Ibovespa tem pior dia do mês com queda de 2,1%: entenda como a crise política virou ameaça para a economia
A terça-feira foi de tensão na economia brasileira. O principal índice da bolsa de valores de São Paulo, o Ibovespa, caiu 2,1% e fechou o dia em 134 mil pontos. Esse índice funciona como um termômetro do mercado, reunindo as ações das maiores empresas negociadas no país. Quando ele cai, significa que os investidores estão vendendo mais do que comprando, o que indica desconfiança e medo em relação ao futuro.
O que puxou a queda foram principalmente as ações dos grandes bancos brasileiros, como Banco do Brasil, Santander, Itaú e Bradesco. Eles registraram perdas fortes porque ficaram no meio de uma disputa delicada entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e os Estados Unidos.
O que está acontecendo entre Brasil e Estados Unidos
Na segunda-feira, o ministro do STF Flávio Dino tomou uma decisão para tentar barrar os efeitos das sanções que os Estados Unidos aplicaram ao ministro Alexandre de Moraes com base na chamada Lei Magnitsky. Essa lei é usada por Washington para punir autoridades acusadas de violar direitos humanos ou agir contra a democracia.
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O problema é que, quando um país aplica esse tipo de sanção, os bancos internacionais costumam seguir a mesma linha para evitar problemas com o sistema financeiro global. Isso significa que os bancos brasileiros podem ficar numa encruzilhada: de um lado, precisam obedecer ao STF; do outro, correm o risco de sofrer punições internacionais se ignorarem as regras dos Estados Unidos.
“Se os bancos brasileiros forem cortados do sistema financeiro internacional, isso seria muito ruim para o país”, explicou Bruno Takeo, estrategista de investimentos. Outro analista, Alison Correia, disse que o mercado está reagindo com cautela porque não se sabe ainda até onde essa disputa pode chegar.
O risco para os bancos e para o Brasil
De acordo com fontes do setor financeiro, se os bancos brasileiros desrespeitarem o órgão americano que aplica as sanções, podem ser praticamente excluídos do sistema global de pagamentos. Isso teria impacto direto na economia, dificultando operações internacionais e reduzindo a confiança dos investidores.
Um diretor de banco ouvido pela agência Reuters resumiu a situação: “O Brasil não tem escolha. A diferença de força entre a economia americana e a brasileira nos deixa numa posição de sujeição”.
O Banco do Brasil afirmou em nota que está preparado para lidar com situações complexas e que segue todas as leis brasileiras e internacionais nos países onde atua.
O presidente Lula também se reuniu nesta terça-feira com ministros e dirigentes de bancos estatais e do Banco Central para discutir a crise e tentar reduzir os riscos de instabilidade.
Queda também em outras empresas
Além dos bancos, outras companhias tiveram perdas expressivas. A Raízen, do setor de energia, desabou quase 10% depois que a Petrobras negou qualquer projeto de parceria com a empresa na área de etanol.
No campo positivo, poucas ações escaparam do tombo geral. Empresas como Minerva, Suzano e Hypera conseguiram registrar pequenas altas, mas foram exceções em um dia majoritariamente negativo.
Os analistas destacam que o Ibovespa enfrenta dificuldades para avançar no curto prazo, já que o clima internacional e político continua pesado. Para muitos investidores, a opção neste momento é buscar proteção no dólar, vendendo ações da bolsa até que o cenário fique mais claro.