Brasil e China avançam em protocolo para certificar carne e soja. Acordo prevê integração de sistemas, selos de sustentabilidade e novas oportunidades comerciais
O Brasil e China estão negociando um protocolo bilateral que poderá mudar o padrão das exportações brasileiras de carne e soja. A proposta, revelada pela Folha de S.Paulo, envolve certificação ambiental e rastreabilidade, com reconhecimento mútuo entre os dois países.
A medida busca facilitar o comércio, agregar valor aos produtos e reduzir barreiras não tarifárias, num momento em que a China reforça exigências de sustentabilidade para fornecedores. O plano foi discutido em missão oficial do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) ao país asiático e pode abrir espaço para novos acordos no agronegócio.
O que está em jogo no protocolo bilateral
A iniciativa pretende alinhar metodologias para medir emissões, uso de solo, manejo ambiental e bem-estar animal. Certificados brasileiros, como Carne Carbono Neutro (CCN) e Carne Baixo Carbono (CBC), desenvolvidos pela Embrapa, passariam a ser aceitos oficialmente pelas autoridades e empresas chinesas.
-
China engasga: fábricas fecham, desemprego juvenil perto de 19 por cento, guerra tarifária dos EUA aperta e Brasil se prepara para o impacto nas exportações
-
Governo aprova leilão inédito de campos do pré-sal e projeta arrecadação de R$ 14,8 bilhões para os cofres públicos
-
4 mil já perderam o emprego! Indústria que gera cerca de R$ 200 bilhões e emprega quase 3 milhões de pessoas sofre com o tarifaço de Trump
-
FMM libera R$ 1,7 bi para 188 embarcações e promete 10 mil empregos, impulsionando hidrovias e cortando custos no Amazonas
A soja também está no centro das discussões. Programas como Selo ABC+ e Soja Plus podem ser incluídos, garantindo que grãos e derivados atendam aos critérios ambientais chineses. O protocolo prevê ainda integração de sistemas digitais, uso de QR codes com dados ambientais e compartilhamento de bases de dados entre os dois países.
Impacto comercial e posicionamento no mercado
Em 2024, a China respondeu por 51,3% das exportações de carne bovina do Brasil. Após o tarifaço americano de 50% sobre produtos brasileiros, a participação chinesa subiu para 57% em julho de 2025, enquanto os EUA caíram para 4,7%.
Essa dependência reforça a importância de atender às novas exigências de rastreabilidade ambiental.
Segundo fontes do Mapa, a adesão ao protocolo pode ampliar a competitividade brasileira e antecipar padrões regulatórios que provavelmente se tornarão obrigatórios nos próximos anos.
Para o setor, isso significa manter acesso privilegiado ao maior mercado consumidor de proteína e soja do mundo.
Quem participa das negociações
A missão brasileira à China incluiu representantes do Mapa, Embrapa e ApexBrasil, além de reuniões com órgãos como o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China e a Academia Chinesa de Ciências Agrárias. Empresas como Syngenta China, Tencent e a estatal Cofco Meat Investment demonstraram interesse em parcerias de fornecimento com certificação sustentável.
O próximo passo é a visita técnica de autoridades chinesas ao Brasil ainda este ano, para avaliar de perto tecnologias e sistemas de rastreabilidade já usados por produtores e frigoríficos.
Possíveis entraves e investigações em andamento
Apesar do avanço, o cenário não é isento de riscos. A China mantém desde dezembro de 2024 uma investigação de salvaguarda sobre importações de carne bovina, alegando possível prejuízo à indústria local. O prazo foi prorrogado até 26 de novembro de 2025, e, caso haja confirmação de dano, medidas como tarifas extras ou cotas poderão ser aplicadas.
Por enquanto, as regras atuais permanecem, mas especialistas alertam que qualquer decisão restritiva poderá impactar as exportações brasileiras mesmo com o protocolo bilateral em andamento.
E você? Acredita que esse acordo entre Brasil e China vai fortalecer o agronegócio ou aumentar a dependência do mercado chinês? Deixe sua opinião nos comentários.