BNDES aprova R$ 345 milhões para embarcações sustentáveis da Hermasa com recursos do Fundo da Marinha Mercante. Projeto vai reduzir até 88% das emissões de CO2 e gerar 355 empregos no Norte.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou, no fim de julho, um investimento de R$ 345 milhões para a construção de novas embarcações da Hermasa Navegação da Amazônia. O financiamento, proveniente do Fundo da Marinha Mercante (FMM), marca a primeira operação voltada diretamente à descarbonização da frota fluvial brasileira. A iniciativa será implantada nos estaleiros da região Norte, com foco nos rios Madeira e Amazonas.
A proposta inclui a construção de 60 balsas graneleiras e dois empurradores fluviais, que poderão reduzir em até 88,4% as emissões de CO₂ por ano.
Essa redução será possível tanto pela otimização das viagens quanto pela substituição parcial do uso do diesel pelo biodiesel.
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BNDES investe em embarcações sustentáveis e descarbonização
O projeto da Hermasa é o primeiro do tipo aprovado pelo BNDES com ênfase na descarbonização da frota naval.
As novas embarcações serão responsáveis por uma transformação importante na logística fluvial, contribuindo para a sustentabilidade ambiental e o fortalecimento da indústria naval brasileira.
As 60 novas balsas seguirão o padrão Mississippi, sendo 46 do tipo Box, com capacidade de 2.390 toneladas, e 14 do tipo Raked, com 2.200 toneladas.
Já os empurradores contarão com propulsão azimutal e potência de 2.000 kW, o que permite maior manobrabilidade e eficiência operacional.
Fundo da Marinha Mercante é peça-chave para a indústria naval
O Fundo da Marinha Mercante, criado em 1958, é um dos principais instrumentos para financiar o desenvolvimento da indústria naval no Brasil.
Seus recursos vêm de uma taxa cobrada sobre o frete de cargas, especialmente de importações, e são usados para fomentar projetos como o da Hermasa.
De acordo com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, “a aquisição de novas embarcações atende às expectativas de crescimento das exportações de grãos por meio de corredores logísticos e portos na Região Norte do país, nos próximos dez anos”.
Empregos, eficiência e impacto regional positivo
A construção das embarcações deve gerar 355 empregos diretos na região Norte, contribuindo para o desenvolvimento regional.
Além disso, os novos equipamentos permitirão um aumento de 35% na capacidade de carga transportada, tornando o transporte mais eficiente e reduzindo os custos operacionais da empresa.
Com balsas maiores e empurradores de baixo calado — que podem operar inclusive durante o período de seca — a Hermasa conseguirá realizar menos viagens, com mais carga e menor emissão de gases poluentes.
Governo prioriza retomada da indústria naval nacional
O governo federal tem dado sinais claros de que pretende fortalecer a indústria naval brasileira. Segundo o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, “a retomada da indústria naval, especialmente em embarcações sustentáveis, é uma prioridade para o governo federal”.
Desde 2023, já foram priorizados quase R$ 70 bilhões em recursos do Fundo da Marinha Mercante, valor que representa três vezes mais do que o aprovado no governo anterior entre 2019 e 2022, que somou R$ 22,7 bilhões em quatro anos.
BNDES Azul foca na economia marítima sustentável
A aprovação desse financiamento também se alinha à iniciativa BNDES Azul, lançada em janeiro de 2024. O programa tem como objetivo impulsionar a economia azul, promovendo investimentos em pesquisa marítima, descarbonização da frota, infraestrutura portuária e turismo sustentável.
Essa nova frente do BNDES fortalece setores estratégicos como transporte fluvial, bioenergia, pesca e preservação ambiental, integrando inovação e sustentabilidade nas atividades ligadas ao mar e aos rios brasileiros.