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Brasil conta com mais de 100 projetos de hidrogênio verde em desenvolvimento

Escrito por Paulo H. S. Nogueira
Publicado em 25/07/2025 às 08:07
Instalação de hidrogênio verde com tanques e turbinas eólicas ao fundo, simbolizando energia limpa e sustentável.
Tanques de hidrogênio verde com turbinas eólicas ao fundo representam o avanço de projetos sustentáveis no Brasil.
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Descubra como os projetos de hidrogênio verde ganham força no Brasil e impulsionam a transição energética com investimentos bilionários em energia limpa.

Nos últimos anos, o Brasil passou a ocupar um lugar de destaque no cenário mundial de energia limpa. Com base em dados recentes, a consultoria Clean Energy Latin America (CELA) revelou que há mais de 100 projetos de hidrogênio verde em desenvolvimento no país.

Além disso, esses empreendimentos estão distribuídos por 15 estados brasileiros, o que demonstra um esforço nacional significativo rumo à transição energética.

Ainda que muitos projetos estejam em fase inicial, eles já somam investimentos anunciados de R$ 454 bilhões.

Por consequência, esse conjunto de iniciativas representa uma demanda de cerca de 90 gigawatts (GW) de capacidade instalada, o que reforça o compromisso com fontes de energia de baixo carbono.

Portanto, o país se posiciona como um possível líder internacional na produção de combustíveis sustentáveis.

A origem do hidrogênio como energia limpa

Desde o início do século XX, a busca por fontes alternativas de energia motivou diversos avanços científicos.

Nesse contexto, o hidrogênio sempre despertou interesse, especialmente por ser o elemento mais abundante do universo.

No entanto, para utilizá-lo como fonte energética, é necessário extraí-lo de moléculas como água ou gás natural.

Tradicionalmente, a indústria realiza essa extração por meio do reformamento do gás natural, processo que resulta no chamado hidrogênio cinza.

Contudo, esse método emite grandes quantidades de CO₂, o que contribui significativamente para o agravamento da crise climática.

Consequentemente, o mundo passou a buscar alternativas mais limpas. Uma delas é o hidrogênio verde, produzido por eletrólise da água a partir de eletricidade de fontes renováveis, como a energia solar ou energia eólica.

Como não há emissão de carbono nesse processo, o hidrogênio verde se tornou essencial para países que desejam descarbonizar sua economia.

A vocação do Brasil para o hidrogênio verde

O Brasil é um dos países com maior potencial para produzir hidrogênio verde em escala.

Isso ocorre principalmente porque já possui uma matriz elétrica predominantemente renovável, além de recursos naturais em abundância.

Desde os anos 1970, o país investe em energia hidrelétrica, e nas últimas décadas fortaleceu o uso de energia solar e eólica.

Portanto, o país reúne as condições ideais para liderar essa nova fronteira energética.

A abundância hídrica, por exemplo, garante o insumo básico para a eletrólise.

Da mesma forma, as grandes extensões de território ensolarado e com ventos constantes favorecem a instalação de usinas renováveis.

Além disso, o Brasil está estrategicamente localizado para atender mercados internacionais, já que possui acesso direto ao oceano Atlântico.

Dessa maneira, a produção de hidrogênio pode ser exportada in natura, na forma líquida, ou convertida em amônia, o que facilita o transporte.

Panorama atual dos projetos no país

Com base no levantamento da CELA, os projetos vão além da simples produção de hidrogênio.

Eles também incluem derivados estratégicos, como amônia verde, e-metanol e aço verde.

Todos esses produtos são indispensáveis para descarbonizar setores como indústria pesada, fertilizantes e transporte marítimo.

Adicionalmente, a CELA desenvolveu uma plataforma que mapeia os principais polos de produção, além de identificar os compradores finais (offtakers) e o status de avanço de cada empreendimento.

Dessa forma, a ferramenta auxilia governos, empresas e investidores a tomar decisões mais assertivas.

