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Beber café, chá e outras bebidas muito quentes pode aumentar risco de câncer de esôfago, alertam pesquisas internacionais

Publicado em 21/08/2025 às 17:41
Café, Bebidas, Bebidas quentes
Imagem: Unsplash
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Pesquisas indicam que o consumo frequente de café, chá ou mate acima de 65 °C eleva significativamente o risco de câncer no esôfago

Seja café, chá ou qualquer outra bebida quente, o hábito é quase sempre um ritual reconfortante. Para muitos, a temperatura faz parte da experiência. No entanto, evidências científicas mostram que o consumo frequente de líquidos acima de certo limite pode trazer riscos à saúde. Pesquisas apontam uma ligação entre bebidas muito quentes e o câncer de esôfago.

O que dizem os estudos internacionais

Em 2016, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer classificou o consumo de líquidos acima de 65 °C como “provavelmente cancerígeno para humanos”.

A decisão colocou o hábito na mesma categoria de risco das emissões de fumaça de madeira em ambientes fechados e do consumo frequente de carne vermelha.

O relatório da agência concluiu que o problema está na temperatura, e não no tipo da bebida. Isso porque estudos realizados na América do Sul mostraram a relação entre o consumo de mate — geralmente ingerido a 70 °C — e o aumento de casos de câncer de esôfago.

Pesquisas semelhantes conduzidas no Oriente Médio, na África e na Ásia reforçaram os resultados, associando bebidas muito quentes ao desenvolvimento desse tipo de câncer.

Até recentemente, faltavam dados consistentes em populações da Europa e de países ocidentais.

Confirmação em estudo no Reino Unido

Uma pesquisa realizada neste ano com quase meio milhão de adultos britânicos trouxe novas evidências.

O levantamento mostrou que pessoas que consumiam oito ou mais xícaras por dia de chá ou café muito quente tinham quase seis vezes mais chances de desenvolver câncer de esôfago, em comparação com quem não mantinha esse hábito.

Portanto, não se trata apenas de costume cultural. A quantidade de bebida ingerida e a frequência também parecem ter papel decisivo no aumento do risco.

Como o calor afeta o esôfago

Beber líquidos muito quentes pode causar danos repetidos às células que revestem o esôfago.

Pesquisadores sugerem essa ligação desde a década de 1930. Com o tempo, essas lesões térmicas podem evoluir para alterações cancerígenas.

Em um estudo com camundongos propensos ao câncer, cientistas observaram que a ingestão de água a 70 °C acelerou o desenvolvimento de tumores pré-cancerígenos no esôfago, em comparação com animais que receberam água em temperaturas mais baixas.

Outra teoria é que o calor enfraquece a barreira natural do esôfago. Isso facilitaria a ação de substâncias agressivas, como o ácido gástrico do refluxo, aumentando a probabilidade de um dano crônico que pode evoluir para câncer.

Quantidade e velocidade importam

Além da temperatura, o tamanho do gole e a rapidez com que a bebida é ingerida influenciam o risco. Um estudo mediu a temperatura dentro do esôfago de voluntários que beberam café em diferentes condições.

O resultado mostrou que goles grandes, de 20 mililitros, aumentavam a temperatura interna em até 12 °C quando o líquido estava a 65 °C.

Esse aumento repentino pode causar lesões repetidas. Por isso, quanto maior a quantidade ingerida de uma vez, maior o impacto.

Um pequeno gole ocasional dificilmente causará problemas a longo prazo. Porém, a combinação de grandes quantidades, alta temperatura e consumo frequente aumenta de forma significativa as chances de desenvolver câncer de esôfago.

Qual é a temperatura ideal

As bebidas quentes costumam ser servidas em temperaturas muito próximas ao ponto de ebulição da água. Em cafeterias, por exemplo, não é incomum encontrar cafés a cerca de 90 °C, preparados para que o cliente os consuma mais tarde.

Nos Estados Unidos, pesquisadores calcularam a temperatura ideal para equilibrar sabor e segurança. O número encontrado foi 57,8 °C.

Acima desse valor, cresce o risco de danos ao esôfago. Abaixo disso, a experiência sensorial da bebida pode ser comprometida.

Como reduzir os riscos

Existem formas simples de reduzir a temperatura antes de beber. Mexer o líquido, soprar suavemente e abrir a tampa de copos de viagem aceleram o resfriamento.

Estudos mostram que uma bebida com tampa aberta esfria até duas vezes mais rápido.

Outra alternativa é misturar um pouco de água fria ou leite, diminuindo a temperatura final sem prejudicar o sabor.

Além disso, esperar alguns minutos faz diferença: a temperatura de um café recém-preparado pode cair de 10 a 15 °C em cinco minutos.

O mais importante é beber com calma. Pequenos goles ajudam a testar a temperatura e evitam lesões maiores no esôfago.

Essa prática simples pode reduzir bastante os riscos associados ao consumo de bebidas muito quentes.

Um alerta necessário

Os dados mais recentes confirmam uma preocupação antiga: o calor excessivo pode ser prejudicial.

Embora o hábito de beber café ou chá faça parte da vida de milhões de pessoas, prestar atenção à temperatura pode ser decisivo para a saúde.

Portanto, deixar a xícara esfriar alguns minutos e evitar grandes goles é uma atitude que protege o esôfago.

O sabor continua presente, mas o risco diminui. Afinal, cuidar de pequenos detalhes pode fazer grande diferença ao longo dos anos.

Com informações de Revista Galileu.

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Romário Pereira de Carvalho

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