Até o momento foram executados cerca de 67% das obras civis da usina, porém o presidente do BNDES alerta que os trabalhos podem ser cancelados.
A privatização da Eletrobrás voltou a ser fortemente falada esta semana. Na quinta-feira (07), o ministro da Economia, Paulo Guedes, usou a guerra na Ucrânia para defender o repasse da empresa pública à iniciativa privada devido o risco geopolítico da segurança energética. Em seguida foi a vez do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, falar do assunto trazendo uma ameaça: ou a Eletrobrás é privatizada ou a usina nuclear de Angra 3 será fechada.
O alerta do mandatário do BNDES aconteceu durante um evento do Tribunal de Contas da União (TCU), que discutiu como seria o modelo de capitalização da companhia, também na quinta-feira (7).
Para Montezano, caso a privatização da Eletrobras fracasse, haverá o não recebimento dos valores da outorga e até mesmo efeitos sobre o preço das ações da companhia, sendo um a paralisação das obras da usina nuclear de Angra 3 um resultado e, consequentemente, o fechamento do empreendimento.
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Atualmente, as obras na usina de Angra 3 estão em 67%, segundo a própria Eletrobrás. O projeto fica localizado na região de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, e vem sendo cotado para ser a terceira usina nuclear do Brasil, com capacidade de gerar mais de 12 milhões de megawatts-hora por ano.
Os defensores da privatização justificam que a Eletrobrás poderá ter chance maior de investimentos se for capitalizada. A expectativa do Governo é de que o projeto inicie a operação comercial em novembro de 2026.
Obras da usina de Angra 3 foram retomadas há menos de dois meses
Em fevereiro deste ano foi celebrado a assinatura do contrato com o consórcio formado por Ferreira Guedes, Matricial e Adtranz, que permitiria a retomada das obras da usina nuclear Angra 3. A construção havia sido foi paralisada em 2015, após denúncias de corrupção, com mais R$ 7,8 bilhões gastos. Menos de dois meses depois, surge a ameaça de paralisação de cancelamento do projeto.
A sociedade irá arcar com os custos da não privatização da Eletrobrás?
Para o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, existe a possibilidade dos brasileiros, mais uma vez, terem que arcar com os prejuízos caso a privatização da empresa pública não seja efetivada.
“A gente vai ter uma Eletrobrás com capacidade de investimento mais restrito do que se ela for capitalizada. A empresa e a sociedade brasileira talvez tenham que arcar com os custos de fechamento de Angra 3”.
Alerta Gustavo Montezano – presidente do BNDES
Além dos custos com um eventual de fechamento da usina nuclear de Angra 3, existe a possibilidade da usina hidrelétrica de Tucuruí, no sul do Pará, sair da plataforma de geração da Eletrobrás.
Eletrobrás é alvo de debate político antes mesmo de sua criação
A Eletrobras foi proposta em 1954 pelo presidente Getúlio Vargas e só foi aprovada 7 anos depois de tramitar no Congresso Nacional. O projeto teve uma grande oposição. Apenas em abril de 1961, foi assinada por Jânio Quadros.
A Eletrobrás só foi instalada em 11 de junho de 1962, em sessão solene do Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica (CNAEE), no Palácio Laranjeiras, no Rio de Janeiro, com a presença do então novo presidente João Goulart.
As reformas institucionais e as privatizações na década de 1990 acarretaram a perda de algumas funções e mudanças no perfil da Estatal. A companhia passou a atuar também na distribuição de energia elétrica, por meio de empresas do Nordeste e do Norte até encerrar as atividades de distribuição em 2018.
Fonte: Eletrobrás