titânio ou cobre, aumenta a resistência mecânica e a durabilidade, sendo usado em gasodutos, turbinas de aeronaves, foguetes, dispositivos médicos e até equipamentos eletrônicos.

O nióbio possui várias propriedades vantajosas, incluindo alta condutividade térmica e elétrica, ductilidade, maleabilidade e resistência ao calor, desgaste e corrosão

Essa versatilidade já o tornava estratégico, mas sua relevância ganhou nova dimensão com a descoberta de que poderia ser aplicado no setor de energia.

O grande diferencial do nióbio está em suas propriedades: alta condutividade térmica e elétrica, maleabilidade, resistência ao calor, à corrosão e ao desgaste. Na prática, isso permite criar materiais mais fortes e inteligentes, capazes de suportar condições extremas.

Esses atributos explicam por que ele passou a ser estudado como alternativa para baterias de veículos elétricos.

A virada tecnológica: baterias de nióbio

A inovação brasileira nasceu da parceria entre a Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) e a CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração), referência mundial na extração e aplicação do nióbio.

O objetivo foi ousado: substituir o grafite, usado tradicionalmente nos ânodos das baterias de íon-lítio, pelo nióbio.

O resultado surpreendeu a indústria. As baterias de nióbio conseguem atingir carregamento total em até seis minutos, um tempo comparável ao abastecimento de um carro a combustão.

Esse avanço elimina uma das maiores barreiras dos veículos elétricos: a demora para recarregar.

Outro ponto de destaque é a vida útil. Estudos indicam que essas baterias podem alcançar até 10 mil ciclos de recarga e funcionar por quase 20 anos, superando largamente as baterias de íon-lítio, que costumam apresentar degradação significativa após alguns anos de uso.

O nióbio é usado em uma ampla variedade de aplicações, incluindo carros, turbinas de aeronaves, dispositivos de ressonância magnética, instrumentos de marca-passo, foguetes e componentes eletrônicos

Apesar de a densidade de energia ser menor — ou seja, a autonomia pode ser reduzida em relação às baterias de lítio convencionais —, a compensação vem no tempo recorde de recarga e na durabilidade.

Para que isso funcione plenamente, será necessária uma infraestrutura de carregamento dedicada, capaz de explorar todo o potencial dessa tecnologia.

Vantagens e desafios

As baterias de nióbio oferecem vantagens que vão além da rapidez. Uma delas é a segurança operacional. Diferentemente das baterias convencionais, elas não se degradam em temperaturas extremas e apresentam risco muito menor de incêndios.

Para a mobilidade elétrica, isso representa um salto de confiança tanto para consumidores quanto para montadoras.

Além disso, por serem mais resistentes e duráveis, reduzem custos de manutenção e substituição, impactando diretamente na economia de frotas de caminhões e ônibus elétricos.

Isso explica por que a VWCO foi pioneira em apostar nesse modelo: o transporte pesado exige baterias que suportem longos períodos de operação sem comprometer a performance.

O desafio, no entanto, está em ampliar a produção, reduzir custos e criar uma rede de carregamento rápido compatível.

Também será necessário vencer a barreira da autonomia reduzida em relação ao lítio, especialmente em veículos de passeio, onde a distância percorrida por carga é fator decisivo.

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O Brasil como protagonista do futuro energético

Ao transformar sua posição de detentor de reservas em líder tecnológico, o Brasil deixa de ser apenas fornecedor de matéria-prima.

Esse movimento abre espaço para exportar soluções de alta tecnologia em vez de apenas commodities, fortalecendo a cadeia produtiva nacional.

As baterias de nióbio representam não apenas uma inovação para o setor automotivo, mas também para sistemas de armazenamento de energia renovável, que exigem soluções duradouras e seguras.

Usinas solares e eólicas, por exemplo, poderiam ser equipadas com essa tecnologia, reduzindo custos e aumentando a confiabilidade.

O mundo observa com atenção o avanço brasileiro. Se os investimentos continuarem e a tecnologia alcançar escala industrial, as baterias de nióbio podem se consolidar como um dos principais marcos da transição energética.

Mais do que uma alternativa, representam a chance de o Brasil ocupar uma posição central em um dos setores mais estratégicos do século XXI.

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Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, baseado no Rio de Janeiro, especializado em temas militares, tecnologia, energia e geopolítica. Busco traduzir assuntos complexos em conteúdos acessíveis, com rigor jornalístico e foco no impacto social e econômico.

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