Com 39,4 GW, país ultrapassa Japão e Alemanha em ritmo de expansão e foi o 3º maior mercado mundial em 2023, atrás apenas de China e Estados Unidos.
O Brasil alcançou um novo patamar no cenário global de energia solar fotovoltaica, consolidando-se como o sexto país com maior capacidade instalada no mundo. De acordo com o relatório Global Market Outlook For Solar Power 2024–2028, divulgado pela associação europeia SolarPower Europe, o Brasil já soma 39,4 gigawatts (GW) em sistemas fotovoltaicos conectados à rede.
O levantamento indica que o país ocupa posição de destaque não apenas em termos de potência acumulada, mas também em capacidade anual instalada. Em 2023, o Brasil adicionou 15,4 GW, tornando-se o terceiro maior mercado global do ano, atrás apenas da China, com 253 GW, e dos Estados Unidos, com 32,4 GW.
Liderança global e espaço para crescimento
No ranking de capacidade acumulada, a China segue muito à frente, com 656 GW. Em seguida vêm os Estados Unidos (173,2 GW), Japão (90,4 GW), Índia (90,1 GW) e Alemanha (83 GW). O Brasil aparece em 6º lugar, mas demonstra um dos ritmos de crescimento mais acelerados entre os países listados.
“O Brasil passou de irrelevante para protagonista em dez anos. E ainda temos muito espaço para crescer”, afirmou Pedro Drummond, coordenador estadual da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), durante participação no fórum “A Região em Pauta”.
Expansão interna: destaque para São Paulo e Minas Gerais
Em território nacional, o avanço da energia solar fotovoltaica se reflete na distribuição dos sistemas instalados. O Estado de São Paulo lidera a geração distribuída, com 5.372,1 megawatts (MW), o equivalente a 14,4% da potência instalada no país.
Na sequência aparecem Minas Gerais, com 4.609,5 MW (12,4%), e o Paraná, com 3.306,5 MW (8,9%). Os três estados concentram mais de um terço da geração distribuída nacional, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O avanço não está restrito às capitais ou grandes regiões metropolitanas. Cidades de médio porte e do litoral também registram crescimento expressivo, como é o caso de Santos, no litoral paulista.
Baixada Santista: Santos lidera a geração distribuída
De acordo com a Aneel, Santos concentra 20,5% das ligações de sistemas fotovoltaicos da Baixada Santista, com uma potência instalada de 12,9 MW. A cidade é seguida por Guarujá, com 10,8 MW (17,2%), e Bertioga, com 9,6 MW (15,3%).
Somados, os três municípios representam 53% dos sistemas fotovoltaicos instalados na região. O dado chama atenção não apenas pela concentração, mas pelo crescimento acelerado em poucos anos.
Em 2009, Santos possuía apenas uma usina geradora de energia solar. Já em março de 2024, o número saltou para 927 sistemas conectados, evidenciando a rápida adoção da tecnologia por empresas e residências locais.
Potencial e desafios
Apesar do avanço, o Brasil ainda tem amplo potencial para crescimento. A disponibilidade de radiação solar em grande parte do território nacional favorece a expansão da tecnologia. Além disso, o custo da energia solar caiu significativamente na última década, tornando o investimento mais acessível para consumidores residenciais, comerciais e industriais.
A geração distribuída, em particular, ganha força com sistemas de telhado, que reduzem a conta de luz e promovem autonomia energética. No entanto, o setor ainda enfrenta desafios relacionados à regulamentação, acesso a financiamento e adaptação da rede elétrica para integração de volumes cada vez maiores de energia solar.
Estratégia para descarbonização e independência energética
A expansão da energia renovável, incluindo a solar fotovoltaica, é fundamental para que o Brasil alcance suas metas climáticas e reduza a dependência de fontes não renováveis. A integração de sistemas de armazenamento e redes inteligentes também está em debate, com foco em aumentar a segurança e a estabilidade do fornecimento.
Para especialistas, a transição energética passa por um caminho em que energia limpa, acessível e descentralizada desempenha papel estratégico. Nesse contexto, a energia solar é apontada como uma das principais ferramentas para descarbonizar a matriz elétrica brasileira nos próximos anos.
Perspectivas para os próximos anos
Segundo o relatório da SolarPower Europe, o mercado solar global continuará em expansão até 2028, e o Brasil tende a manter-se entre os líderes em capacidade anual instalada. A expectativa é de que o país ultrapasse a marca de 50 GW já nos próximos anos, com destaque para projetos de grande escala e crescimento da geração distribuída em áreas urbanas e rurais.
A combinação entre regulação favorável, clima propício, busca por economia e incentivos financeiros tem potencial para transformar o Brasil em uma referência global em energia solar fotovoltaica.