Base antiterrorista na Tríplice Fronteira terá apoio do FBI e deve atuar contra redes ligadas ao Hezbollah, além de reforçar o combate ao tráfico transnacional e facções como PCC e Comando Vermelho.
O Paraguai vai instalar um centro antiterrorista com apoio do FBI na Tríplice Fronteira com Brasil e Argentina, voltado a redes associadas ao Hezbollah e ao combate ao crime organizado.
O anúncio foi feito pelo ministro do Interior, Enrique Riera, em entrevista concedida à CNN Brasil.
“O Paraguai terá um centro antiterrorista com apoio do FBI. Nós declaramos o Hezbollah como uma organização terrorista, e não somente os homens armados, como todos os membros do partido”, afirmou Riera.
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Segundo ele, a estrutura também terá foco no enfrentamento a facções criminosas, por entender que terrorismo e crime organizado estão interligados.
Operação na Tríplice Fronteira
De acordo com informações divulgadas pela CNN Brasil, a unidade contará com 15 agentes treinados pelo FBI e terá sua base operacional no lado paraguaio da Tríplice Fronteira, com coordenação a partir de Assunção.
O centro deve atuar em coleta de inteligência, intercâmbio de informações e em operações conjuntas com autoridades de Brasil e Argentina.
Hezbollah classificado como organização terrorista
O Paraguai já reconhece o Hezbollah como organização terrorista desde 2019.
A decisão foi reforçada pelas autoridades como justificativa para ampliar a cooperação internacional em segurança.
Essa classificação serve de base jurídica para ações conjuntas com os Estados Unidos e outros parceiros no combate ao financiamento ilícito.
Acordo migratório entre Paraguai e Estados Unidos
O anúncio da nova base ocorreu na mesma semana em que Assunção e Washington assinaram, em 14 de agosto de 2025, um memorando de entendimento que institui um Acordo de Terceiro País Seguro.
O documento foi firmado pelo secretário de Estado Marco Rubio e pelo chanceler paraguaio Rubén Ramírez Lezcano, em cerimônia realizada em Washington.
Pelo acordo, solicitantes de asilo que hoje estão nos EUA poderão apresentar seus pedidos no Paraguai, como parte de um esforço para redistribuir a pressão migratória.
Segundo as autoridades norte-americanas, o objetivo é desafogar a fronteira com o México e reforçar a cooperação com países da região.
O governo paraguaio, por sua vez, destacou que a parceria fortalece os laços bilaterais e integra sua agenda de colaboração em migração e segurança.
Facções brasileiras e o tráfico transnacional
A região da Tríplice Fronteira é considerada uma das principais rotas do tráfico de drogas na América do Sul, utilizada por facções brasileiras como o PCC e o Comando Vermelho.
As organizações exploram corredores rodoviários e fluviais para o transporte de cocaína e maconha, além de rotas usadas para armas e contrabando.
Estudos e operações recentes apontam que essas facções mantêm redes de logística, armazenamento e lavagem de dinheiro, parte delas conectada a mercados internacionais.
A intensificação da presença de forças conjuntas e de mecanismos de inteligência é vista por autoridades como fundamental para frear a expansão dessas estruturas criminosas.
Endurecimento da política antidrogas dos EUA
O movimento paraguaio acontece em paralelo ao endurecimento da política migratória e antidrogas nos Estados Unidos.
O governo norte-americano tem ampliado o protagonismo de agências federais e, em alguns casos, o emprego de meios militares em operações contra cartéis e no bloqueio de fluxos de drogas sintéticas, especialmente o fentanil, responsável pela crise de opioides no país.
Para críticos da estratégia, parte dela representa uma tentativa de terceirizar a gestão migratória, transferindo responsabilidades para países da América Latina.
Já Washington argumenta que os acordos fortalecem a cooperação internacional e criam novos canais para enfrentar ameaças comuns.
Próximos passos e cooperação regional
O ministro Enrique Riera afirmou que a base terá papel duplo, funcionando como centro de contraterrorismo e de combate ao crime organizado.
Ele ressaltou que a efetividade dependerá da integração com forças de segurança de Brasil e Argentina, além do apoio técnico e logístico dos Estados Unidos.
Na fronteira brasileira, operações conjuntas e a troca de dados seguem como instrumentos centrais.
O histórico do Comando Tripartite, que reúne agentes dos três países, é visto como exemplo de que a cooperação diária pode gerar resultados expressivos em apreensões e na desarticulação de rotas criminosas.
Ao destacar o plano, a CNN Brasil lembrou que a região é um ponto estratégico tanto para organizações criminosas quanto para redes internacionais de financiamento ilícito, o que reforça a importância de um centro especializado com apoio estrangeiro.
Diante desse cenário, a presença de uma base antiterrorista na Tríplice Fronteira, coordenada com o FBI, deve alterar a dinâmica local de segurança.
A questão que permanece é: como essa cooperação internacional vai impactar diretamente a vida das cidades brasileiras próximas à fronteira?