A produção brasileira de óleo ficou em 2,9 milhões de barris por dia em 2021. Mesmo entregando menos que o previsto, o Brasil se firmou como um dos maiores produtores do mundo
Este mês, a secretária de Energia dos EUA, Jennifer Granholm, solicitou formalmente ao Brasil aumentos mais rápidos na produção de petróleo, disse o Ministério da Energia do Brasil. O país norte-americano também entrou em contato com produtores na Venezuela e Oriente Médio. Albuquerque disse ao GLOBO que o país está aumentando a sua produção gradativamente. O Ministério de Minas e Energia (MME) estima um crescimento de 70% nos próximos dez anos, chegando a 5,3 milhões de barris por dia, o que manterá o status de exportador do Brasil.
Com a guerra na Ucrânia, o barril do petróleo atinge a casa de US$ 100, e o Brasil vê novamente a oportunidade de ampliar a sua produção, para aproveitar o momento em que os EUA e a União Europeia decidem reduzir a dependência do petróleo da Rússia, que atualmente é responsável por 12% da oferta mundial.
Para o ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e professor do Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, Maurício Tolmasquim, “O Brasil não tem armazenamento estratégico”. Segundo o especialista, apenas cinco países teriam essa capacidade: Arábia Saudita, Emirados Árabes, Kwait, Iraque e Rússia, com potencial de oferecer de 1 milhão a 1,8 milhão de barris diários a mais.
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Crise pode beneficiar e ampliar a produção da Petrobras e outras empresas que fazem a extração de petróleo no Brasil
Albuquerque ressalta que as grandes petroleiras tiveram nos últimos três anos um decréscimo de produção de 9%. Segundo ele, “o Brasil aumentou sua produção em 14% de óleo e 22% de gás natural no período”.
“Foi isso que eu falei com a secretária. Nós já estamos nesse caminho de aumentar a produção. Até 2026, devem entrar em produção 15 plataformas de petróleo, com média de 200 mil a 250 mil barris por dia em cada estrutura”, afirmou.
Igor Lucena, economista e doutor em Relações Internacionais, avalia que, do ponto de vista estrutural, a crise pode beneficiar o Brasil. Ele lembra que, nos últimos anos, a Petrobras vem concentrando sua atuação na exploração, com o plano de vender refinarias e com a saída do segmento de distribuição.
“Agora, com o barril na casa dos US$ 100, e deve continuar nisso pelos próximos tempos, há espaço para a Petrobras e outras empresas que fazem a extração de petróleo no Brasil ampliarem a produção”, afirmou.
Transição energética: Brasil cresce na produção de hidrogênio verde, energia solar e eólica
O planejamento oficial do governo de 2015 previa que o Brasil terminaria 2021 produzindo 4,3 milhões de barris de petróleo por dia apenas em áreas já contratadas. Em 2021, com a forte crise econômica, de mudanças na dinâmica do setor de energia e da redução do preço da commodity em comparação com a década anterior, a produção brasileira de óleo ficou em 2,9 milhões de barris por dia. Mesmo entregando menos que o previsto, o país se firmou como um dos maiores produtores do mundo.
A transição energética é destacada pelos especialistas como um processo inevitável. Tolmasquim afirma que a crise forçará uma aceleração nas mudanças no setor que vai beneficiar o Brasil.
“A transição para sair dos combustíveis fósseis deixou de ser apenas uma questão ambiental, para ser também uma questão de segurança nacional. O Brasil tem uma base de recursos naturais renováveis muito abundante e pode produzir energia elétrica a um preço muito baixo”, disse Tolmasquim.
Para Lucena, o Brasil cresce na produção de hidrogênio verde, energia solar e eólica. “Paralelamente a isso, a União Europeia deve sofrer sanções de produtos russos, principalmente gás, carvão, minério de ferro e petróleo. Isso significa que há possibilidade de o Brasil ser uma plataforma de exportação para a União Europeia desses insumos naturais” disse.