Mesmo sendo líder em carnes, o Brasil produz apenas metade do trigo que consome e importa cerca de 6,8 milhões de toneladas, aponta Secex.
O Brasil ocupa posição de destaque no mercado global de carnes. Em 2024, foram exportadas 2,3 milhões de toneladas de carne bovina, gerando receita superior a US$ 10 bilhões, segundo dados da Abrafrigo. A carne de frango alcançou mais de 5 milhões de toneladas exportadas, consolidando o Brasil como o maior exportador mundial. Já a carne suína registrou mais de 1,1 milhão de toneladas embarcadas, com forte presença no mercado asiático.
Esses números consolidam o país como um dos maiores fornecedores de proteína animal no comércio internacional, com impacto relevante na balança comercial.
Produção e consumo de trigo no Brasil
O consumo anual de trigo no Brasil gira em torno de 12 a 13 milhões de toneladas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
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A produção interna, concentrada principalmente no Paraná e no Rio Grande do Sul, varia entre 6 e 7 milhões de toneladas, o que gera um déficit de aproximadamente 5 a 6 milhões de toneladas por ano.
Esse déficit é suprido por importações registradas pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), que apontou que, entre agosto de 2024 e julho de 2025, o Brasil importou 6,8 milhões de toneladas de trigo.
Origem das importações de trigo
A maior parte do trigo importado pelo Brasil vem de países vizinhos do Mercosul:
- Argentina: responsável por mais de 80% do fornecimento.
- Paraguai e Uruguai: fornecedores complementares.
- Estados Unidos e Canadá: participam em volumes menores, principalmente em momentos de quebra de safra argentina.
Essa concentração regional mostra que o Brasil depende fortemente da Argentina para equilibrar sua demanda interna de trigo.
Impacto das importações no abastecimento
As importações representam cerca de 45% do trigo consumido no Brasil, segundo os dados mais recentes da Secex. Esse percentual varia conforme o desempenho das safras nacionais, que podem ser afetadas por fatores climáticos, como geadas no Sul do país.
Esse quadro torna o Brasil um dos maiores importadores globais de trigo, mesmo sendo uma potência agrícola em outras culturas, como soja e milho.
Perspectivas para o cultivo de trigo no Brasil
Projetos de pesquisa liderados pela Embrapa têm buscado expandir a produção de trigo em novas áreas, como o Cerrado. Variedades adaptadas ao clima tropical e tecnologias de irrigação podem ampliar a área plantada, reduzindo parcialmente a dependência de importações.
Entretanto, especialistas apontam que o país dificilmente alcançará autossuficiência plena no cereal, devido às limitações climáticas em grande parte do território nacional.
Balança comercial agrícola brasileira
Enquanto o Brasil registra superávits bilionários com exportações de carnes, soja, milho e minério de ferro, mantém déficits em produtos específicos, como o trigo. Essa dinâmica reforça o papel das importações como elemento essencial para garantir o abastecimento interno.
De acordo com a Secex, em 2024 o Brasil exportou quase 200 milhões de toneladas de soja e milho, ao mesmo tempo em que precisou importar 6,8 milhões de toneladas de trigo para atender ao consumo nacional.