Modelos de segunda mão chamam atenção não apenas pelo estilo ou desempenho, mas também por custos elevados de manutenção, peças difíceis de encontrar e histórico de recalls que exigem cautela de quem pensa em comprar.
Quatro modelos de segunda mão costumam surpreender compradores pelo custo de manutenção, disponibilidade de peças e complexidade técnica.
Ford Fusion Hybrid, Land Rover Discovery 4, Chevrolet Captiva e Fiat 500 se destacam não só pelo desenho ou desempenho, mas por contas que exigem planejamento antes da compra.
Em comum, reúnem manutenção mais cara que a média, histórico de campanhas de recall e itens que dependem de mão de obra especializada.
-
5 utilitários usados a partir de R$ 25 mil que estão em alta em 2025 e viraram aliados de quem trabalha com entregas
-
Custando R$ 24 mil, Honda Civic 1.7 16V automático usado entrega 115 cv, consumo de até 12 km/l, suspensão independente nas 4 rodas e câmbio de 4 marchas sem trancos
-
Honda HR-V RS híbrido estreia no Japão com motor 1.5, 129 cv, torque de 25,8 kgfm e preço a partir de R$ 131 mil; versão pode antecipar SUV eletrificado no Brasil
-
Chevrolet Onix Plus 2026 corrige problemas e agora faz 18,5 km/l com novo visual, faróis full-LED e central de 11″, mas segue devendo em segurança
No caso do Fusion, não há confirmação pública recente do valor de “R$ 70 mil” para a bateria de alta tensão.
Referências confiáveis indicam faixas entre R$ 32,5 mil e R$ 39,5 mil, e a peça tem garantia de 8 anos ou 160.000 km.
Custos elevados em carros usados: os principais fatores
Tecnologias específicas e caras — como sistemas híbridos e suspensão pneumática — elevam preços de componentes e exigem técnicos certificados.
Quando a rede de oficinas é limitada, o efeito aparece no orçamento e no tempo de imobilização do carro.
Modelos fora de linha sofrem ainda mais com prazos de reposição.
Verificar recalls, histórico de serviços e eventuais garantias remanescentes ajuda a reduzir riscos e a estimar despesas futuras com maior precisão.
Ford Fusion Hybrid (2013–2020): bateria cara e diagnóstico especializado
O híbrido da Ford se tornou referência de conforto e consumo, mas a bateria de alta tensão é o item que mais pesa quando sai da cobertura.
Valores consultados em fontes públicas e reportagens setoriais ficam na casa de R$ 32,5 mil a R$ 39,5 mil, podendo variar conforme câmbio e disponibilidade.
A garantia de fábrica para a bateria de tração é de 8 anos ou 160.000 km, desde que as manutenções estejam em dia, o que ainda cobre parte dos exemplares mais novos vendidos no país.
Não há comprovação pública recente do número de R$ 70 mil para a troca do conjunto no Brasil.
Antes de fechar negócio, vale solicitar scanner apropriado e laudo do sistema híbrido, além do histórico de revisões.
Também ajuda entender a arquitetura elétrica do carro.
Módulos e ar-condicionado podem interagir com o circuito de alta tensão e exigir diagnóstico qualificado.
Em muitos casos, o cálculo de custo total de propriedade passa por uma conta simples: quanto combustível se economiza ao longo do uso e quanto custaria substituir a bateria fora da garantia.
Land Rover Discovery 4 (2010–2016): conforto e força com contas de SUV premium
A proposta do Discovery 4 combina cabine silenciosa, materiais de bom nível e capacidade fora de estrada real.
Por outro lado, suspensão a ar, transmissão robusta e motorizações — com destaque para as versões diesel — elevam custos de peças e mão de obra.
O modelo soma campanhas de recall que pedem atenção.
Em julho de 2016, a Land Rover convocou o Discovery 4 (2012–2013) para substituir o sensor de posição do virabrequim, falha que poderia causar perda de sinal e desligamento do motor.
Mais recentemente, em julho de 2025, houve recall para verificação do engate para reboque e, se necessário, instalação gratuita do kit de suporte de retenção.
Na avaliação de uma unidade usada, o primeiro passo é conferir todas as campanhas de recall pelo chassi.
Em seguida, checar — com notas e peças discriminadas — se serviços de grande porte já foram executados, sobretudo em correias, periféricos e suspensão pneumática.
A decisão de compra costuma depender de dois fatores: rede de confiança (oficinas e fornecedores) e folga de orçamento para manutenções que, quando aparecem, raramente são baratas.
Chevrolet Captiva (2008–2017): V6 seduz, câmbio assusta
Importada do México desde 2008, a Captiva atrai pelo porte e conforto.
As versões V6 marcaram a chegada do modelo, mas concentraram relatos de falhas crônicas no câmbio automático de seis marchas (família 6T70), com trancos, demora nas trocas e até quebras.
Guias de usados e reportagens especializadas registram casos recorrentes e serviços caros quando a transmissão exige reparo completo.
Para uso diário, o consumo elevado das V6 pesa na planilha.
Quem prioriza previsibilidade costuma buscar exemplares 2.4 de quatro cilindros bem mantidos e com histórico documental.
No test-drive, qualquer ruído de suspensão e tranco nas trocas serve de alerta para investigação.
Vale lembrar que, apesar das melhorias ao longo dos anos, a reputação do conjunto V6/automático encarece a posse e restringe opções de oficinas que topam o reparo de ponta a ponta.
Fiat 500 (2010–2017): charme não paga peça parada
O Fiat 500 conquistou público pelo estilo, pelo acabamento acima da média do segmento e pela dirigibilidade.
Nos bastidores, porém, proprietários relatam lacunas no pós-venda e escassez de peças em determinados lotes, especialmente nas unidades polonesas vendidas no início da trajetória brasileira.
A versão mexicana, que passou a abastecer o Brasil a partir de 2011/2012, ganhou fama de ser menos problemática, mas não ficou imune a queixas.
Um ponto sensível é a coluna de direção.
Há casos em que o reparo exige troca completa do conjunto.
Também pedem atenção as versões com câmbio automatizado (Dualogic) e a suspensão em pisos irregulares.
Na inspeção pré-compra, vale confirmar a origem do chassi e priorizar carros com manutenção documentada.
Consultar eventuais recalls pelo número do chassi é etapa obrigatória.
Por fim, uma vistoria minuciosa deve cobrir direção, teto solar e módulos eletrônicos, itens que, quando dão defeito, podem reter o carro por falta de componente específico.
Como reduzir riscos e planejar os gastos
Planejamento realista faz diferença.
Um caminho é montar uma planilha de peças críticas para cada modelo avaliado, incluindo bateria de tração, transmissão, suspensão pneumática e direção elétrica.
Em vez de suposições, use preços verificados em fontes públicas e considere garantias remanescentes.
No Fusion, por exemplo, a cobertura de 8 anos/160.000 km pode excluir um gasto grande do seu horizonte.
Também pesa checar pendências de recall e a disponibilidade de oficinas especializadas na sua região.
Quando não for possível confirmar de forma segura um valor-chave de reparo — como o preço atualizado de uma bateria de alta tensão fora da garantia — a prudência recomenda rever a escolha ou ampliar o orçamento de contingência.
E, sempre que viável, faça uma avaliação pré-compra com quem domina o sistema do carro em questão.
Depois de mapear custos, histórico e suporte técnico, qual desses usados ainda entra na sua lista — e por qual motivo?