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Brasil cresce na rota da exportação de petróleo do pré-sal, mas continua dependente da importação de combustíveis, segundo a ANP

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 14/06/2022 às 18:22
Mesmo sendo líder mundial na exploração do petróleo do pré-sal e conseguindo uma forte exportação do produto para o mercado exterior, o Brasil ainda sofre as consequências da dependência da importação de combustíveis e vê o reflexo nos altos preços cobrados.
Foto: Pixabay

Mesmo sendo líder mundial na exploração do petróleo do pré-sal e conseguindo uma forte exportação do produto para o mercado exterior, o Brasil ainda sofre as consequências da dependência da importação de combustíveis e vê o reflexo nos altos preços cobrados.

O Brasil é referência internacional na exportação de petróleo e, principalmente, na produção do recurso através do pré-sal, e conseguiu grandes feitos na última década graças a isso. Entretanto, o cenário atual visto na segunda-feira, (13/06), ainda é um reflexo da dependência da importação de combustíveis, causada pela falta de refinarias e da produção desses produtos, levando à comercialização interna dos combustíveis com custos abusivos para o consumidor.

Produção de petróleo e gás natural cresceu 53% nos últimos 10 anos no Brasil, mas produção de combustíveis não acompanhou expansão e continua a depender da importação 

O mercado brasileiro do petróleo, com foco principal nas camadas do pré-sal, se tornou algo memorável em todo o mundo e, somente entre 2010, quando o primeiro poço entrou em operação, no Espírito Santo, e 2021, a produção nacional de petróleo e gás saltou 53%.

Além disso, segundo os dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), a arrecadação com royalties e participações especiais quase dobrou até bater o recorde de R$ 78,4 bilhões no ano passado.

E não para por aí, dado que a empresa especializada em consultoria no setor de óleo e gás Bip afirma que, até o ano de 2026, o Brasil deverá receber mais 8 plataformas de exploração do petróleo.

Dessa forma, a exploração do pré-sal atingiu níveis absurdos e o Brasil conseguiu colocar o mercado interno na rota de exportação internacional. No entanto, o reflexo dessa produção no segmento dos combustíveis não é nada favorável ao mercado brasileiro. 

Isso, pois, embora a exportação e a produção do petróleo tenham crescido consideravelmente, ainda há um déficit no número de refinarias para a produção de derivados do óleo. Dessa forma, a Petrobras e o Governo Federal continuam presos a uma política de importação dos combustíveis e mantêm essa relação de dependência até os dias atuais.

Ademais, essa falta de produção dos derivados leva a Petrobras a defender uma política de preços baseada no conceito da paridade de importação, que simula quanto custaria para trazer os combustíveis do exterior, causando uma elevação nos preços. 

Brasil continua refém da importação e da crise dos combustíveis que pode acontecer é reflexo do déficit das refinarias e da produção de derivados

Ainda conforme os dados divulgados nos últimos anos pela ANP, enquanto a produção de petróleo e gás natural, principalmente das áreas de pré-sal, cresceram mais de $50, a produção de combustíveis derivados do óleo teve uma alta de apenas 5,4%.

Além disso, durante todos esses anos, o país colocou apenas uma nova refinaria em operação, ainda assim incompleta: a primeira fase da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Dessa forma, sem novas refinarias para a produção dos combustíveis, o Brasil precisa comprar no exterior cerca de 25% do diesel e 7% da gasolina que consome, garantindo assim um aumento elevado na necessidade de importação.

Agora, o mercado nacional continua focando na exportação de petróleo e no crescimento da produção do recurso, enquanto o déficit na produção dos derivados continua afetando o bolso do consumidor. 

Por fim, o principal reflexo atualmente da política de importação dos combustíveis e a falta de investimentos em novas refinarias é a possível crise de abastecimento do diesel, que pode acontecer ao longo do segundo semestre de 2022, segundo as análises e projeções da ANP junto da Petrobras.

Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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