Brasil e China estão perto de fechar uma parceria bilionária. Com pressões internas e temores pela indústria nacional, será essa a decisão certa?
O Brasil se encontra em uma encruzilhada estratégica e geopolítica.
Uma possível parceria bilionária com a China, envolvendo a adesão à Nova Rota da Seda, está prestes a ser definida, enquanto interesses políticos e econômicos disputam o rumo dessa negociação.
Com um anúncio iminente na visita do presidente chinês Xi Jinping, em novembro, o governo brasileiro trabalha para equilibrar interesses conflitantes.
- Ferrovia Transoceânica: o projeto de R$ 581 bilhões que pode transformar o comércio global, mas enfrenta grandes desafios
- Peixes da Amazônia, criada no governo do PT e inaugurado por Lula, vai à falência, deixa rombo de R$ 70 milhões e prejudica mais de 2 MIL famílias que dependem do local
- Preço do Bitcoin a US$ 1.000.000? Alguns entusiastas especulam ousadamente que ele pode atingir o marco em breve
- Delegados da Polícia Federal alertam: cortes no governo Lula podem paralisar a PF e agravar o combate ao crime organizado no Brasil
No centro das discussões, está a Nova Rota da Seda, uma iniciativa ambiciosa da China para expandir suas relações comerciais por meio de investimentos em infraestrutura e energia em países parceiros.
No Brasil, a possível adesão ao projeto tem dividido opiniões dentro do governo.
De acordo com informações do jornal Folha de São Paulo nesta sexta-feira (18), a ala política, liderada pelo ministro Rui Costa (Casa Civil) e com apoio da ex-presidente Dilma Rousseff, que hoje comanda o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) em Xangai, defende abertamente a parceria.
A ex-presidente, inclusive, participou de discussões importantes sobre o tema.
Enquanto a parte política vê na Nova Rota da Seda uma oportunidade para financiar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ampliar a infraestrutura e impulsionar a competitividade do Brasil, a ala econômica demonstra maior cautela.
Conforme informações da Folha de São Paulo, economistas do governo e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acreditam que o acordo com a China deve incluir mecanismos de proteção para a indústria nacional e transferência de tecnologia, evitando que o setor industrial brasileiro seja prejudicado por uma abertura excessiva aos produtos chineses.
O dilema econômico e político
Para avançar nessas negociações, o ministro Rui Costa já viajou à China com uma delegação brasileira no dia 13 de outubro, com o objetivo de ajustar os detalhes finais dessa possível adesão à Nova Rota da Seda.
A visita de Xi Jinping ao Brasil, que está prevista para acontecer logo após a cúpula do G20 no Rio de Janeiro, pode ser o momento de oficializar essa importante parceria.
Por outro lado, a resistência de setores da economia brasileira preocupa os negociadores.
Segundo o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, há uma grande preocupação entre os industriais com o possível impacto de um acordo que favoreça mais a China do que o Brasil.
Esse setor teme que o acordo aumente a desigualdade nas condições comerciais entre empresas brasileiras e chinesas, ampliando a dependência de produtos importados e fragilizando ainda mais a indústria nacional.
O papel da ex-presidente Dilma Rousseff
Dilma Rousseff, uma das maiores defensoras da adesão do Brasil à Nova Rota da Seda, está sendo vista como uma figura-chave no processo.
Segundo interlocutores ouvidos pela Folha de São Paulo, ela tem usado sua posição à frente do NDB para ressaltar as vantagens da parceria com a China, argumentando que o Brasil deve aproveitar todas as oportunidades disponíveis.
A ex-presidente participou recentemente de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros ministros do governo, como Fernando Haddad e Mauro Vieira (Relações Exteriores), onde o tema foi amplamente discutido.
Durante essa reunião, foi reforçada a necessidade de avaliar com cautela as implicações de um acordo com os chineses, especialmente no que diz respeito à proteção do setor industrial brasileiro.
Os detalhes da Nova Rota da Seda e o impacto no Brasil
A Nova Rota da Seda, cujo nome oficial é Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI), é uma agenda chinesa que já resultou em mais de US$ 2 trilhões em contratos ao redor do mundo.
Esse plano busca expandir as relações comerciais da China, construindo portos, ferrovias, aeroportos e parques industriais em vários países.
O Brasil, no entanto, é um dos poucos países da América Latina que ainda não aderiu à iniciativa.
Durante a visita de Lula a Pequim no ano passado, o governo brasileiro foi pressionado a tomar uma posição sobre o tema, mas preferiu aguardar.
Agora, com a aproximação da visita oficial de Xi Jinping ao Brasil, há uma crescente expectativa de que o governo finalmente decida entrar no projeto.
Conforme apurou a Folha de São Paulo, o governo brasileiro acredita que a parceria com a China pode ser uma via de mão dupla, oferecendo oportunidades de cooperação em áreas como saúde, semicondutores, satélites e agricultura.
Interesses geopolíticos em jogo
Além dos aspectos econômicos, o acordo com a China também traz implicações geopolíticas importantes.
Conforme destacou Celso Amorim, assessor especial da presidência para assuntos internacionais, o Brasil deve se posicionar estrategicamente no contexto global, reforçando parcerias tanto com a China quanto com potências ocidentais, em busca de um mundo multipolar.
Amorim defende que essa nova parceria estratégica pode fortalecer o papel do Brasil em negociações bilaterais, como as tratativas de um possível acordo de paz para o conflito entre Rússia e Ucrânia.
O futuro das negociações
A hesitação em fechar um acordo rapidamente se deve ao receio de que a adesão à Nova Rota da Seda possa gerar dependências econômicas excessivas e desequilíbrios comerciais.
Membros da equipe econômica defendem que a parceria seja feita com cautela, garantindo que o Brasil não perca sua autonomia em negociações comerciais futuras.
Segundo a Folha de São Paulo, o vice-presidente Geraldo Alckmin também ressaltou que o Brasil precisa analisar cuidadosamente seus interesses antes de tomar qualquer decisão.
Ele afirmou, em entrevista recente, que “comércio é reciprocidade”, indicando que o governo buscará garantias de benefícios mútuos no acordo com os chineses.
O que você acha dessa nova parceria entre Brasil e China? A indústria brasileira corre o risco de ser prejudicada, ou esse é o caminho certo para o desenvolvimento do país? Deixe sua opinião nos comentários!