Com as segundas maiores reservas de terras raras no Brasil, o país tem a chance de quebrar o monopólio chinês e se tornar um fornecedor estratégico para a indústria de alta tecnologia mundial.
O Brasil está sentado sobre um tesouro que pode redefinir seu papel na economia global: as reservas de terras raras no Brasil. Essenciais para a fabricação de tudo, desde iPhones e carros elétricos até turbinas eólicas e mísseis, esses 17 elementos químicos são o “petróleo” do século XXI. E o Brasil, com cerca de 21 milhões de toneladas, detém a segunda maior reserva do planeta, atrás apenas da China.
No entanto, o país enfrenta um paradoxo: apesar de seu imenso potencial, produz menos de 1% do total global, enquanto a China domina mais de 70% da produção e quase 90% do refino. Em um cenário de crescente tensão geopolítica, onde o Ocidente busca desesperadamente diversificar suas fontes, as reservas de terras raras no Brasil se tornam uma oportunidade estratégica sem precedentes para o desenvolvimento econômico e a soberania tecnológica.
O mapa do tesouro: onde estão as terras raras no Brasil?
As reservas de terras raras no Brasil estão concentradas principalmente em complexos de rochas alcalinas e depósitos de argila, que são mais fáceis e menos prejudiciais ao meio ambiente de se minerar. Segundo dados da Agência Nacional de Mineração (ANM) e do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM), os principais depósitos estão em:
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Minas Gerais: O estado é o epicentro das terras raras no país, com destaque para Araxá, onde os elementos estão associados aos ricos depósitos de nióbio, e Poços de Caldas, com argilas iônicas de alto valor.
Goiás: A cidade de Minaçu abriga o projeto da Serra Verde, a primeira e única mina de terras raras em escala comercial do Brasil.
Amazonas: A região de Pitinga também possui depósitos significativos.
A corrida global e o domínio chinês
A urgência em desenvolver as reservas de terras raras no Brasil é impulsionada por um fator geopolítico: o domínio esmagador da China. O país asiático não apenas detém as maiores reservas, mas controla toda a cadeia produtiva, desde a mineração até o processamento e a fabricação de ímãs de alto desempenho.
Essa dependência se tornou um ponto de vulnerabilidade para o Ocidente, que agora busca ativamente parceiros estratégicos para diversificar o fornecimento. E é aí que o Brasil entra como um dos players mais promissores.
Quem está explorando as terras raras no Brasil?
A exploração das reservas de terras raras no Brasil finalmente está saindo do papel, impulsionada por empresas nacionais e estrangeiras.
Serra Verde Mineração (Goiás): Em novembro de 2024, a empresa iniciou a produção comercial em Minaçu, um marco histórico para o setor no país. Com foco em uma operação sustentável, a mina tem capacidade para produzir 5.000 toneladas de concentrados por ano.
CBMM (Minas Gerais): A líder mundial em nióbio, em Araxá, já produz terras raras como um subproduto de sua operação principal e anunciou planos de expansão.
Meteoric Resources (Austrália): A empresa australiana está desenvolvendo o Projeto Caldeira, em Poços de Caldas, utilizando uma técnica de mineração de baixo impacto ambiental chamada lixiviação in-situ, com planos de iniciar a produção em 2026.
O desafio: ir além da extração
O grande desafio para o Brasil não é apenas extrair, mas agregar valor. Historicamente, o país se contentou em exportar o minério bruto, deixando o lucrativo processo de refino e fabricação de produtos de alta tecnologia para a China.
Para que as reservas de terras raras no Brasil se transformem em riqueza real, é crucial investir em tecnologia para o processamento dos elementos e na criação de uma indústria nacional de ímãs e outros componentes. O governo, através de iniciativas como o Plano Decenal de Pesquisa de Recursos Minerais (PlanGeo), já começou a mapear novas áreas e a incentivar o setor, mas o caminho para a industrialização ainda é longo e exige investimentos massivos.
E você, o que acha? O Brasil conseguirá aproveitar a oportunidade de suas reservas de terras raras no Brasil para se tornar um líder na tecnologia do futuro ou continuará sendo um mero exportador de matéria-prima? Deixe sua opinião nos comentários!