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Brasil e Mercosul assinam acordo de livre comércio com quatro países europeus e abrem acesso a um mercado de 290 milhões de consumidores e PIB trilionário

Escrito por Noel Budeguer
Publicado em 17/09/2025 às 08:24
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O Mercosul assinou acordo de livre comércio com a Efta, bloco de quatro países europeus (Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein), criando mercado de 290 milhões de pessoas e PIB de US$ 4,39 tri

O Mercosul deu um passo importante em sua estratégia de integração global ao assinar, nesta terça-feira (16), um acordo de livre comércio com a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta), bloco que reúne Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein.

A parceria, firmada no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, abre um mercado de 290 milhões de pessoas e um Produto Interno Bruto (PIB) conjunto de US$ 4,39 trilhões — valor superior a R$ 23 trilhões em 2024.

Acordo estratégico além da União Europeia

Enquanto as negociações com os 27 países da União Europeia seguem em análise, a nova aliança demonstra a busca do Mercosul por alternativas que reduzam barreiras comerciais.

A negociação com a Efta começou em 2017 e foi concluída em junho de 2025, em Buenos Aires, durante a presidência argentina do bloco sul-americano.

Atualmente, o Mercosul conta com Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia como membros plenos, além de Venezuela (suspensa) e países associados como Chile, Colômbia, Peru e outros.

A assinatura ocorre em um momento de tensões no comércio internacional, marcadas pelo aumento de tarifas imposto pelo governo dos Estados Unidos sob Donald Trump.

Na cerimônia de assinatura do acordo Mercosul-Efta, Geraldo Alckmin afirmou que o tratado comprova ser possível fortalecer o multilateralismo e o livre comércio – Foto: Júlio César Silva/MDIC

Defesa do multilateralismo

Na cerimônia, o vice-presidente Geraldo Alckmin classificou o acordo como um “grande e importante passo”, destacando seus impactos sociais e econômicos.

Ele ressaltou que o comércio pode gerar empregos, renda, inovação e integração produtiva, além de impulsionar cadeias industriais em um cenário de incertezas globais.

Já o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, lembrou que as negociações só avançaram graças à “persistência e ao espírito de cooperação” entre os dois blocos.

Ele destacou que a assinatura reforça a defesa do comércio internacional baseado em regras, em oposição às políticas protecionistas.

Representantes europeus também celebraram a parceria. A ministra da Noruega Cecile Myrseth afirmou que o acordo envia uma “mensagem clara de cooperação em tempos de incerteza”, enquanto o ministro da Islândia Logi Már Einarsson ressaltou sua crença no comércio regulado como caminho para o progresso.

Impactos econômicos e ambientais

Com o tratado, a Efta eliminará 100% das tarifas de importação nos setores industrial e pesqueiro, abrindo espaço para maior competitividade dos produtos do Mercosul.

Além disso, setores agrícolas estratégicos como carnes, milho, soja, frutas e sucos terão novas oportunidades nos mercados europeus.

O acordo, no entanto, também prevê reciprocidade: os países sul-americanos terão de abrir espaço para produtos da Efta, embora existam salvaguardas para proteger setores considerados sensíveis.

Outro ponto inovador é a inclusão de cláusulas ambientais. Empresas de serviços digitais, por exemplo, só terão benefícios se seus países utilizarem ao menos 67% de energia limpa em sua matriz elétrica.

Para Mauro Vieira, o compromisso é um marco de sustentabilidade e ganha ainda mais relevância às vésperas da COP30, que será realizada em Belém.

Próximos passos e negociações em andamento

O acordo ainda não entra em vigor imediatamente. Cada país terá de cumprir processos internos de ratificação, como a aprovação no Congresso Nacional no caso do Brasil.

Segundo nota conjunta dos ministérios das Relações Exteriores, da Agricultura e do Desenvolvimento, o governo brasileiro também está empenhado em ampliar sua rede de acordos.

Entre as prioridades estão negociações com os Emirados Árabes Unidos, a retomada do diálogo com o Canadá e a expansão de parcerias já firmadas com México e Índia.

União Europeia ainda em pauta

Apesar da assinatura com a Efta, as atenções continuam voltadas para o aguardado acordo Mercosul-União Europeia, discutido há 25 anos e com termos acertados em 2024.

O texto foi encaminhado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ao Parlamento europeu em setembro, mas ainda precisa de aprovação por maioria qualificada dos Estados-membros.

Enquanto Alemanha e Espanha apoiam a parceria, a França resiste, alegando preocupações ambientais e proteção ao setor agrícola.

O presidente Lula rebateu, afirmando que Paris adota uma postura protecionista em relação aos seus interesses internos.

Caso aprovado, o tratado Mercosul-UE criará um mercado de mais de 700 milhões de pessoas, representando 26% do PIB global — e poderá reposicionar a América do Sul como protagonista no comércio internacional.

As informações deste artigo foram baseadas em dados e declarações oficiais divulgados pela agenciabrasil.ebc.com.br.

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Noel Budeguer

Sou jornalista argentino, baseado no Rio de Janeiro, especializado em temas militares, tecnologia, energia e geopolítica. Busco traduzir assuntos complexos em conteúdos acessíveis, com rigor jornalístico e foco no impacto social e econômico.

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