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Brasil inicia 2024 com rombo histórico de R$ 2,9 bilhões nas estatais federais, além de uma dívida surpreendente de R$ 9,4 bilhões em comparação ao mesmo período do governo anterior

Escrito por Flavia Marinho
Publicado em 13/08/2024 às 10:45
governo - dívida - déficit - estatais
2024 inicia com acúmulo de dívida bilionária das estatais. De acordo com o Banco Central, ha uma diferença assombrosa de R$ 9,4 bilhões em comparação ao mesmo período  em 2022.

Governo inicia 2024 com acúmulo de dívida bilionária das estatais. De acordo com o Banco Central, há uma diferença assombrosa de R$ 9,4 bilhões em comparação ao mesmo período em 2022.

As estatais federais brasileiras enfrentam um assombroso déficit de R$ 2,9 bilhões registrado no primeiro semestre de 2024. Esse número representa um aumento expressivo em relação ao mesmo período do ano anterior, quando o saldo negativo foi de R$ 1,6 bilhão. A situação atual destaca as dificuldades do governo em administrar as finanças dessas empresas, especialmente em um cenário econômico complexo e em constante mudança.

Segundo dados do Banco Central, a deterioração fiscal das estatais federais se torna ainda mais preocupante quando comparada aos resultados de 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro. Naquela época, as contas dessas empresas apresentaram um superávit de R$ 6,5 bilhões, um contraste gritante com a situação atual. Essa diferença de R$ 9,4 bilhões em apenas dois anos reforça a magnitude dos desafios enfrentados pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva em sua gestão.

Leia o infográfico abaixo com o resultado das principais estatais federais de janeiro a maio de 2024:

Relatório Bimestral de Receitas e Despesas de 2024, aponta para um saldo negativo de R$ 4,2 bilhões.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas, excluindo o pagamento dos juros da dívida. Embora o governo tenha estabelecido uma meta fiscal de déficit primário de R$ 7,3 bilhões para 2024, a projeção mais recente, conforme o terceiro Relatório Bimestral de Receitas e Despesas de 2024, aponta para um saldo negativo de R$ 4,2 bilhões. Essa diferença ocorre após a dedução das despesas com os investimentos do Novo PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento.

Entretanto, é essencial notar que os números apresentados não incluem empresas do grupo Petrobras e bancos estatais, que estão fora da meta fiscal. Essa exclusão destaca um cenário ainda mais desafiador para as estatais federais.

A trajetória dos resultados primários das estatais federais ao longo dos anos mostra um desempenho oscilante. Desde 2002, houve períodos de superávit, mas os déficits têm se tornado mais frequentes. Este histórico levanta questões sobre a sustentabilidade da gestão pública no longo prazo, especialmente sob diferentes administrações.

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Eficiência e a responsabilidade fiscal devem prevalecer na gestão das estatais e gestão precária do Governo atual tem contribuído para o aumento do déficit

Fabio Pina, assessor econômico da Fecomercio-SP, destaca que o déficit está inserido em um contexto maior de resultados fiscais. Ele discorda de economistas que justificam o rombo pela “função social” dos gastos públicos. Segundo Pina, a eficiência e a responsabilidade fiscal devem prevalecer na gestão das estatais, sob pena de comprometer o bem-estar social a longo prazo.

Por outro lado, a busca pelo equilíbrio fiscal, de acordo com Pina, pode trazer melhorias evidentes na gestão das empresas públicas. Quando os recursos são administrados de forma eficiente, o impacto positivo na sociedade é inegável, e o governo consegue reduzir os gastos com juros, que representam a maior parte do déficit nominal.

Essa opinião é corroborada por Ecio Costa, economista e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ele reforça que os dados mostram uma piora na administração das estatais sob diferentes governos, com destaque para o desempenho positivo do governo anterior. Costa argumenta que a gestão precária atual tem contribuído para o aumento do déficit.

