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Brasil fora do Swift? Como rumores sobre Trump “desligar o país” do sistema internacional de pagamentos reacenderam debate sobre sanções e poder dos EUA

Escrito por Felipe Alves da Silva
Publicado em 16/08/2025 às 10:47
Logotipo do Swift em globo digital cercado por bandeiras dos EUA, Brasil e China.
“Sem Swift, pagamentos internacionais ficam mais lentos e caros, mas não inviabilizados.” Imagem: IA
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Boatos sobre possível exclusão do Brasil do sistema Swift circulam na internet, mas especialistas lembram que apenas Irã e Rússia já sofreram tal sanção e em cenários de ameaça global

O debate sobre a possibilidade de Donald Trump desligar o Brasil do Swift, principal sistema internacional de pagamentos, ganhou força nas redes sociais após especulações políticas recentes. No entanto, a medida seria de difícil execução, já que o mecanismo é regido por normas internacionais e não pertence aos Estados Unidos.

Swift — sigla para Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication — tem sede em Bruxelas e funciona sob as leis da Bélgica. Criado em 1973, o sistema movimenta diariamente mais de 53 milhões de operações entre bancos do mundo inteiro, garantindo agilidade e padronização nas transações internacionais.

Embora os Estados Unidos tenham forte influência na entidade, graças ao peso de sua economia e maior número de representantes na gestão, o Swift se define como uma estrutura cooperativa global de caráter neutro. Isso significa que nenhuma autoridade isolada, nem mesmo o presidente americano, tem poder para decidir unilateralmente sobre exclusões.

Apenas Irã e Rússia foram desligados do Swift

Desde a fundação do sistema, apenas dois países enfrentaram a suspensão de acesso: Irã e Rússia. O Irã foi desligado duas vezes, em 2012 e 2018, devido a descumprimentos relacionados ao programa nuclear. Já a Rússia sofreu o corte em 2022, após a invasão da Ucrânia, em decisão tomada em conjunto por aliados ocidentais.

No caso brasileiro, para que houvesse uma sanção dessa magnitude, seria necessário que o país fosse reconhecido como ameaça ao sistema internacional, algo que nem os maiores críticos internos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva consideram plausível.

Conforme lembrou reportagem publicada pela GZH, nem mesmo Donald Trump, conhecido por posições duras em política externa, chegou a sugerir a exclusão do Brasil, considerada pelos especialistas uma hipótese sem fundamentos.

Consequências de um possível desligamento

Caso um país seja excluído, seus bancos encontram enormes dificuldades para realizar pagamentos internacionais. Isso não inviabiliza o comércio, mas aumenta custos e atrasa operações financeiras, tornando transações menos competitivas no mercado global.

A Rússia, mesmo após a exclusão, manteve-se ativa no comércio internacional. Para contornar as restrições, desenvolveu o Sistema de Transferência de Mensagens Financeiras e passou a usar o CIPS, ferramenta chinesa equivalente ao Swift.

Nesse cenário, especialistas alertam que o Brasil poderia acelerar aproximações estratégicas com a China, fortalecendo sistemas alternativos de pagamentos. O tema, inclusive, foi levantado por jornalistas a Trump em entrevista recente.

A posição dos Estados Unidos e o impacto no Brasil

A dependência mundial do Swift ainda é grande, mas alternativas têm ganhado espaço. O crescimento do sistema chinês CIPS é visto como um desafio direto à supremacia do dólar no comércio internacional, criando tensões entre Washington e Pequim.

Trump, ao ser questionado sobre uma eventual sanção contra o Brasil, evitou declarações diretas. Analistas destacam que medidas unilaterais poderiam enfraquecer a própria posição dos EUA, abrindo margem para expansão de sistemas concorrentes.

Apesar das especulações, não há indícios concretos de que o Brasil esteja sob risco imediato de sanções desse tipo. A circulação de informações falsas ou exageradas nas redes sociais tem alimentado o debate em torno de ameaças que, até o momento, não se sustentam em fatos.

Neutralidade do Swift e contexto político

O estatuto do Swift reforça o compromisso de neutralidade, uma proteção para que o sistema não se torne instrumento político de governos específicos. A experiência recente com a Rússia mostrou que sanções desse porte exigem decisões multilaterais e consenso internacional.

Para o Brasil, ser alvo de uma medida desse tipo exigiria um cenário de ruptura diplomática e reconhecimento global de que o país representa perigo à ordem mundial, algo inexistente até agora.

Assim, embora o desligamento do Swift seja um cenário grave e de alto impacto, ele segue distante da realidade brasileira. As especulações reforçam mais o ambiente de disputa política interna do que uma ameaça real ao sistema financeiro do país.

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Felipe Alves da Silva

Profissional com formação militar pelo Exército Brasileiro e experiência em gestão administrativa e logística no setor industrial. Escreve sobre defesa, segurança, geopolítica, indústria automotiva, ciência e tecnologia. Sugestões de pauta: fa06279@gmail.com

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