Especialistas alertam que milhares de baterias de veículos elétricos no Reino Unido permanecem estocadas sem destino, expondo falhas em reciclagem e infraestrutura nacional
Milhares de baterias de veículos elétricos e de sistemas de armazenamento de energia estão se acumulando no Reino Unido. Segundo especialistas, a situação mostra lacunas importantes na cadeia de suprimentos e na infraestrutura de reciclagem do país.
Estoque crescente sem destino
Até 90% das mais de 23,5 mil baterias que chegaram ao fim da vida útil estão apenas armazenadas. Elas não são recicladas nem reutilizadas, segundo estimativas da startup Altilium em parceria com a recell.store, um marketplace online.
“Esse estoque latente de baterias é um problema sério e crescente”, disse Christian Marston, diretor executivo da Altilium.
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Além disso, a Europa como um todo enfrenta dificuldades de reciclagem. Porém, analistas alertam que o Reino Unido pode ficar ainda mais para trás, já que não possui uma indústria nacional de baterias forte para veículos elétricos.
Origem das baterias paradas
A maioria das baterias acumuladas vem de modelos iniciais de carros elétricos e de veículos que sofreram perda total em acidentes. Cerca de 30% são de projetos de armazenamento de energia, ainda segundo a startup.
Portanto, mesmo que o número de carros elétricos no fim de vida útil ainda seja baixo, o estoque aumentou bastante. A maior penetração de veículos movidos a bateria tem feito esse volume crescer continuamente.
Chris Hazell, diretor da Fellten, empresa que reaproveita baterias para soluções de armazenamento, disse que os estoques já estão em um ponto em que a reciclagem poderia se tornar viável.
Economia que trava o processo
O problema econômico pesa. A queda no preço das matérias-primas tornou a reciclagem pouco atrativa. Baterias usadas contêm metais valiosos, como lítio e níquel. Contudo, o preço do lítio despencou desde 2022.
Julia Harty, da agência Fastmarkets, destacou que as baterias de fosfato de ferro-lítio, usadas em muitos veículos, têm baixo valor de reciclagem atualmente.
Exportar a chamada “massa negra” — material triturado das baterias — também não resolve. O processo é caro, burocrático e perigoso. As baterias de íon-lítio representam risco de incêndio, o que dificulta até conseguir seguro para transporte.
“Baterias são caras para descartar e não podem ir para aterros, mas triturar pacotes de veículos elétricos também custa caro”, afirmou Max Reid, analista da CRU.
Falta de infraestrutura no país
Embora o Reino Unido tenha capacidade de trituração, não existe refinamento comercial. Isso significa que o material precisa ser enviado ao exterior, aumentando custos e riscos.
Além disso, executivos do setor culpam a ausência de regras claras. Um mosaico de regulamentações e padrões atrapalha o avanço da reciclagem.
“Não há governança, regulamentação ou processo para as pessoas seguirem… então as baterias simplesmente não vão a lugar nenhum”, disse Alan Bastey, especialista em veículos elétricos da Zenith, parceira da Altilium.
Segundo ele, parte das baterias circula em mercados paralelos, com riscos de segurança. Algumas aparecem até no eBay.
Em outro caso, baterias vendidas para uma empresa de salvados estavam apenas em contêineres, degradando-se e oferecendo risco ambiental.
Baterias de elétricos: ações das montadoras
Algumas montadoras têm programas próprios. A Jaguar Land Rover afirmou que armazena baterias usadas em seu programa de reutilização ou as envia para reciclagem com parceiros.
A Nissan também coleta gratuitamente baterias que chegaram ao fim da vida útil, destinando-as para reaproveitamento ou reciclagem.
Portanto, enquanto algumas iniciativas privadas tentam dar destino adequado às baterias, a falta de uma cadeia estruturada no país ainda trava a solução do problema.
Com informações de Folha de São Paulo.