Mato Grosso lidera a revolução do etanol de milho no Brasil, com expansão de usinas, geração de empregos e crescimento acelerado da produção
Às margens da BR-163, em Sinop (MT), torres, dutos e tanques de aço lembram um cenário futurista. A fila de carretas carregadas de milho indica o destino: a maior refinaria de etanol de milho da América Latina.
Em 2024, a Inpasa processou 3,7 bilhões de litros, quase metade do volume nacional do grão. No mercado total de etanol, incluindo cana, representou 12%.
Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), o Brasil produziu 36,8 bilhões de litros no ano, 4,4% a mais que em 2023.
-
México abre o cofre: Em apenas 25 dias, mexicanos compram US$ 58,8 milhões em carne bovina brasileira e deixa EUA para trás
-
Brasil e Nigéria firmam novos acordos em agricultura, pecuária e fertilizantes em 2025: comércio despencou de US$ 10 bilhões para US$ 2 bilhões em uma década e países tentam reverter queda histórica
-
Tomate preto realmente existe ou imagens são geradas por Inteligência Artificial? Descubra a verdade sobre o alimento que tem levantado dúvidas na internet
-
Só este estado brasileiro produz mais soja do que a Argentina e seria o 3º maior do mundo se fosse um país, atrás apenas de Brasil e EUA
O milho atrai porque pode ser armazenado, facilita o planejamento e permite até três safras. Além disso, gera óleo e coprodutos valiosos para a alimentação animal.
Crescimento acelerado
O etanol de milho cresce rápido. A União Nacional do Etanol de Milho (Unem) projeta 10 bilhões de litros na safra 2025/2026, contra 8,19 bilhões da anterior. Isso já coloca o Brasil como segundo maior produtor mundial, atrás apenas dos EUA.
Material para sustentar essa expansão o País tem. O Brasil é o terceiro maior produtor de milho do mundo.
Em dez anos, a produção cresceu 40% e gira em torno de 130 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Produção integrada
A unidade da Inpasa em Sinop também fabrica 1 milhão de toneladas de DDGS, proteína alternativa ao farelo de soja, além de 105 mil toneladas de óleo e 804,1 GWh de bioeletricidade.
O processo inclui trituração, fermentação e separação do óleo por centrifugação. O etanol anidro e hidratado, além do DDGS, são os principais produtos.
Uma plataforma digital controla tudo, monitorando resíduos e a destinação final. A biomassa vira energia elétrica para consumo interno, e o excedente segue para o Sistema Integrado Nacional (SIN).
“Mato Grosso, como polo agrícola estratégico, continua central em nossos planos. Avaliamos novas oportunidades para fortalecer a verticalização e a logística”, afirma Flávio Peruzo Gonçalves, vice-presidente da Inpasa.
Impacto no emprego e expansão
A unidade de Sinop emprega 1,2 mil trabalhadores. Somadas as operações em Nova Mutum (MT), Sidrolândia (MS), Dourados (MS) e Balsas (MA), são 2,8 mil empregos.
Além disso, uma nova planta está em construção em Luís Eduardo Magalhães (BA), com investimento de R$ 4,9 bilhões.
Desde 2018, quando a refinaria chegou, produtores locais encontraram incentivo para investir. Todo milho processado vem da região. A empresa exige referências ambientais e sociais e incentiva práticas sustentáveis.
“A planta absorve parte da oferta de milho e estimula a segunda safra. Isso dá liquidez e previsibilidade aos produtores, fortalece a agricultura e o desenvolvimento logístico”, diz Gonçalves.
Transformação no campo
Antes, grande parte do milho do norte de Mato Grosso era exportada. A logística dificultava e limitava a segunda safra. Com a refinaria, o grão passou a ter liquidez local.
“Antes a gente plantava milho só para ter palhada no solo. Com a refinaria, o milho ganhou valor. Investimos em sementes, adubo e tecnologia. Foi uma porta que se abriu”, relata o produtor Invaldo Weiss, de Santa Carmem.
Mato Grosso na liderança
Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o Estado lidera a moagem de milho para etanol, com 12,5 milhões de toneladas.
Mato Grosso do Sul vem em seguida, com 3,51 milhões, e Goiás com 2,1 milhões.
A Unem informa que 10 das 24 biorrefinarias em operação no Brasil estão em Mato Grosso. Outras 16 têm autorização para construção, e mais 16 estão projetadas.
Novos investimentos
Em Sorriso, a FS processa 4,8 milhões de toneladas de milho e gera 2,3 bilhões de litros de etanol, além de 1,7 milhão de toneladas de DDGS. O setor continua atraindo investimentos.
Fornecedor da Inpasa, Weiss e sócios aplicaram R$ 1 bilhão na Etanol Verde do Mato Grosso (Evermat). A usina começa a operar em março, com capacidade para processar 1,2 mil toneladas de milho por dia. “Já temos 1 milhão de sacas em estoque”, afirma Weiss.
Portanto, Mato Grosso consolida sua posição como centro da produção de etanol de milho no Brasil. Com expansão de plantas, novos investimentos e geração de emprego, o Estado transforma o grão em energia, proteína e desenvolvimento regional.
Com informações de Estadão.