O Mercosul assinou acordo de livre comércio com a Efta, bloco de quatro países europeus (Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein), criando mercado de 290 milhões de pessoas e PIB de US$ 4,39 tri
O Mercosul deu um passo importante em sua estratégia de integração global ao assinar, nesta terça-feira (16), um acordo de livre comércio com a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta), bloco que reúne Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein.
A parceria, firmada no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, abre um mercado de 290 milhões de pessoas e um Produto Interno Bruto (PIB) conjunto de US$ 4,39 trilhões — valor superior a R$ 23 trilhões em 2024.
Acordo estratégico além da União Europeia
Enquanto as negociações com os 27 países da União Europeia seguem em análise, a nova aliança demonstra a busca do Mercosul por alternativas que reduzam barreiras comerciais.
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A negociação com a Efta começou em 2017 e foi concluída em junho de 2025, em Buenos Aires, durante a presidência argentina do bloco sul-americano.
Atualmente, o Mercosul conta com Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia como membros plenos, além de Venezuela (suspensa) e países associados como Chile, Colômbia, Peru e outros.
A assinatura ocorre em um momento de tensões no comércio internacional, marcadas pelo aumento de tarifas imposto pelo governo dos Estados Unidos sob Donald Trump.
Defesa do multilateralismo
Na cerimônia, o vice-presidente Geraldo Alckmin classificou o acordo como um “grande e importante passo”, destacando seus impactos sociais e econômicos.
Ele ressaltou que o comércio pode gerar empregos, renda, inovação e integração produtiva, além de impulsionar cadeias industriais em um cenário de incertezas globais.
Já o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, lembrou que as negociações só avançaram graças à “persistência e ao espírito de cooperação” entre os dois blocos.
Ele destacou que a assinatura reforça a defesa do comércio internacional baseado em regras, em oposição às políticas protecionistas.
Representantes europeus também celebraram a parceria. A ministra da Noruega Cecile Myrseth afirmou que o acordo envia uma “mensagem clara de cooperação em tempos de incerteza”, enquanto o ministro da Islândia Logi Már Einarsson ressaltou sua crença no comércio regulado como caminho para o progresso.
Impactos econômicos e ambientais
Com o tratado, a Efta eliminará 100% das tarifas de importação nos setores industrial e pesqueiro, abrindo espaço para maior competitividade dos produtos do Mercosul.
Além disso, setores agrícolas estratégicos como carnes, milho, soja, frutas e sucos terão novas oportunidades nos mercados europeus.
O acordo, no entanto, também prevê reciprocidade: os países sul-americanos terão de abrir espaço para produtos da Efta, embora existam salvaguardas para proteger setores considerados sensíveis.
Outro ponto inovador é a inclusão de cláusulas ambientais. Empresas de serviços digitais, por exemplo, só terão benefícios se seus países utilizarem ao menos 67% de energia limpa em sua matriz elétrica.
Para Mauro Vieira, o compromisso é um marco de sustentabilidade e ganha ainda mais relevância às vésperas da COP30, que será realizada em Belém.
Próximos passos e negociações em andamento
O acordo ainda não entra em vigor imediatamente. Cada país terá de cumprir processos internos de ratificação, como a aprovação no Congresso Nacional no caso do Brasil.
Segundo nota conjunta dos ministérios das Relações Exteriores, da Agricultura e do Desenvolvimento, o governo brasileiro também está empenhado em ampliar sua rede de acordos.
Entre as prioridades estão negociações com os Emirados Árabes Unidos, a retomada do diálogo com o Canadá e a expansão de parcerias já firmadas com México e Índia.
União Europeia ainda em pauta
Apesar da assinatura com a Efta, as atenções continuam voltadas para o aguardado acordo Mercosul-União Europeia, discutido há 25 anos e com termos acertados em 2024.
O texto foi encaminhado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ao Parlamento europeu em setembro, mas ainda precisa de aprovação por maioria qualificada dos Estados-membros.
Enquanto Alemanha e Espanha apoiam a parceria, a França resiste, alegando preocupações ambientais e proteção ao setor agrícola.
O presidente Lula rebateu, afirmando que Paris adota uma postura protecionista em relação aos seus interesses internos.
Caso aprovado, o tratado Mercosul-UE criará um mercado de mais de 700 milhões de pessoas, representando 26% do PIB global — e poderá reposicionar a América do Sul como protagonista no comércio internacional.
As informações deste artigo foram baseadas em dados e declarações oficiais divulgados pela agenciabrasil.ebc.com.br.