Relatório da UBS aponta: Brasil tem 433 mil milionários e lidera a América Latina, ocupando a 19ª posição mundial em número de pessoas com mais de US$ 1 milhão.
Um dado chama atenção no recém-divulgado Global Wealth Report 2025, elaborado pelo banco suíço UBS: o Brasil é o país com mais milionários da América Latina, com cerca de 433 mil pessoas com patrimônio líquido superior a US$ 1 milhão. O estudo avaliou a distribuição da riqueza em 56 países, que juntos representam mais de 90% do patrimônio global. No ranking mundial, o Brasil aparece em 19º lugar, à frente de todas as nações latino-americanas e atrás apenas das maiores economias do planeta.
Esse número revela não apenas a força econômica do país na região, mas também expõe contrastes marcantes: enquanto o Brasil concentra centenas de milhares de milionários, ainda convive com índices de pobreza que afetam milhões de famílias.
Como é calculado o número de milionários
O levantamento da UBS considera como milionários aqueles com patrimônio líquido acima de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,6 milhões na cotação atual).
-
Toyota fecha acordo coletivo com vale-alimentação dobrado, aumento real em 2026 e mais benefícios sociais para trabalhadores
-
Entenda por que, mesmo com pressão do BRICS, será quase impossível substituir o dólar tão cedo, e como se tornou a principal moeda do mundo
-
Ponte de quase R$ 400 milhões no Brasil vai ligar cidades, gerar empregos e tem data para ficar pronta
-
“Gás do Povo” em xeque? Especialistas alertam que aprovação da venda fracionada pode inviabilizar programa e ampliar riscos ao setor
Esse cálculo inclui:
- Ativos financeiros: investimentos, ações, aplicações bancárias.
- Ativos não financeiros: imóveis, terrenos, bens de alto valor.
- Descontos de dívidas: empréstimos, financiamentos e obrigações pessoais.
Ou seja, não basta ter um imóvel de luxo ou aplicações milionárias. O patrimônio líquido é calculado pelo saldo final entre bens e dívidas.
O Brasil na liderança da América Latina
Na América Latina, nenhum outro país se aproxima dos números brasileiros. México, Chile e Argentina somam cifras bem menores.
Segundo a UBS, o Brasil responde por quase metade de todos os milionários da região, consolidando-se como o mercado mais atrativo para bancos privados, gestoras de fortunas e empresas de consultoria financeira.
Esse crescimento também está ligado à valorização de ativos nos últimos anos, especialmente em setores como:
- Agronegócio: quebrou recordes de exportação de soja, milho e carnes.
- Energia e mineração: petróleo, gás e minério de ferro tiveram alta de preços internacionais.
- Mercado financeiro: o Brasil manteve taxa de juros altas, atraindo capital estrangeiro para renda fixa e impulsionando fortunas financeiras.
Crescimento tímido, mas constante
Entre 2023 e 2024, o número de milionários no Brasil cresceu cerca de 1,6%, segundo a UBS. Embora o avanço seja modesto em relação a outros mercados emergentes, ele reflete a resiliência da economia brasileira em meio a um cenário global de inflação e instabilidade geopolítica.
Especialistas apontam que o fortalecimento do real frente ao dólar e a performance de setores exportadores ajudaram a sustentar esse crescimento.
A desigualdade segue como marca brasileira
O mesmo relatório que aponta o Brasil como líder em milionários também reforça um contraste incômodo: o país figura entre os mais desiguais do mundo.
Enquanto 433 mil pessoas concentram fortunas bilionárias, o IBGE mostra que milhões de brasileiros vivem com renda mensal inferior a dois salários mínimos.
Essa disparidade se explica, em parte, pela concentração patrimonial: imóveis de alto valor, grandes áreas de terra e ativos financeiros estão restritos a uma pequena parcela da população.
Comparação global
No ranking global de milionários, os Estados Unidos seguem na liderança absoluta, com mais de 22 milhões de pessoas acima de US$ 1 milhão em patrimônio. Em seguida aparecem China, Japão, Alemanha e Reino Unido.
O Brasil, em 19º lugar, ocupa posição intermediária: é relevante no cenário internacional, mas ainda distante dos gigantes.
Mesmo assim, dentro da América Latina, o país é imbatível. A soma de milionários de todos os vizinhos não alcança os números brasileiros.
O que explica essa concentração de riqueza
Economistas destacam alguns fatores que impulsionam a criação de milionários no Brasil:
Expansão do agronegócio: produtores e tradings agrícolas acumularam fortunas com exportações recordes.
Investimentos financeiros: famílias de alta renda se beneficiaram de juros elevados e valorização da Bolsa.
Mercado imobiliário: valorização de imóveis em grandes centros como São Paulo, Rio e Brasília.
Dólar alto: quem possui ativos no exterior viu o patrimônio crescer em reais.
Perspectivas para os próximos anos
A UBS projeta que o número de milionários no Brasil deve continuar crescendo até 2029, mas em ritmo moderado, alinhado ao crescimento da economia e ao comportamento do mercado global.
O relatório também alerta para os riscos: instabilidade política, pressões fiscais e flutuações do câmbio podem impactar diretamente a formação de novas fortunas.
Ainda assim, o Brasil tende a manter sua liderança regional, consolidando-se como o principal polo de riqueza da América Latina.
Mais milionários, mas também mais desafios
O dado de que o Brasil tem 433 mil milionários ajuda a dimensionar o potencial econômico do país, mas também coloca em evidência a necessidade de políticas que reduzam a desigualdade.
A riqueza está crescendo, mas não chega a todos. E esse contraste é um dos maiores desafios para o futuro: conciliar crescimento patrimonial com inclusão social.
O Brasil é, ao mesmo tempo, o país com mais milionários da América Latina e um dos mais desiguais do mundo. Um paradoxo que exige reflexão e ação.