Entre 2007 e 2015, Brasil investiu pesado em obras na Venezuela; agora amarga calote de bilhões sem garantias de retorno
O Brasil investiu pesadamente na Venezuela, destinando mais de R$ 6 bilhões para projetos como a construção da Usina Siderúrgica Nacional, um estaleiro e a ampliação do sistema de metrô. Esse movimento trouxe à tona um enredo marcado por crises, escândalos e questionamentos sobre as escolhas econômicas do país.
Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, na década de 1990, o Brasil iniciou um amplo financiamento para a construção e expansão dos sistemas de metrô na Venezuela. Através do BNDES, foram alocados R$ 2,2 bilhões para empresas brasileiras, como a Odebrecht, que assumiram a tarefa de desenvolver esses projetos internacionais.
Os sistemas de metrô de Caracas e Los Teques, apoiados pelo BNDES, tinham como objetivo melhorar o transporte para milhões de passageiros. O metrô de Caracas, lançado em 1983 e ampliado ao longo dos anos, atualmente conta com 48 estações e uma extensão superior a 70 quilômetros. Em Los Teques, apesar de uma menor escala, a expansão também foi significativa.
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Outro grande projeto financiado pelo BNDES na Venezuela foi a construção da Usina Siderúrgica Nacional, liderada pela empreiteira Andrade Gutierrez. O contrato, firmado em 2010, previa um empréstimo de US$ 865 milhões. No entanto, com as investigações da Operação Lava Jato, esse financiamento acabou suspenso.
Desde 2018, a Venezuela e Cuba deixaram de pagar suas dívidas com o BNDES.
Oportunidade desperdiçada: recursos que poderiam beneficiar o Brasil
A crise econômica na Venezuela e os escândalos de corrupção envolvendo a Odebrecht, especialmente revelados pela Operação Lava Jato, comprometeram a continuidade desses projetos. Revelações apontaram para esquemas de propina e financiamentos ilegais em campanhas presidenciais venezuelanas, agravando ainda mais a situação.
Esse investimento no sistema metroviário da Venezuela é um exemplo claro da oportunidade perdida de aplicar esses recursos em melhorias de infraestrutura no Brasil. O atraso nas obras e a inadimplência da Venezuela geram críticas à política externa brasileira e à gestão econômica.
Dívida bilionária da Venezuela com o BNDES
Desde 2010, a Venezuela enfrenta uma grave crise econômica que a impede de cumprir seus compromissos financeiros com o Brasil. Entre esses compromissos está o pagamento pelo desenvolvimento dos projetos de metrô, que fazem parte de uma dívida que ultrapassa 6 bilhões de dólares.
Enquanto isso, o Brasil enfrenta um déficit significativo em transporte público, com mais de 850 quilômetros de metrôs e trens necessários para atender à demanda. A decisão de investir em projetos internacionais, ao invés de priorizar as necessidades internas, levanta sérias dúvidas sobre a gestão dos recursos públicos.
Com os pagamentos em atraso, a história dos investimentos nos metrôs venezuelanos se torna um alerta sobre os riscos de grandes aportes no exterior, sem garantias sólidas de retorno ou benefícios concretos para a população brasileira. O debate sobre esses financiamentos deve continuar, à medida que novos desdobramentos surgem.
Crescimento da dívida em 2025 e estagnação nas negociações
Apesar das expectativas do governo brasileiro, a dívida da Venezuela com o Brasil segue crescendo em 2025, sem sinais concretos de pagamento. Apenas nos três primeiros meses do ano, o valor aumentou em US$ 53 milhões, atingindo um total de US$ 1,766 bilhão, o equivalente a mais de R$ 10,3 bilhões. Esse acréscimo se refere principalmente aos juros de mora, já que nenhum pagamento foi realizado desde 2018, conforme dados divulgados pela Revista Veja.
Com a inadimplência prolongada, o prejuízo recai diretamente sobre o Brasil. O Fundo de Garantia à Exportação (FGE), mantido com recursos do Tesouro Nacional, já teve que cobrir parte substancial desses valores, transferindo a conta para o contribuinte brasileiro.
Mesmo após a visita oficial de Nicolás Maduro ao Brasil em 2023, nenhuma proposta concreta de quitação foi apresentada. O presidente Lula segue defendendo que os países “acabam pagando”, mas as negociações permanecem travadas, segundo levantamento da Gazeta do Povo.
Além da Venezuela, Cuba e Moçambique também estão inadimplentes com o Brasil. Juntas, as dívidas somam mais de US$ 1,2 bilhão, conforme registros do próprio BNDES. Até o momento, nenhum novo financiamento foi aprovado para esses países, e o banco aguarda aval do Congresso Nacional para retomar operações similares, conforme noticiado pelo Valor Econômico.
Lula defende empréstimos a países devedores
O presidente Lula tem defendido os financiamentos do BNDES a outros países. “Todo mundo paga, você pode ter dificuldade aqui ou ali, mas todo mundo paga”, afirmou. Contudo, os dados do BNDES indicam que três países, incluindo a Venezuela, acumularam uma dívida total de 8,2 bilhões de reais com o Brasil. Só a Venezuela deixou de pagar mais de 3,45 bilhões de reais desde 2018, enquanto Moçambique deve 641 milhões de reais e Cuba, mais de 4,32 bilhões de reais.
Esses empréstimos, oficialmente chamados de “programa de financiamento à exportação de serviços de engenharia”, beneficiaram grandes empreiteiras brasileiras como Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Camargo Correa e OAS — todas envolvidas em escândalos de corrupção na Operação Lava Jato. As dívidas ficam com os países que receberam os empréstimos, responsáveis por quitar os valores.
Entre 1998 e 2017, o BNDES emprestou 55 bilhões de reais, sendo 88% desse total liberado entre 2007 e 2015, durante os governos Lula e Dilma, com críticas de que o dinheiro público teria sido usado para favorecer governos aliados.
Em Cuba, por exemplo, o Brasil financiou a construção do Porto de Mariel, ao custo de 4,2 bilhões de reais. Como garantia, Cuba apresentou ativos da indústria de tabaco, atrelando o pagamento à produção de charutos. Já na Venezuela, o governo de Hugo Chávez foi beneficiado com a ampliação do Metrô de Caracas, a construção de um estaleiro e a Usina Siderúrgica Nacional, cujas obras foram interrompidas. Em Moçambique, os empréstimos financiaram a construção do Aeroporto de Nacala e da Barragem de Moamba Major, com os contratos firmados a partir de 2011, já na gestão Dilma, mas com o aval de Lula.
Onde se lê BNDES, leia-se LULA DA SILVA!
Como sempre com a petezada no poder só os países companheiros recebem dinheiro. Aqui entre Itajaí e navegantes o financiamento é externo. E como sempre os juros saem do lombo do povo.
Isto é um desgoverno, como pode ter pessoas q acreditam neste tipo de gente, tenho Penha de nois brasileiros.