Carros voadores da Embraer terão autonomia de 100 km e produção inicial de 120 unidades por ano a partir de 2027
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) oficializou nesta quinta-feira (14) um aporte direto de US$ 74,9 milhões — equivalente a R$ 405 milhões — na Eve Air Mobility, empresa da Embraer dedicada ao desenvolvimento de aeronaves elétricas de pouso e decolagem vertical, conhecidas como eVtols ou “carros voadores”. A produção será realizada em Taubaté (SP), onde a companhia já prepara sua linha industrial.
O investimento ocorre por meio da compra de BDRs (certificados de depósito de ações), lastreados em papéis emitidos pela Eve nos Estados Unidos. Após a conclusão da operação privada, a expectativa é que os títulos também sejam negociados na Bolsa brasileira, ampliando a exposição da empresa ao mercado local.
Estratégia do banco estatal
A aplicação de recursos faz parte da retomada da política de participação acionária do BNDESPar, braço de investimentos do banco, anunciada em junho após quase dez anos suspensa. Segundo o plano, até R$ 10 bilhões devem ser destinados a empresas voltadas à inovação, descarbonização e transição energética.
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“O apoio do BNDES é um passo estratégico para colocar o Brasil na vanguarda da mobilidade aérea sustentável”, destacou em comunicado o presidente do banco, Aloizio Mercadante. A instituição informou que a operação tem como foco fortalecer a estrutura de capital da Eve e sustentar projetos de pesquisa e desenvolvimento que são fundamentais para o avanço do programa.
Histórico de financiamentos
O anúncio representa o terceiro apoio financeiro do BNDES à Eve em menos de um ano. Em outubro de 2024, a estatal aprovou R$ 500 milhões via programa BNDES Mais Inovação para viabilizar a construção da fábrica em Taubaté. Pouco depois, em dezembro, foi liberado um novo crédito de R$ 200 milhões, desta vez pelo Fundo Clima, destinado ao desenvolvimento de protótipos da aeronave.
O movimento também reforça a estratégia mais ampla do banco em diversificar aportes. Em julho deste ano, por exemplo, o BNDES adquiriu R$ 114 milhões em ações do Grupo Santa Clara, especializado em bioinsumos e fertilizantes de alta tecnologia.
Repercussão na Embraer
Do lado da empresa, o aporte foi celebrado como um marco na trajetória de expansão. O CEO da Eve, Johann Bordais, destacou em nota: “Estamos orgulhosos em poder contar com ao participação do BNDES e valorizamos profundamente o compromisso contínuo da Embraer com a Eve e nosso programa”.
A Eve tem como diferencial a combinação de tecnologias emergentes, que incluem propulsão elétrica, sistemas de automação e soluções de conectividade aplicadas ao transporte aéreo urbano. Além da prototipagem do veículo, a companhia também está desenvolvendo um software próprio para gerenciar o tráfego aéreo em centros urbanos.
O carro voador brasileiro
O eVtol projetado pela Eve terá capacidade para cinco ocupantes — quatro passageiros e um piloto —, com autonomia de 100 quilômetros. O modelo deve iniciar sua operação comercial em 2027, com produção estimada em 120 unidades anuais na fase inicial. A expectativa é que a aeronave desempenhe papel importante na mobilidade aérea sustentável, reduzindo emissões e ampliando opções de transporte em grandes cidades.