Incentivos fiscais e financiamento climático explicam por que o biometano ganha força no Espírito Santo e começa a transformar o cenário energético brasileiro.
Nos últimos anos, o mundo tem enfrentado desafios urgentes em relação à crise climática, à segurança energética e à necessidade de transição para fontes renováveis.
Por isso, o biometano ganha força como alternativa limpa e estratégica para substituir os combustíveis fósseis, especialmente no setor de transportes e na geração de energia.
No Brasil, essa tendência tem se consolidado de forma mais visível graças a políticas públicas, incentivos fiscais e investimentos em infraestrutura.
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Dessa forma, o Espírito Santo se destaca entre os estados que mais têm criado condições para o avanço do biometano.
O biometano é um gás obtido ao tratar e purificar o biogás, que surge da decomposição de resíduos orgânicos, como restos agropecuários, lixo urbano e efluentes industriais.
Portanto, essa fonte de energia renovável reduz drasticamente as emissões de gases de efeito estufa, especialmente o metano, que é muito mais nocivo ao clima do que o dióxido de carbono.
Além disso, o biometano apresenta características semelhantes às do gás natural. Por isso, pode ser aplicado em diversas áreas, como no transporte público, na indústria e até no uso residencial.
Dessa maneira, essa versatilidade o torna um aliado valioso para diversificar a matriz energética com menor impacto ambiental.
Potencial brasileiro e contexto histórico
Durante décadas, o uso do biogás e do biometano no Brasil permaneceu restrito a experiências rurais e iniciativas locais de menor escala.
Apesar disso, o país, que possui um dos maiores potenciais de produção do mundo, enfrentou entraves econômicos, legais e de infraestrutura para escalar o biometano industrialmente.
Nos últimos anos, no entanto, esse cenário começou a mudar. À medida que o debate sobre transição energética se intensificou, o foco na redução de emissões impulsionou soluções sustentáveis.
Assim, o biometano passou a ocupar espaço nas políticas energéticas e ambientais do país, despertando o interesse do setor privado e dos governos estaduais.
Segundo estimativas da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), o Brasil pode substituir até 70% do diesel usado no transporte pesado com biometano, caso aproveite todo seu potencial de produção.
Isso revela que o problema não está na matéria-prima, mas sim na criação de um ambiente que incentive a geração, o escoamento e o consumo desse biocombustível.
O país produz cerca de 40 bilhões de metros cúbicos de biogás por ano, mas apenas uma fração é purificada para se transformar em biometano.
Portanto, existe uma oportunidade concreta para expandir essa cadeia produtiva e consolidar um novo setor energético de base nacional.
No Espírito Santo, esse processo acelerou-se com a aprovação, pela Assembleia Legislativa, de uma lei que reduz em até 85% o ICMS sobre a produção de biogás e biometano.
O governo estadual elaborou e enviou o projeto, que agora aguarda a sanção do governador Renato Casagrande. Portanto, essa medida fortalece a atratividade econômica para novos empreendimentos.
Incentivos estaduais e investimentos na produção
Casagrande já havia demonstrado compromisso com a pauta energética ao propor, em dezembro do ano anterior, a redução do ICMS sobre o consumo de gás natural veicular (GNV) e biometano de 17% para 12%.
Com isso, buscou equilibrar as alíquotas com as de outros estados, como Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco.
Além de incentivar o consumo, o Espírito Santo também atua para ampliar a infraestrutura de distribuição. A ES Gás, concessionária controlada pela Energisa, firmou um contrato com a Marca Ambiental para receber biometano em sua rede.
Assim, a planta responsável pelo fornecimento está em construção, com R$ 70 milhões em investimentos.
Esse modelo cria uma integração direta entre produção e distribuição, o que garante segurança, escala e previsibilidade no abastecimento.
Além disso, cooperativas agrícolas e prefeituras locais demonstram interesse em desenvolver projetos próprios, aproveitando resíduos antes ignorados.
A longo prazo, essa estratégia pode criar um ciclo virtuoso: o biometano reduz emissões, diminui a dependência de combustíveis fósseis e ainda movimenta a economia regional, gerando empregos e fortalecendo cadeias produtivas ligadas ao agronegócio e à gestão de resíduos.
Apoio federal e inserção no Fundo Clima
O incentivo ao biometano também avançou em nível federal. O governo incluiu o combustível no Plano Anual de Aplicação de Recursos (PAAR) do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (Fundo Clima), coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e operado pelo BNDES.
Por isso, o fundo conta com R$ 11,2 bilhões aprovados para 2025.
Essa inclusão permite financiar projetos ligados à mobilidade urbana sustentável e à transição energética.
Assim, isso beneficia ônibus e caminhões movidos a GNV/biometano, além de iniciativas que construam ou ampliem redes de transporte e distribuição.
Ao liberar recursos com juros subsidiados e prazos amplos, o Fundo Clima atrai mais investimentos privados e amplia a escala de produção.
Por isso, a confiança cresce entre empresários do setor, que passam a enxergar o biometano como um negócio de longo prazo e alta rentabilidade.
Além disso, a inclusão do biometano nas linhas de financiamento do BNDES representa um reconhecimento oficial de seu papel estratégico.
Isso estimula bancos privados, fundos verdes e investidores internacionais a apostarem no setor com mais segurança.
Expansão nacional e benefícios ambientais
Outro avanço importante veio com a decisão do Congresso Nacional de incluir o gás natural no escopo do Fundo Clima.
Os parlamentares derrubaram o veto que excluía esse energético, o que permite agora financiar estruturas de abastecimento de GNC e GNL. Dessa forma, isso contribui diretamente para uma rede mais robusta e acessível para o biometano.
Os benefícios ambientais do biometano são inúmeros. Ao transformar resíduos em energia limpa, esse biocombustível reduz a emissão de gases nocivos, evita a contaminação de solo e água e ainda fortalece uma economia circular. Dessa forma, essa lógica valoriza o reaproveitamento e reduz o desperdício.
Além disso, como o biometano ganha força, ele se conecta aos compromissos do Brasil no Acordo de Paris.
A legislação nacional prevê que, a partir de 2026, será obrigatória a mistura de biometano no gás natural canalizado, o que pode acelerar ainda mais sua expansão e uso cotidiano em diversas regiões.
Em paralelo, essa exigência legal deve impulsionar a modernização da rede de gás e o surgimento de novas tecnologias para purificação, compressão e armazenamento do biometano em todo o país.
Biometano ganha força: Caminho para o futuro da energia no Brasil
Com todos esses avanços, o Espírito Santo surge como referência no incentivo ao biometano. Políticas bem definidas, redução de tributos e investimentos em infraestrutura colocam o estado na vanguarda da energia renovável no país.
A combinação entre apoio público e participação do setor privado mostra que é possível construir um modelo energético mais limpo, eficiente e descentralizado.
À medida que mais estados e municípios adotarem estratégias semelhantes, o biometano continuará ganhando força em todo o território nacional.
Essa transformação exige continuidade, visão estratégica e comprometimento coletivo. Ao apostar no biometano, o Brasil avança em direção a uma matriz energética mais justa, resiliente e alinhada com os desafios climáticos do século XXI.
Gostaria de trabalhar nessa empresa, mas eu moro longe, palmas tocantins. Eu tenho curso em panificação, curso de atendimento, experiência em saladeira em atendimento, experiência em salgadeira.