O BNDES anuncia novos aportes bilionários em renda variável até 2025, destinando recursos diretos e via fundos para acelerar a economia verde, incentivar a inovação e apoiar a transição ecológica no Brasil com foco em descarbonização
O BNDES, por meio da BNDESPar, anunciou nesta segunda-feira (1) que investirá até R$ 10 bilhões em renda variável até o fim do ano. Deste montante, R$ 5 bilhões serão destinados diretamente a empresas que apresentem projetos alinhados à transição ecológica, descarbonização e inovação, enquanto os outros R$ 5 bilhões serão aplicados via fundos de investimento, sendo uma das maiores chamadas públicas da história do banco.
BNDES investe em fundos sustentáveis para impulsionar a economia verde
Após quase uma década de reestruturação, com foco em desinvestimentos, a retomada dos aportes em renda variável marca uma mudança estratégica significativa. O objetivo é impulsionar o mercado de capitais do Brasil e apoiar empresas com iniciativas sustentáveis, ampliando o acesso a capital para projetos que unem competitividade e impacto ambiental positivo.
Essa guinada demonstra que o BNDES busca não apenas financiar grandes grupos, mas também estimular inovação em setores emergentes que contribuem para a descarbonização da economia nacional.
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Como será feito o investimento de R$ 10 bilhões
O plano do BNDESPar está dividido em duas frentes complementares. De um lado, R$ 5 bilhões serão aplicados diretamente em empresas, com chamadas abertas até dezembro de 2025. Do outro, R$ 5 bilhões serão direcionados por meio de fundos de investimento, com expectativa de alavancar até R$ 15 bilhões de recursos privados.
Essa estrutura busca equilibrar impacto e diversificação, reduzindo riscos e garantindo que o dinheiro público seja multiplicado por aportes privados.
Investimentos diretos em empresas para inovação e descarbonização
O BNDES vai priorizar companhias com projetos alinhados à agenda climática, inovação tecnológica e transição energética. Entre os critérios de seleção estão:
- viabilidade financeira sólida;
- aderência a compromissos de redução de emissões;
- capacidade de escalar soluções inovadoras.
Esse modelo representa uma mudança em relação ao passado, quando o banco foi criticado por apostar em “campeãs nacionais”. Agora, o foco é em critérios técnicos, transparência e diversidade de setores apoiados.
Fundos para investimentos em soluções sustentáveis
A chamada pública mais relevante será lançada durante a COP-30, em Belém. Conhecida como Chamada de Clima, ela pretende selecionar fundos de investimento especializados em transição energética, soluções baseadas na natureza e tecnologias de baixo carbono.
A expectativa é que cada real aportado pelo BNDES atraia até três vezes esse valor em recursos de investidores privados. Assim, os investimentos em soluções sustentáveis podem ultrapassar R$ 30 bilhões em pouco tempo, criando um círculo virtuoso entre capital público e privado.
Vertentes da nova estratégia e transição ecológica no Brasil
A estratégia de renda variável da BNDESPar foi estruturada em cinco linhas de atuação:
- Agenda Verde – apoio a empresas ligadas à transição ecológica no Brasil e à inovação ambiental.
- Parcerias estratégicas – atuação conjunta com fundos e investidores para ampliar o alcance.
- Ofertas públicas – participação como investidor-âncora em aberturas de capital de empresas médias.
- Ofertas privadas – suporte à estruturação de planos de crescimento de companhias promissoras.
- Alocação proprietária – gestão ativa da carteira visando retorno financeiro e sustentabilidade.
Esse modelo permite diversificar riscos e ampliar o alcance do banco, fomentando tanto empresas já consolidadas quanto startups e negócios emergentes.
Entenda a importância dos investimentos verdes
Nos últimos dois anos, o BNDES já havia lançado chamadas públicas para fundos focados em minerais críticos, biotecnologia e transição energética. Atualmente, a BNDESPar participa, atualmente, de 53 fundos ativos, com cerca de R$ 8 bilhões comprometidos diretamente e R$ 27 bilhões de investidores privados mobilizados.
A diferença agora é a escala e a priorização da agenda climática. Ao mesmo tempo, o banco busca corrigir falhas do passado, quando a falta de critérios objetivos resultou em críticas e perdas. A nova estratégia dá ênfase à transparência, governança e relatórios de impacto.
Inovação e descarbonização como pilares
A iniciativa também reforça o papel do BNDES no apoio a setores estratégicos ligados à tecnologia e à sustentabilidade. A aposta em inovação e descarbonização vai além da simples alocação de recursos: ela visa criar um ecossistema favorável para que empresas brasileiras desenvolvam tecnologias limpas, melhorem sua eficiência energética e ampliem a competitividade internacional.
Essa abordagem pode fortalecer cadeias produtivas nacionais, reduzir a dependência de importações em áreas críticas e gerar empregos qualificados no país.
BNDES realiza investimentos verdes com efeito multiplicador
O impacto esperado vai além dos R$ 10 bilhões anunciados. Como cada aporte público tende a atrair novos investidores, o potencial multiplicador pode triplicar o volume de capital destinado à sustentabilidade.
Isso significa que, se bem-sucedida, a iniciativa pode canalizar mais de R$ 30 bilhões para a economia verde brasileira até 2026. Esse volume é fundamental para que o país avance em compromissos de redução de emissões assumidos em acordos internacionais e posicione-se como líder em soluções de baixo carbono.
O que esperar dos próximos anos para a transição ecológica no Brasil
A estratégia do BNDESPar indica que o banco quer recuperar protagonismo no mercado de capitais, mas sem repetir erros anteriores. A ênfase em fundos sustentáveis, inovação e governança aponta para uma atuação mais técnica, diversificada e transparente.
Se a mobilização de capital privado ocorrer conforme previsto, o Brasil terá em poucos anos um dos maiores programas de financiamento de sustentabilidade da América Latina. Isso pode impulsionar setores como energias renováveis, transporte limpo, agronegócio sustentável e bioeconomia, reforçando o papel do país como referência global em economia verde.