Entre as principais estatais, o déficit primário alcançou R$ 3,2 bilhões entre janeiro e maio de 2024, conforme o terceiro Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas. Criada para viabilizar o processo de privatização da Eletrobras, a ENBPar, por exemplo, apresentou um superávit de R$ 385,2 milhões no período. Esse resultado positivo destaca a importância de uma gestão eficiente mesmo em meio a desafios econômicos.

Correios, Serpro, Hemobrás, ENBPar, Dataprev registraram déficits bilionários até maio de 2024

Por outro lado, sete das principais empresas estatais registraram déficits até maio de 2024. Os Correios, por exemplo, enfrentaram um rombo de R$ 1,5 bilhão, com uma piora de quase R$ 900 milhões em relação ao mesmo período de 2023. A Emgepron, responsável por projetos navais, também teve um saldo negativo expressivo de R$ 651,3 milhões.

Esses dados evidenciam a necessidade de reformas estruturais na gestão das estatais. Embora os resultados consolidados das empresas estatais mostrem um déficit significativo no primeiro semestre de 2024, quando analisados individualmente, os números revelam uma situação preocupante para muitas dessas empresas, que lutam para manter sua sustentabilidade financeira.

Em resposta às críticas, algumas estatais se manifestaram. Correios, Dataprev, ENBPar, Hemobrás e Serpro encaminharam notas ao Poder360, defendendo suas gestões e explicando os fatores que contribuíram para os resultados negativos. Essas manifestações, embora relevantes, não dissipam as preocupações sobre a saúde financeira das estatais federais.

O Ministério da Gestão e Inovação, em nota oficial, negou que os resultados representem um “rombo”. Segundo o ministério, a lógica orçamentária das estatais é diferente da do orçamento fiscal geral do governo. O déficit registrado reflete, em grande parte, um aumento nos investimentos a longo prazo, que, segundo o governo, serão benéficos para o futuro das empresas.

Os Correios, por exemplo, destacaram que possuem “reserva de caixa” e que não necessitam de aportes do governo. A empresa também mencionou que medidas de redução de despesas estão em curso e que os indicadores tendem a melhorar ao longo do ano.

A Dataprev atribuiu seu déficit ao maior volume de saídas de caixa no primeiro semestre de 2024, além de uma queda no faturamento dos clientes e no pagamento de dividendos. A empresa está confiante de que essas questões serão equilibradas nos próximos meses.

A ENBPar, por sua vez, enfatizou seu compromisso com a eficiência na gestão e mencionou que continuará investindo em inovação, sustentabilidade e eficiência operacional. A empresa está determinada a superar os desafios e a garantir valor aos seus acionistas e à sociedade.

A Hemobrás, que registrou um lucro operacional recorrente nos últimos anos, atribuiu o déficit primário ao grande volume de investimentos realizados em 2024. A empresa ressaltou que, apesar do resultado negativo, continua comprometida com sua missão e espera uma recuperação nos próximos meses.

Por fim, o Serpro destacou que a sazonalidade das receitas e despesas impacta o resultado financeiro no primeiro semestre. A expectativa é de que o segundo semestre traga um superávit primário de R$ 200 milhões, equilibrando as contas até o final do ano.

O déficit de R$ 2,9 bilhões registrado pelas estatais federais no primeiro semestre de 2024 é um alerta claro para o governo. A continuidade desse cenário pode comprometer ainda mais a situação fiscal do país. Portanto, é essencial que o governo adote medidas eficazes para garantir a saúde financeira das estatais e, por conseguinte, o equilíbrio das contas públicas.

Fonte: poder360

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Flavia Marinho

Flavia Marinho é Engenheira pós-graduada, com vasta experiência na indústria de construção naval onshore e offshore. Nos últimos anos, tem se dedicado a escrever artigos para sites de notícias nas áreas da indústria, petróleo e gás, energia, construção naval, geopolítica, empregos e cursos. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal.

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