Especialista alerta que o Brasil pode enfrentar um colapso fiscal em 2027 caso não haja acordo entre os Três Poderes, em meio a debates sobre incentivos fiscais, aumento de impostos e alternativas de arrecadação.
As contas públicas do Brasil podem entrar em colapso em 2027 se não houver um entendimento entre os Três Poderes para restaurar o equilíbrio fiscal, avalia Rafael Furlanetti, presidente da Associação Nacional das Corretoras de Valores (Ancord) e sócio diretor institucional da XP.
Em entrevista ao CNN Money, do canal CNN Brasil, ele defendeu que a construção de um pacto amplo é condição para evitar a deterioração das finanças do Estado.
Alerta fiscal e pacto entre os poderes
Segundo Furlanetti, o momento exige cooperação explícita entre Judiciário, Executivo e Legislativo.
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Nas palavras dele, “todo mundo tem que dar sua contribuição: o Judiciário, Executivo, Legislativo. Está no momento de todo mundo abrir mão de parte para a construção de um todo”.
A fala mira, sobretudo, a revisão de incentivos fiscais e a coordenação entre poderes para conter pressões sobre o orçamento.
Ainda na entrevista, o dirigente da Ancord destacou que a participação da iniciativa privada não deve se limitar à defesa de interesses setoriais.
“Se a economia for bem, vai todo mundo ganhar. O empresário, o Executivo e, principalmente, o cidadão brasileiro”, afirmou.
Para ele, a busca por soluções precisa considerar o impacto macroeconômico e a sustentabilidade do gasto público.
Reação ao aumento do IOF
O debate ganhou força após o governo anunciar, no fim de maio, um aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A medida provocou reação imediata do mercado financeiro e de parlamentares, o que levou a equipe econômica a rever parte do pacote.
Furlanetti avalia que a controvérsia pode cumprir um papel útil ao catalisar discussões sobre eficiência do Estado e sobre fontes alternativas de arrecadação, sem depender exclusivamente de elevação de tributos.
Para o presidente da Ancord, confrontos desse tipo tendem a gerar propostas adicionais.
Ele resumiu a movimentação com a metáfora: “desse limão está se fazendo uma limonada na medida que outras soluções vão aparecendo, que o Congresso Nacional se mobiliza junto com o Executivo e tenta pautar reformas de curto, médio e longo prazo para o Brasil”.
A leitura é que, do embate político, emergem agendas de ajustes com diferentes horizontes.
Venda de excedente de petróleo como receita
Entre as alternativas citadas por Furlanetti está o leilão do excedente de petróleo como forma de reforçar o caixa público e aliviar a necessidade de novos impostos.
“Não é nenhuma ‘maracutaia fiscal’, está só leiloando o excedente”, disse, atribuindo a essa via um potencial de até R$ 20 bilhões em receita.
A ideia insere-se no conjunto de medidas para diversificar as fontes de financiamento do Estado e mitigar pressões sobre a carga tributária.
Embora não substitua reformas estruturais, a venda de excedentes é apontada como instrumento de curto prazo para atravessar um período de maior restrição fiscal.
Em paralelo, o especialista reitera que o país precisa avançar em medidas de eficiência do gasto, revisão de benefícios e simplificação de regras.
Impacto das eleições no debate fiscal
Enquanto o mercado pressiona por previsibilidade, o calendário eleitoral limita o espaço para votações sensíveis.
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, tem dito que eventuais ajustes no regime fiscal deverão ser discutidos após 2026, qualquer que seja o resultado das eleições presidenciais.
Isso porque o ambiente político na antevéspera do pleito dificulta a aprovação de medidas que gerem conflito no Congresso.
“A janela de oportunidade não é agora. Estamos na antevéspera de um processo eleitoral, e o Congresso não vai querer votar algo que seja de certa forma conflituoso”, afirmou.
Na avaliação de agentes econômicos, a definição de um roteiro crível para o período pós-eleitoral tende a reduzir incertezas.
