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Big techs acusam Banco Central de concorrência desleal no Pix e levam denúncia ao governo dos Estados Unidos

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 21/08/2025 às 10:44
Big techs acusam Banco Central de concorrência desleal no Pix, que movimentou 63,8 bilhões de transações somente em 2024
Big techs acusam Banco Central de concorrência desleal no Pix, que movimentou 63,8 bilhões de transações somente em 2024
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Big techs acusam Banco Central de concorrência desleal no Pix. Entidade americana questiona atuação do BC e aponta riscos de exclusão do setor privado

O debate sobre o Pix ganhou novos contornos após um representante de big techs acusa Banco Central de promover concorrência desleal. Segundo documento obtido pela Folha de S. Paulo, a denúncia foi encaminhada ao governo dos Estados Unidos pelo Information Technology Industry Council (ITI), entidade que reúne gigantes da tecnologia, bandeiras de cartão e o sistema de pagamentos Swift.

O relatório, assinado pelo brasileiro Husani Durans de Jesus, afirma que o Banco Central opera o Pix e, ao mesmo tempo, define quem pode participar do mercado, o que criaria um conflito de interesse. A queixa foi apresentada ao USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA), que avalia supostas práticas anticoncorrenciais do Brasil.

O que está em disputa

Segundo o ITI, o Banco Central deveria separar sua função regulatória da operação direta do Pix. A entidade argumenta que, ao exigir investimentos obrigatórios, impor regras de destaque nos aplicativos e reter dados sensíveis das empresas, o BC acaba competindo com as companhias que regula.

No entanto, especialistas brasileiros em direito concorrencial contestam essa narrativa. Para eles, o Pix é uma infraestrutura pública, gratuita e aberta a qualquer participante que cumpra os requisitos técnicos e legais. “Não se trata de competição, mas de política pública de eficiência e inclusão”, avalia o advogado Ricardo Botelho, ouvido pela reportagem.

Impacto sobre empresas americanas

O documento cita casos como o da Apple, que ficou de fora do Pix por aproximação por não ter solicitado autorização formal ao BC. Para o ITI, isso mostra falta de flexibilidade regulatória e um risco de exclusão do setor privado.

Apesar das críticas, os números mostram que o Pix fechou 2024 com 63,8 bilhões de transações, consolidando-se como o meio de pagamento mais usado no Brasil. Isso representa não apenas a popularidade do sistema, mas também sua relevância estratégica para inclusão financeira.

Outras críticas além do Pix

O ITI também ampliou o ataque para outras áreas da regulação brasileira. O documento menciona a decisão do STF que responsabiliza plataformas por conteúdos ilegais, além da expansão da fiscalização da Anatel sobre data centers e comércio eletrônico. Segundo a entidade, essas medidas criam “encargos desproporcionais” para empresas americanas.

Por outro lado, organizações brasileiras como o Data Privacy Brasil afirmam que a denúncia não tem base legal e pedem a nulidade da investigação. Até agora, o USTR já recebeu mais de 250 manifestações de entidades e cidadãos dos dois países.

O que está em jogo para o Brasil e os EUA

O episódio revela um embate maior sobre soberania digital e regulação do mercado financeiro. Enquanto as big techs pressionam por regras mais flexíveis, o Banco Central e o governo brasileiro defendem que o Pix é uma política pública voltada à inclusão e à competição justa entre empresas que atuam no país.

A disputa pode influenciar futuras negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, principalmente em temas como inteligência artificial, tributação de grandes plataformas e combate à pirataria no setor de tecnologia.

Você acredita que o Banco Central deve flexibilizar as regras do Pix ou manter o modelo atual como política pública de inclusão? Deixe sua opinião nos comentários e participe do debate.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 7.000 artigos publicados nos sites CPG, Naval Porto Estaleiro, Mineração Brasil e Obras Construção Civil. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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