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Brasil e China discutem acordo para internet via satélite, visando reduzir a dependência da Starlink, após crises entre Musk e autoridades brasileiras

Escrito por Rafaela Fabris
Publicado em 04/11/2024 às 22:08
Brasil e China discutem acordo para internet via satélite, visando reduzir a dependência da Starlink, após crises entre Musk e autoridades brasileiras
Plano do Brasil e China (Imagem: Reprodução)

Os governos do Brasil e da China negociam um memorando de entendimento, buscando reduzir a dependência brasileira da Starlink de Elon Musk, empresa que hoje lidera o mercado de internet via satélite no país com 45,9% de participação. Segundo Hermano Barros Tercius, secretário de telecomunicações do Ministério das Comunicações, as conversas já avançam entre autoridades e representantes da SpaceSail, empresa privada chinesa de satélites.

A ideia é oficializar os primeiros passos dessa parceria durante a visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao Brasil, prevista para o dia 20 de novembro. Se o memorando for assinado, ele marcará o início de uma colaboração técnica entre os dois países para estabelecer a SpaceSail no mercado brasileiro, onde a Starlink de Elon Musk se consolidou rapidamente.

Espaço no mercado para Brasil e China

A Starlink, que já responde por quase metade do mercado de internet via satélite, tornou-se uma opção crucial para comunidades em áreas remotas, como a Amazônia, e para setores estratégicos, incluindo a Marinha e plataformas da Petrobras.

Contudo, após atritos entre Musk e o Supremo Tribunal Federal (STF) em agosto deste ano, surgiram questionamentos sobre a dependência do Brasil na infraestrutura da Starlink de Elon Musk. Em resposta, o Brasil iniciou negociações com novos fornecedores, com destaque para a SpaceSail, que opera com satélites de órbita baixa LEO (Low Earth Orbit), semelhantes aos da Starlink.

A crise com Musk, que se intensificou com a suspensão temporária da plataforma X (antigo Twitter) no Brasil, parece ter aberto caminho para o plano de Brasil e China fortalecerem a presença de novos competidores no setor de internet via satélite.

Durante os conflitos, a Starlink chegou a ter suas contas bloqueadas por ordem do STF devido ao não pagamento de multas. Embora o serviço tenha sido restabelecido, o episódio revelou a vulnerabilidade brasileira frente à Starlink de Elon Musk.

Apoio da Telebras e alternativas estratégicas

Uma possibilidade discutida entre os dois países envolve o uso da infraestrutura brasileira no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão. Segundo Tercius, a proposta feita à SpaceSail permitiria que a empresa chinesa utilizasse a base para lançar parte de seus satélites, o que aceleraria o cronograma da constelação de satélites da companhia.

Além disso, o governo brasileiro vê a Telebras como potencial parceira para distribuir o sinal da SpaceSail, atendendo escolas e instalações governamentais em áreas de difícil acesso.

A SpaceSail planeja expandir sua frota de satélites de 18 para 15 mil até 2030, visando competir diretamente com a constelação de cerca de 6 mil satélites da Starlink. Essa expansão, segundo especialistas, beneficiaria tanto o setor privado quanto o público, oferecendo uma alternativa à Starlink de Elon Musk.

Importância da concorrência e ações futuras

Para o diretor de tecnologia da Sage Networks, Thiago Ayub, a entrada de novos players como a SpaceSail é essencial para a saúde do mercado brasileiro. “Com um serviço vital como internet via satélite, é fundamental evitar monopólios e promover uma concorrência que resulte em preços melhores e mais acessibilidade,” afirmou Ayub.

O governo chinês, por sua vez, vê na expansão da infraestrutura de internet via satélite uma prioridade estratégica, apoiada pela Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma. Com isso, o plano de Brasil e China se desenha como um movimento estratégico que pode, se consolidado, modificar o cenário da internet via satélite no Brasil, abrindo espaço para que outros competidores quebrem o domínio da Starlink de Elon Musk.

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Rafaela Fabris

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