Ainda assim, o alerta para 2027 coloca pressão sobre os Poderes para, ao menos, sinalizar consensos neste momento.
Papel da sociedade e do setor privado
Com o Congresso mais sensível ao humor dos eleitores em ano pré-eleitoral, interlocutores defendem negociações segmentadas para avançar no que for viável, como ajustes de incentivos e racionalização de despesas.
Furlanetti reforça que o setor privado também pode contribuir, abrindo mão de pleitos específicos quando isso travar soluções de maior alcance.
A aposta é que um pacto mínimo já seria capaz de reduzir a percepção de risco e de ancorar expectativas.
O especialista acrescenta que a sociedade tem papel relevante ao sustentar, junto aos representantes, a importância de reformas que proporcionem um Estado mais eficiente e capaz de entregar serviços de qualidade.
Ao levar essa mensagem aos parlamentares, avalia ele, torna-se mais provável construir maiorias para mudanças que, tradicionalmente, enfrentam resistência.
Impacto econômico da incerteza fiscal
A discussão sobre o equilíbrio das contas públicas transborda para a economia real.
Empresas precisam de previsibilidade para investir, planejar contratações e expandir capacidade.
Sem essa visibilidade, projetos ficam em compasso de espera, e o avanço do custo de financiamento encarece decisões de longo prazo.
Furlanetti argumenta que um acordo fiscal consistente — ainda que por etapas — tende a destravar investimentos e melhorar o ambiente de negócios.
Além da arrecadação, a qualidade do gasto aparece entre os pontos críticos.
A revisão de incentivos fiscais e a busca por eficiência em programas existentes, segundo economistas, podem aliviar pressões sem necessariamente impor novos impostos.
Para o presidente da Ancord, esse equilíbrio passa por escolhas transparentes e por um diálogo contínuo entre poderes, setor privado e sociedade.
Risco de colapso em 2027
Enquanto propostas são debatidas, o horizonte de 2027 opera como marco de risco.
Não se trata de uma previsão determinista, mas de um alerta sobre a trajetória das finanças se nada for feito em tempo hábil.
A lembrança de que “todo mundo tem que dar sua contribuição” funciona, nesse contexto, como convite à concertação.
O objetivo é impedir que a combinação de receitas insuficientes e despesas rígidas empurre o país para um cenário de desequilíbrio crítico.
O debate, portanto, não fica restrito a técnicos e investidores. Afeta o cotidiano de famílias, empresas e servidores públicos, que dependem de um Estado solvente para manter políticas e serviços.
As próximas decisões, afirma Furlanetti, indicarão se o país conseguirá equacionar a questão fiscal com medidas de curto prazo alinhadas a um plano de médio e longo prazos.
Diante desse quadro, uma pergunta permanece: o Brasil conseguirá firmar um acordo fiscal antes de 2027 para evitar o cenário de colapso apontado por especialistas?
Mercado sendo ”’o mercado”’ fazendo seu costumeiro ”’ terrorismo”’. Solução para o endividamento… leilão de excedente de petróleo, 20 bilhões, para uma divida de 7/8 trilhões. Selic a 15%, pagamos (dinheiro de nossos impostos) cerca de 1 trilhão juros/ano, pagos a quem??? Mercado financeiro. Não li na materia falarem sobre uma revisão na divida publica, cujo qualquer governo fica refem dessa extorsão feita pelo mercado.
Acho mesmo que o mercado deve cuidar melhor de seus clientes e deixar quem entende de finanças publicas cuidar disso.
Com relação a matéria, coloquem alguem para fazer um contra ponto sobre o assunto para os leitores terem uma melhor visão do assunto.
Eles o mercado e seus investidores, jamais falarão ao BC para diminuí a taxa Selic
Para ajudarem o País a crescer
Com a queda nos juros da Selic dos 15% para 10% ou até mesmo 8% ajudaria e muito essa discussão
Foi por isso que o governo anterior deu liberdade ao Banco Central
A de ferrar o governo e o Brasil