BC reposiciona o Drex, foco em crédito e circulação de ativos tokenizados, com primeira versão prevista para 2026 e, no início, sem blockchain.
O Banco Central mudou a rota do Drex. O projeto, que nasceu como “real digital”, deixou de ser enquadrado como uma CBDC tradicional para se tornar uma plataforma de tokenização voltada a crédito, garantias e outros ativos financeiros. Em junho de 2025, durante a Febraban Tech, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, foi direto: “o Drex não é exatamente uma CBDC como a literatura trata”, sinalizando a guinada conceitual e prática do programa.
A mudança também decorre de resultados do piloto e de um cenário de pagamentos já coberto por soluções como o Pix. O Banco Central concluiu a primeira fase do piloto em fevereiro de 2025 e reforçou no relatório oficial que arquitetura, privacidade e segurança são pilares sensíveis do desenho. A nova ênfase do projeto abre espaço para que bancos e fintechs usem tokens de recebíveis, títulos ou garantias para acelerar crédito e reconciliar informações entre instituições.
Na prática, o Drex passa a mirar eficiência nos “bastidores” do sistema financeiro. Em 2025, o BC anunciou uma 3ª fase do piloto com foco específico em garantias de crédito, um passo que antecipa o uso comercial de tokens para reduzir assimetrias de informação e liberar recursos mais rápido.
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O que mudou: de “real digital” a plataforma de tokenização
A guinada do Drex responde a limitações tecnológicas vistas nos testes e a prioridades regulatórias. Em vez de emitir uma versão digital do real com uso amplo pelo público, o Banco Central decidiu priorizar infraestrutura para tokenização de ativos e reconciliação de gravames (garantias de operações). Essa mudança foi detalhada em reportagens recentes que ouviram autoridades e participantes do piloto e consolidaram o novo enquadramento do projeto.
Em agosto de 2025, veículos de referência no noticiário econômico destacaram que a primeira versão, prevista para 2026, será voltada a serviços internos do sistema, sem blockchain e sem tokenização ao público no lançamento, com foco em resolver problemas concretos de crédito e registro. A diretriz coloca o Drex como camada de infraestrutura e não como “moeda para o dia a dia” nesta fase inicial.
Mesmo com o reposicionamento, o objetivo de longo prazo permanece: digitalizar ativos com segurança jurídica, interoperabilidade e automação por smart contracts quando a tecnologia atender aos requisitos de conformidade. O próprio BC mantém documentação técnica e diretrizes que ancoram essa visão de plataforma.
Privacidade e LGPD: por que a blockchain ficou de fora (por enquanto)
O calcanhar de Aquiles dos testes foi a privacidade. Desde 2023, o coordenador do projeto, Fábio Araújo, reconhece publicamente que as soluções avaliadas, inclusive blockchain permissionada (Hyperledger Besu), não atingiram o nível de privacidade exigido pela LGPD e pelo sigilo bancário. O tema travou cronogramas e exigiu rediscussão da arquitetura.
No Relatório da Fase 1 do piloto (fev. 2025), o BC registrou os desafios de privacidade, proteção de dados e segurança, reforçando que o avanço depende de aderência total à legislação. Outras comunicações oficiais do BC e de parceiros do ecossistema reiteraram que o projeto só seguirá com tecnologias capazes de preservar dados de clientes sem abrir mão de auditabilidade e conformidade. Privacidade deixou de ser “requisito desejável” e virou pré-condição.
Nesse contexto, a autoridade monetária optou por um início mais restrito, sem DLT, enquanto amadurece alternativas que conciliem programabilidade com confidencialidade, tema que segue em avaliação técnica no Brasil e no exterior. A expectativa do mercado é que o uso de smart contracts e eventuais redes distribuídas seja reavaliado quando houver provas de conformidade e escala.
Calendário e impacto: o que chega em 2026 e quem ganha com isso
O plano atual mira uma primeira versão em 2026 com foco em reconciliação de garantias e casos de uso de crédito entre instituições. A promessa é reduzir fricções em checagens, baixa de gravames e registro de garantias, passos que, digitalizados, podem fazer o crédito sair em segundos, com menos custo operacional e risco menor.
Para bancos e fintechs, a plataforma tende a ser o “Pix dos bastidores”: menos voltada ao varejo neste início e mais à infraestrutura. A redução de assimetrias informacionais e a executabilidade de garantias podem ampliar o acesso a crédito para PFs e PMEs, uma demanda antiga do mercado. Reportagens recentes reforçam essa leitura pragmática do BC.
O consumidor final não verá, por ora, um “app do real digital”. Mas pode sentir os efeitos via crédito mais rápido, taxas potencialmente menores e produtos financeiros com liquidação e custódia tokenizada no back-office. A escalada para casos mais amplos dependerá de governança, interoperabilidade e, sobretudo, de privacidade em nível LGPD.
Você acha que o Drex está trilhando o caminho certo ao priorizar infraestrutura e privacidade, mesmo começando sem blockchain e longe do usuário final, ou o BC deveria insistir no conceito original de “real digital” para competir com stablecoins e carteiras privadas? Comente abaixo!
Deus nos livre do Drex! Moeda digital não funciona