Vale ressaltar que o hidrogênio verde pode ocupar uma função central na transição energética brasileira, conforme destacou Camila Ramos, CEO da CELA.

Por isso, o mapeamento detalhado é essencial para acelerar esse processo.

Competitividade nos custos e viabilidade econômica

Sob o ponto de vista econômico, o Brasil apresenta custos bastante competitivos.

Segundo a CELA, a amônia verde brasileira pode ser produzida entre US$ 539 e US$ 1.103 por tonelada, o que a coloca dentro ou até abaixo da faixa de preços da amônia feita a partir de gás natural.

Do mesmo modo, o hidrogênio verde nacional apresenta um custo nivelado entre US$ 2,83/kg e US$ 6,16/kg, dependendo da localização do projeto.

Embora esses valores ainda possam parecer elevados, eles tendem a cair à medida que a tecnologia amadurece.

Em outras palavras, o Brasil tem uma combinação rara: recursos naturais abundantes, tecnologia crescente e acesso a mercados globais.

Como resultado, o país se firma como potencial exportador de combustíveis verdes, o que pode impulsionar a economia e gerar empregos.

Uma oportunidade de futuro sustentável

Com base nesse cenário, os projetos de hidrogênio verde oferecem ao Brasil uma chance concreta de construir um futuro mais sustentável.

Afinal, eles ajudam a reduzir emissões, diversificam a matriz energética e fortalecem a economia verde.

Além disso, esses empreendimentos promovem inovação tecnológica, formação de mão de obra qualificada e atração de investimentos internacionais.

Estados como Ceará, Bahia e Piauí já começaram a estruturar zonas industriais dedicadas ao hidrogênio verde, o que reforça a competitividade regional.

Portanto, é possível afirmar que o Brasil se prepara para liderar a nova economia da energia limpa.

Se houver coordenação entre governo, setor privado e universidades, o país pode se consolidar como referência mundial em produção de hidrogênio verde.

Barreiras e caminhos para o crescimento do setor

Contudo, o avanço dessa indústria exige soluções para desafios ainda presentes.

O principal deles é a ausência de um marco regulatório nacional.

Sem regras claras, os projetos correm riscos jurídicos e enfrentam dificuldades para obter financiamento.

Além disso, o transporte, armazenamento e distribuição do hidrogênio requerem infraestrutura específica, que ainda está em fase de desenvolvimento.

Para contornar esses obstáculos, será necessário investir em pesquisa, inovação e formação técnica.

Felizmente, alguns estados vêm criando políticas de incentivo e parcerias com empresas estrangeiras.

A experiência desses locais pode servir de base para um planejamento federal integrado, com metas, incentivos fiscais e linhas de crédito voltadas ao setor.

Uma nova era energética para o Brasil

Em resumo, o avanço dos projetos de hidrogênio verde no Brasil simboliza uma nova era para a energia nacional.

A conjugação de condições naturais favoráveis, experiência renovável consolidada e ambição climática global coloca o país na vanguarda da transição energética.

Portanto, o hidrogênio verde não representa apenas uma inovação tecnológica.

Ele simboliza um compromisso com o futuro — mais limpo, mais justo e economicamente viável.

Se o Brasil continuar a investir de forma estratégica, poderá não apenas abastecer sua própria demanda, mas também exportar energia limpa para o mundo.

Assim, o país reforça seu papel como protagonista da sustentabilidade global.

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O que é o HIDROGÊNIO VERDE e qual o papel do Brasil nessa revolução | InvestNews BR

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Paulo H. S. Nogueira

Sou Paulo Nogueira, formado em Eletrotécnica pelo Instituto Federal Fluminense (IFF), com experiência prática no setor offshore, atuando em plataformas de petróleo, FPSOs e embarcações de apoio. Hoje, dedico-me exclusivamente à divulgação de notícias, análises e tendências do setor energético brasileiro, levando informações confiáveis e atualizadas sobre petróleo, gás, energias renováveis e transição energética.

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