Reconhecida como uma das maiores conquistas de engenharia da história moderna, a maior hidrelétrica do mundo é símbolo do avanço industrial chinês — mas também um dos projetos mais controversos do século.
A China, maior país da Ásia e líder em população mundial, construiu ao longo das últimas décadas uma reputação como potência industrial e tecnológica. Entre os grandes feitos de engenharia do país está a Barragem das Três Gargantas, considerada a maior usina hidrelétrica do planeta, tanto em tamanho quanto em capacidade de geração de energia.
Localizada no imenso rio Yangtzé — o mais extenso da Ásia e quase tão longo quanto o rio Amazonas — essa barragem levou 18 anos para ser finalizada. As obras começaram oficialmente em 1994 e só atingiram sua capacidade total em 2012. O projeto custou cerca de 32 bilhões de dólares e envolveu a mobilização de mais de 40 mil trabalhadores ao longo dos anos.
28 milhões de metros cúbicos de concreto e 463 mil toneladas de aço
Com 2,3 km de comprimento e 185 metros de altura, a barragem foi construída com mais de 28 milhões de metros cúbicos de concreto e 463 mil toneladas de aço — o suficiente para erguer 66 torres Eiffel. O reservatório formado pelo projeto pode armazenar até 40 km³ de água, um volume tão gigantesco que seu peso chegou a alterar sutilmente a rotação da Terra, encurtando o dia em 0,06 microssegundos.
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Além de gerar energia limpa e colossal, o projeto cumpre outro papel fundamental: evitar catástrofes naturais causadas pelas enchentes históricas do rio Yangtzé, que já provocaram a morte de dezenas de milhares de pessoas no século passado. Foi exatamente esse objetivo — evitar novas tragédias — que impulsionou a retomada da ideia ainda nos anos 90, após décadas de atrasos devido à guerra civil e à revolução cultural.
Turbinas que trabalham arduamente
A produção de energia começou em 2003 e cresceu com a ativação progressiva das turbinas, totalizando 32 unidades principais e dois geradores adicionais. Em 2020, a usina bateu um recorde mundial ao produzir 111,88 TWh (terawatts-hora), energia suficiente para abastecer 60 milhões de chineses.
Outro grande feito impressionante está na área de transporte. A barragem transformou a navegação fluvial no interior do país. Foram instaladas duas séries de eclusas com cinco níveis cada e um elevador de navios de 120 metros, capaz de erguer embarcações de até 3 mil toneladas.
Isso permite que cargueiros oceânicos naveguem por até 2.250 km no interior chinês, partindo do mar até regiões antes inacessíveis. Atualmente, mais de 150 navios de carga passam diariamente pela barragem, reduzindo custos logísticos e promovendo o comércio regional.
No entanto, nem tudo são conquistas. A construção gerou fortes impactos ambientais e sociais. Mais de 1,3 milhão de pessoas foram desalojadas devido à elevação das águas. Sítios arqueológicos e paisagens inteiras desapareceram sob o reservatório, gerando críticas nacionais e internacionais. Além disso, cerca de metade da flora local está ameaçada, e sedimentos essenciais para regiões como Xangai — a 1.600 km de distância — estão sendo retidos, o que pode comprometer o ecossistema no longo prazo.
Apesar desses desafios, o governo chinês acredita que os benefícios superam os impactos negativos. A energia gerada substitui parte do uso de carvão e reduz significativamente as emissões de gases do efeito estufa. O projeto também fornece água para cidades e áreas agrícolas próximas, consolidando a barragem como um dos pilares do desenvolvimento sustentável do país.
Impactos positivos da barragem das Três Gargantas:
- Geração de energia limpa e renovável para 60 milhões de pessoas
- Redução de enchentes históricas no rio Yangtzé
- Melhoria do transporte fluvial e aumento da capacidade logística
- Estímulo ao crescimento econômico e redução das emissões de CO₂
Mesmo com todas as controvérsias, a Barragem das Três Gargantas já está registrada na história como um símbolo de ambição, inovação e sacrifício. Sua grandiosidade simboliza não apenas a força econômica da China, mas também o dilema que muitos países enfrentam: como equilibrar progresso e preservação ambiental.