Especialistas alertam que celulares e computadores obsoletos, quando descartados de forma incorreta, podem liberar substâncias tóxicas e agravar riscos ambientais e sociais.
O Brasil ocupa a posição de quinto maior produtor mundial de lixo eletrônico, acumulando milhões de toneladas de resíduos que raramente recebem tratamento adequado. Celulares, computadores e eletrodomésticos descartados sem controle acabam em lixões, contaminando o solo e a água, e criando uma ameaça invisível à saúde da população.
De acordo com Marcos Vinícius Pereira, para o portal TechTudo, a ausência de políticas públicas eficazes e a baixa conscientização da sociedade tornam esse cenário ainda mais crítico, exigindo soluções estruturais que vão além da simples reciclagem.
O impacto do lixo eletrônico no Brasil
Relatórios internacionais apontam que o Brasil gera mais resíduos eletrônicos do que a maior parte dos países do mundo, mas coleta e reaproveita apenas uma fração.
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Grande parte desse material contém chumbo, mercúrio e outros metais pesados que, quando expostos ao meio ambiente, representam sérios riscos à saúde pública.
Segundo especialistas ouvidos pelo TechTudo, a questão não é apenas ambiental, mas também social.
Comunidades vulneráveis próximas a lixões ficam expostas a altos índices de contaminação, enquanto cadeias produtivas sustentáveis deixam de se consolidar por falta de estrutura e incentivo.
Economia circular como alternativa
Uma das principais soluções debatidas é a economia circular, modelo que propõe prolongar a vida útil dos produtos por meio de reparo, reuso e reaproveitamento.
Em vez de descartar rapidamente, os equipamentos devem ser projetados desde a fabricação para serem desmontados, reciclados e reinseridos no ciclo produtivo.
Para Karin Brüning, ambientalista citada pelo TechTudo, não basta apenas reciclar após o descarte: é necessário mudar a lógica de produção e consumo, repensando o design dos aparelhos e fortalecendo a logística reversa.
O papel das circular techs
Startups e empresas conhecidas como circular techs já atuam no Brasil conectando consumidores, fabricantes e recicladores.
Plataformas digitais permitem rastrear eletrônicos, separar componentes e ampliar o reaproveitamento, criando um ecossistema de inovação sustentável.
Marcus Oliveira, fundador da Circular Brain, defende que essas soluções precisam de escala nacional para gerar impacto real.
Segundo ele, o desafio é transformar iniciativas isoladas em um modelo que movimente toda a cadeia de valor, reduzindo custos para empresas e ampliando o acesso a tecnologias mais baratas para o consumidor.
Benefícios e desafios
A economia circular pode gerar empregos, movimentar bilhões de reais e democratizar o acesso a equipamentos de qualidade.
Além disso, reduz riscos à saúde pública, já que diminui a contaminação provocada pelo descarte incorreto.
Apesar disso, os obstáculos ainda são grandes. Falta infraestrutura de coleta em muitas cidades e campanhas de conscientização contínuas para engajar a população.
“Ainda prevalece a ideia de jogar no lixo comum”, alerta Brüning.
Caminhos internacionais e inspiração para o Brasil
A União Europeia é um exemplo de sucesso: fabricantes são obrigados a recolher parte dos produtos que colocam no mercado, criando uma rede sólida de reaproveitamento.
O Brasil pode se inspirar nesses modelos, adaptando-os à sua realidade, com foco em regulação, incentivos e fiscalização.
O papel do consumidor
A transformação não depende apenas de governos e empresas. O consumidor também tem responsabilidade direta nesse processo.
Doar aparelhos, optar por reparos ou entregá-los em pontos de coleta já ajuda a reduzir o impacto ambiental.
Aplicativos e plataformas digitais já permitem localizar pontos de descarte e até solicitar retirada em casa, tornando mais fácil o engajamento da sociedade.
O avanço do Brasil como maior produtor mundial de lixo eletrônico revela um problema que une meio ambiente, economia e saúde pública.
A economia circular surge como caminho viável, mas só ganhará força com engajamento coletivo e políticas eficazes.
E você, já deu destino correto a celulares ou computadores antigos? Acha que o consumidor brasileiro está preparado para assumir esse papel ou o peso deve recair sobre empresas e governo? Compartilhe sua opinião nos comentários.