O SENAI-RN e a DOIS A Engenharia lançaram edital para atrair investidores ao primeiro projeto de energia eólica offshore do Brasil, que será instalado em Areia Branca (RN) e promete revolucionar o setor de energias renováveis.
Durante o Brazil Windpower, maior evento de energia eólica da América Latina, realizado em São Paulo, o SENAI-RN, por meio do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), e a empresa DOIS A Engenharia e Tecnologia anunciaram o edital multiclientes do primeiro projeto de energia eólica offshore do Brasil.
O empreendimento, inédito no país, será instalado no mar de Areia Branca, no Rio Grande do Norte — a 330 quilômetros da capital, Natal — e tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento tecnológico e a formação de uma cadeia produtiva nacional no setor de energia eólica em alto-mar.
Com licença prévia concedida pelo Ibama, a planta-piloto se tornará um marco na transição energética brasileira, abrindo caminho para investimentos e inovações adaptadas às condições marítimas do país.
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Edital busca investidores para viabilizar a primeira turbina eólica offshore brasileira
O diretor do SENAI-RN e do ISI-ER, Rodrigo Mello, destacou durante o evento que o projeto “deixou de ser apenas uma ideia, um sonho. Estamos falando de algo concreto, que existe. Nós temos a licença em mãos e estamos em fase final de análise jurídica do edital para reunir parceiros que irão trabalhar conosco para desenvolver a primeira turbina para o mar do Brasil.”
A publicação do edital representa, segundo Mello, o “dia zero” para que empresas interessadas analisem as condições de participação e manifestem formalmente seu interesse em integrar o projeto. Os contratos deverão ser assinados até dezembro deste ano, com o início das atividades previsto para abril de 2026.
O modelo adotado segue o formato Joint Industry Project (JIP) — uma cooperação industrial que reunirá o SENAI-RN, a DOIS A Engenharia e empresas investidoras. A proposta busca o desenvolvimento conjunto de tecnologias nacionais, especialmente soluções de construção e logística voltadas à instalação de aerogeradores em águas rasas, de até 70 metros de profundidade.
Foco em inovação e nacionalização tecnológica
De acordo com Rodrigo Mello, o Brasil possui uma das melhores qualidades de vento do mundo, o que garante uma vantagem competitiva significativa no cenário global. No entanto, o desafio é transformar esse potencial em capacidade industrial própria.
“Precisamos desenvolver soluções locais para instalação do setor. O contexto não é apenas validar as ótimas condições de potencial eólico que temos, mas também criar tecnologias adequadas à realidade brasileira, com logística eficiente e conteúdo nacional”, explicou o diretor.
Na primeira etapa do projeto, serão investidos cerca de R$ 42 milhões em estudos de engenharia, análises de produção e validação técnica. O investimento será compartilhado entre os parceiros, que dividirão riscos e conhecimento. Essa fase deverá durar entre 16 e 18 meses após a assinatura dos contratos.
A segunda etapa envolverá a engenharia final, com atividades de construção, montagem, comissionamento e testes.
Participação de empresas e desenvolvimento conjunto
Empresas interessadas em integrar o Arranjo Cooperativo Multilateral podem se inscrever a partir de 28 de novembro, por meio da Plataforma Inovação para a Indústria (https://plataforma.editaldeinovacao.com.br).
O anúncio do edital contou com a presença de nomes importantes do setor, como Sérgio Azevedo, CEO da DOIS A Engenharia; Nelson Faria, diretor técnico da empresa; e Víctor de Dios Castillo, diretor de Offshore da espanhola Esteyco — companhia que cedeu o modelo de tecnologia a ser utilizado no Brasil.
Também participaram Antonio Medeiros, coordenador de P&D do ISI-ER; Luciano Bezerra, pesquisador-líder do laboratório de Energia Eólica; e Mariana Torres, responsável pelos estudos ambientais e socioeconômicos da planta-piloto.
O projeto licenciado pelo Ibama prevê a instalação de dois aerogeradores com potência total de 24,5 megawatts (MW), a 4,5 km do Porto-Ilha de Areia Branca, principal ponto de escoamento do sal produzido no país. A escolha do local foi estratégica: águas rasas, afastadas de áreas de pesca e recifes de coral.
A planta-piloto terá função de sítio de testes em condições reais de operação, permitindo o desenvolvimento e validação de tecnologias para futuras expansões da energia eólica offshore no Brasil. A expectativa é que a operação se inicie em até 36 meses após a formalização dos contratos.
Tecnologia espanhola adaptada ao litoral brasileiro
O sistema de instalação seguirá um modelo criado pela empresa espanhola Esteyco, licenciado pela DOIS A Engenharia. O método permite montar as torres totalmente em terra, transportando-as ao mar com rebocadores — sem necessidade de navios de grande porte, caros e escassos no mercado global.
Essa técnica reduz custos logísticos e acelera o processo de instalação.
O objetivo é nacionalizar a tecnologia, desenvolvendo no Brasil versões personalizadas dos principais componentes. Entre eles:
- Fundações do tipo gravity-base, que se apoiam sobre o leito marinho sem perfuração;
- Torres telescópicas de concreto pré-moldado, que dispensam guindastes de grande porte e podem ser erguidas diretamente no local;
- Sistemas flutuantes auxiliares, usados para estabilizar as estruturas durante o transporte e instalação.
Essa adaptação representa um avanço para que o país reduza a dependência de embarcações estrangeiras e fortaleça a indústria nacional.

 
                         
                        
                                                     
                         
                         
                         
                        

 
                     
         
         
         
         
         
         
         
         
        
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