Iniciativa JAQ, com Itaipu Parquetec e Grupo Náutica, promete transformar a navegação com propulsão a hidrogênio verde, colocando o país na vanguarda de uma era mais limpa e silenciosa nos mares com demonstração na COP30.
O Brasil está prestes a dar um salto rumo ao futuro da navegação! Uma tecnologia pioneira para barcos movidos a hidrogênio verde está em pleno desenvolvimento no país. O projeto JAQ, uma colaboração entre o Grupo Náutica e o Itaipu Parquetec, não só coloca o Brasil na liderança dessa inovação, como também apresentará seu modelo revolucionário ao mundo durante a COP30. Prepare-se para uma nova era nos mares, mais limpa e silenciosa.
A discussão sobre o futuro do hidrogênio na navegação foi tema central em uma entrevista conduzida por Marcio Dottori no Estúdio Náutica. Nela, o professor Irineu Colombo, diretor-superintendente da Itaipu Parquetec, e Daniel Cantane, gerente do Centro Hidrogênio Verde Itaipu Parquetec, compartilharam suas perspectivas. “Está todo mundo atrás do desenvolvimento tecnológico do hidrogênio. Na questão dos barcos, juntos com a NÁUTICA, somos pioneiros”, revelou Colombo.
Inovação e expertise em energia limpa
Para entender a relevância da avaliação, é crucial conhecer o Itaipu Parquetec. A instituição é o braço tecnológico da Itaipu Binacional. Esta, por sua vez, é a terceira maior usina hidrelétrica do mundo, situada na fronteira entre Brasil e Paraguai. Sendo binacional, é regida pelos dois governos. A usina produz energia limpa e renovável a partir do rio Paraná. “É a maior geradora de energia limpa do mundo”, afirmou o professor Colombo.
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O Itaipu Parquetec foi instituído em 2003. Seu objetivo é fomentar novas tecnologias e apresentar soluções. Atende tanto à Itaipu Binacional quanto a outras empresas, como a JAQ Hidrogênio Verde, divisão do Grupo Náutica. Colombo descreve o Parquetec como um ambiente de inovação. Ele integra universidade, pesquisadores e centros de inovação, como o Centro Hidrogênio Verde Itaipu Parquetec, gerido por Daniel Cantane. “Nós desenvolvemos soluções, criamos novas empresas, apresentamos vários projetos”, explica Colombo.
Um vetor energético versátil para embarcações
Daniel Cantane explica que o hidrogênio é um vetor energético versátil. Ele pode ser usado diretamente como combustível. Também serve como insumo para a produção de outros itens na indústria química. “Ele pode produzir desde outros tipos de combustíveis até a produção de plástico, fertilizante, aço e outros elementos”, detalha Cantane.
No contexto de barcos, o hidrogênio oferece múltiplas possibilidades. Pode alimentar geradores para a hotelaria da embarcação e sistemas de navegabilidade. Além disso, pode ser usado diretamente nos propulsores do barco. Colombo complementa, prevendo que em cerca de quatro anos, os barcos navegarão sem o barulho dos motores a combustão. Isso será possível pela propulsão elétrica movida por células a combustível. Nesse sistema, o hidrogênio é processado na célula, que separa os elétrons e gera energia para o motor elétrico. O único subproduto liberado é vapor d’água. “Esse é o nosso sonho. Realizaremos diversos testes tecnológicos e teremos custos — por isso, buscamos parceiros que queiram embarcar conosco nessa jornada de inovação”, ressalta o professor.
Pioneirismo brasileiro com hidrogênio verde na COP30
O Projeto JAQ é a materialização desse avanço. A primeira embarcação movida a hidrogênio verde do projeto será apresentada na COP30. Conforme detalha Colombo, ela contará com um sistema híbrido. Este sistema combinará óleo diesel com a injeção de hidrogênio.
Com essa tecnologia, o impacto ambiental será drasticamente reduzido. “Estimamos uma emissão de apenas 3% a 7%, em comparação aos 100% gerados pelo uso exclusivo do diesel”, aponta Colombo. O resíduo gerado pelo sistema é apenas água. Isso contribui para a preservação dos corais e oferece ganhos ambientais significativos. O Projeto JAQ é liderado pelo Itaipu Parquetec, referência na produção de combustível sustentável no Brasil, e coordenado por Colombo. Conta com a parceria da JAQ Hidrogênio Verde, divisão do Grupo Náutica. Envolve duas embarcações: Explorer H1 e Explorer H2. O projeto tem ainda o apoio da GWM, empresa chinesa que fornece sua tecnologia para o desenvolvimento do hidrogênio verde.
Impactos e potencial do hidrogênio
Para Cantane, experimentos tecnológicos como o Projeto JAQ resultam em novas possibilidades, diretas ou indiretas. “Você pode usar parte desse know-how das tecnologias embarcadas para explorar plataformas de petróleo, por exemplo, como a energia eólica offshore”, ressalta. “Com certeza o resultado desse projeto vai trazer novas possibilidades, não só na embarcação, mas fora dali”, complementa.
Colombo vislumbra alternativas de uso do hidrogênio na indústria química e automobilística, desde carros até caminhões. “Nosso objetivo é chamar a atenção de governos e empresas para o potencial desse projeto. Queremos atrair investimentos que tornem essa iniciativa viável e lucrativa”, aponta o professor.
Com informações: Náutica.