A adoção do pedágio eletrônico sem cancela em Minas Gerais promete fluidez e modernização, mas já gera receio entre condutores sobre multas, Pix atrasado e cobrança automática por placa, segundo a Agência Brasil
A partir deste sábado (27), a BR-381/MG passa a operar com pedágio eletrônico sem cancela, em modelo de cobrança automática por meio de câmeras e sensores instalados em pórticos localizados em Caeté e João Monlevade. O sistema, conhecido como free flow, dispensa paradas e busca melhorar a fluidez em uma das rodovias mais movimentadas do país, informa a Agência Brasil.
Apesar do avanço tecnológico, motoristas já relatam apreensão com multas indevidas, atrasos no Pix e eventuais problemas de cobrança automática. A novidade coloca a BR-381 como a primeira rodovia federal com 100% das operações realizadas por pedágio eletrônico, um marco que, ao mesmo tempo, traz promessas de agilidade e desafios práticos de adaptação.
Como funciona o novo modelo de pedágio
Segundo a Agência Brasil, o sistema funciona por meio de câmeras que identificam a placa dos veículos ao passar pelos pórticos, registrando automaticamente o débito do pedágio. Para motoristas que não utilizam tags eletrônicas, a concessionária Nova 381 instalou 25 totens de pagamento ao longo do trecho, em postos de combustíveis, restaurantes e unidades de atendimento.
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Nesses equipamentos, o condutor digita a placa e quita pendências com cartão ou Pix. “O objetivo é facilitar o acesso, já que os totens estão em locais onde os motoristas naturalmente param”, explicou o gerente de operações da Nova 381, Diego Dutra.
Investimentos e abrangência da concessão
A implementação do pedágio eletrônico sem cancela faz parte de um pacote de investimentos de R$ 9,3 bilhões previstos para a BR-381, desde que a Nova 381 assumiu a administração da rodovia em fevereiro. Até agora, R$ 319,7 milhões já foram aplicados em melhorias, incluindo obras de infraestrutura e modernização tecnológica.
A ANTT estabeleceu que 90% do risco de evasão no pagamento será absorvido pela União, enquanto a concessionária ficará responsável por 10%. Essa divisão busca reduzir disputas e garantir que o sistema seja sustentável mesmo diante de possíveis inadimplências.
Preocupações e polêmicas entre motoristas
Embora o modelo traga vantagens como menos congestionamentos, motoristas manifestam preocupação com erros na leitura das placas e dificuldades em comprovar pagamentos feitos via Pix, caso o sistema não registre em tempo real. Outro temor é a possibilidade de multas automáticas em situações de falha de comunicação, aumentando a sensação de insegurança.
O tema já chegou à Câmara dos Deputados, que discute no Projeto de Lei 4.643/2020 a possibilidade de anistia para motoristas inadimplentes e regras mais claras sobre multas. Isenções estão mantidas para ambulâncias, veículos oficiais, diplomáticos e motocicletas, como previsto em contrato com a concessionária.
O Brasil no caminho da modernização
De acordo com a Agência Brasil, o modelo free flow já está em uso em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, e deve se expandir rapidamente. O governo paulista, por exemplo, planeja ter 58 pontos de cobrança até 2032, incluindo o Rodoanel.
Especialistas destacam que o sistema segue uma tendência global de modernização rodoviária, ao mesmo tempo em que desafia autoridades a garantir transparência, segurança digital e clareza para os usuários. Para os motoristas, a adaptação será gradual, mas inevitável.
O pedágio eletrônico sem cancela marca uma nova era na BR-381: mais fluidez e menos filas, mas também novos riscos e dúvidas para quem depende da rodovia. A mudança exige equilíbrio entre inovação tecnológica e proteção ao usuário.
E você, acredita que o pedágio sem cancela vai realmente facilitar a vida dos motoristas ou aumentar a insegurança nas estradas? Já enfrentou problemas com cobrança automática em rodovias? Compartilhe sua experiência nos comentários.