Banco Central dispõe de R$ 157 bilhões em swaps para conter o dólar, mas Campos Neto adota cautela – Estima-se que o estoque disponível para intervenção seja da ordem de R$ 150 a 160 bilhões, o que daria fôlego imediato para suavizar movimentos bruscos.
O câmbio voltou ao centro das atenções no Brasil. Com a escalada recente do dólar e a volatilidade nos mercados internacionais, o Banco Central dispõe de um arsenal robusto para atuar: os swaps cambiais, operações que funcionam como uma espécie de seguro contra a variação da moeda americana. Estima-se que o estoque disponível para intervenção seja da ordem de R$ 150 a 160 bilhões, o que daria fôlego imediato para suavizar movimentos bruscos.
Apesar disso, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem optado por uma postura cautelosa, usando os instrumentos apenas de forma seletiva e sinalizando que a política monetária não pode se tornar refém da volatilidade cambial. Essa escolha desperta debates entre economistas, investidores e empresários: até que ponto o país deve segurar o dólar, e qual é o custo de intervir em excesso?
O que são swaps cambiais e como funcionam
O swap cambial é uma operação em que o Banco Central oferece contratos de troca de rentabilidade: o investidor recebe a variação do dólar e paga a taxa de juros doméstica (geralmente atrelada ao CDI).
-
Trump transforma vistos nos EUA em negócio milionário com Gold Card e taxa inédita
-
Como São Paulo superou Bahia, Pernambuco e Maranhão, saltou de 9ª maior cidade para potência econômica e virou a locomotiva do Brasil
-
Governo lança ofensiva bilionária com isenção de impostos para trazer data centers globais, projeta R$ 2 trilhões em investimentos e aposta em transformar o Brasil no coração digital da América Latina
-
Com investimento de US$ 9 milhões, empresário brasileiro aproveita energia barata e impostos leves para abrir fábrica de embalagens e pallets no Paraguai
Na prática, é como se o BC vendesse dólares “sintéticos” sem mexer nas reservas internacionais.
Esse mecanismo tem duas funções principais:
- Dar hedge a empresas e bancos que precisam se proteger de variações abruptas da moeda.
- Conter movimentos especulativos que pressionam a taxa de câmbio em momentos de crise.
O Brasil é referência mundial nesse tipo de instrumento. Em 2013, por exemplo, no auge da turbulência dos mercados emergentes, o BC lançou um programa diário de swaps que ajudou a estabilizar a moeda. Desde então, a ferramenta se consolidou como arma de prontidão em crises.
O estoque disponível e os números de 2025
Atualmente, o estoque de swaps em aberto está em torno de US$ 80 bilhões, segundo dados recentes divulgados pelo Banco Central.
Isso equivale a mais de R$ 400 bilhões na cotação atual, mas o espaço líquido disponível para novas operações gira na casa dos R$ 150 a 160 bilhões — valor aproximado que representa a capacidade de intervenção sem comprometer a gestão macroeconômica.
Além disso, o Brasil possui reservas internacionais superiores a US$ 350 bilhões, que funcionam como uma camada adicional de segurança. Ou seja: se o país quisesse, poderia enfrentar especulação intensa por meses, apenas usando seus colchões de liquidez.
Campos Neto e a estratégia da cautela
Apesar do arsenal, Campos Neto tem repetido em entrevistas e pronunciamentos que a função do BC não é “fixar” o câmbio, mas apenas reduzir a volatilidade excessiva. Segundo ele, a taxa de câmbio deve refletir os fundamentos econômicos, e qualquer tentativa de ancoragem artificial seria insustentável no longo prazo.
Na prática, o BC tem feito leilões pontuais de swap cambial quando o dólar ameaça romper patamares sensíveis, como R$ 6,00, mas evita programas diários volumosos. A postura contrasta com momentos anteriores, como no governo Dilma Rousseff, quando a autoridade monetária interveio de forma quase permanente para tentar segurar a moeda.
Essa estratégia reflete a visão de Campos Neto de que o dólar alto também tem efeitos positivos: aumenta a competitividade das exportações e ajuda a reequilibrar as contas externas. A intervenção, portanto, deve ser limitada a episódios de pânico ou especulação.
O dilema: intervir mais ou preservar munição?
Economistas estão divididos. Para uma parte do mercado, o BC deveria ser mais agressivo para dar previsibilidade ao câmbio e reduzir o impacto imediato sobre a inflação. Afinal, cada disparada do dólar encarece combustíveis, alimentos e insumos importados.
Por outro lado, especialistas lembram que gastar munição em excesso pode sair caro. Swaps cambiais geram custos fiscais quando o dólar cai após a intervenção, pois o Tesouro precisa arcar com a diferença. Em 2020, por exemplo, o governo teve perdas bilionárias com esses contratos.
Assim, a estratégia cautelosa tem uma lógica: preservar os instrumentos para momentos realmente críticos, evitando desperdiçar poder de fogo em movimentos temporários.
A pressão política e os impactos no dia a dia
Não é apenas o mercado financeiro que acompanha essa disputa. A alta do dólar pressiona o setor produtivo, especialmente a indústria que depende de insumos importados e o agronegócio que financia máquinas e defensivos cotados em moeda estrangeira.
No Congresso, há parlamentares pedindo ação mais firme do BC para reduzir a incerteza cambial. Ao mesmo tempo, o governo federal, focado em manter a inflação sob controle sem elevar ainda mais os juros, vê no câmbio uma variável sensível que pode jogar contra a política econômica.
A postura de Campos Neto, portanto, equilibra dois mundos: mostrar independência frente às pressões políticas e, ao mesmo tempo, sinalizar ao mercado que o BC tem munição, mas não vai gastá-la sem necessidade.
Um olhar histórico
A história recente mostra que o Brasil costuma usar os swaps em momentos de estresse global:
- Em 2013, com o “taper tantrum” nos EUA, o BC lançou programa de US$ 100 bilhões em swaps.
- Em 2018, na greve dos caminhoneiros e nas incertezas eleitorais, voltou a atuar fortemente.
- Em 2020, com a pandemia, as intervenções foram decisivas para evitar fuga de capitais ainda maior.
Comparado a esses episódios, a atuação atual parece bem mais contida. Isso reforça a leitura de que Campos Neto busca diferenciar sua gestão pela parcimônia.
O Brasil tem munição suficiente para intervir no câmbio — swaps cambiais robustos e reservas internacionais elevadas. Mas Roberto Campos Neto prefere usar esse arsenal com cautela, apenas em momentos pontuais, evitando o risco de comprometer o caixa público ou criar dependência artificial.
A estratégia divide opiniões: de um lado, protege o Banco Central de críticas futuras sobre gastos excessivos; de outro, deixa a indústria e a população expostas a um dólar volátil que pressiona preços e corrói a renda.
O presidente atual do BC nao é o Roberto Campos Neto !
Vamos corrigir ?