Com a mudança liderada pelo Banco Central, a Nova Plataforma de Cobrança obriga identificação completa do pagador e do beneficiário para reduzir fraudes, agilizar a compensação e dar rastreabilidade a todos os boletos no país.
O Banco Central determinou o fim do boleto sem registro e passou a exigir, em todas as cobranças, a identificação por CPF ou CNPJ do pagador e do beneficiário. A medida, implementada gradualmente a partir de 2017 na Nova Plataforma de Cobrança, busca modernizar o sistema e fechar brechas usadas em golpes como o do boleto falso, em que dados são adulterados para desviar pagamentos.
Na prática, todo boleto agora nasce registrado em base centralizada e auditável. Isso muda o fluxo de emissão, liquidação e contestação, melhora a prova em caso de disputa e possibilita serviços como segunda via com valores atualizados, integração com Pix e comunicação automatizada de vencimentos.
O que muda para empresas e consumidores
A extinção do boleto sem registro elimina o documento que só “aparecia” para o banco no momento do pagamento. Antes, o emissor gerava a cobrança com tarifa menor e sem cadastro prévio.
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O problema é que a identificação tardia dificultava o rastreamento e favorecia fraudes, além de inviabilizar o protesto em caso de inadimplência.
Com o registro obrigatório, cada título traz nome e CPF ou CNPJ do pagador e do beneficiário, valor e data de vencimento.
O resultado é um rastro completo desde a emissão até a compensação, com validações automáticas na Câmara Interbancária de Pagamentos.
Para o consumidor, isso significa conferir no aplicativo do banco se os dados do beneficiário batem com quem realmente vendeu o serviço.
Para o emissor, a gestão de recebíveis fica mais previsível e auditável.
Como a Nova Plataforma de Cobrança reduz fraudes
O registro cria uma camada de verificação que confronta o boleto apresentado no caixa, no internet banking ou no app com o que está cadastrado no sistema.
Se houver divergência, o pagamento é barrado e o cliente recebe alerta para checagem.
Esse mecanismo atinge diretamente o golpe do boleto adulterado, muito comum quando criminosos interceptam e-mails e trocam a linha digitável.
A exigência de CPF ou CNPJ também eleva o custo do crime. Fraudadores precisam associar uma boa-fé identificável a cada boleto falso, o que facilita investigações e responsabilização.
A centralização dos dados, além disso, melhora o trabalho dos bancos na detecção de padrões anômalos e redução de tentativas repetidas de fraude.
Impacto operacional e financeiro para quem emite
Para empresas, MEIs e autônomos que usavam o sem registro por ser mais barato, há ajustes de processo e de custo.
O emissor precisa enviar o arquivo de registro ao banco na criação do título e manter a base de sacados atualizada.
Em contrapartida, ganha funcionalidades antes indisponíveis, como baixa automática, abatimento, juros de mora parametrizados e segunda via com cálculo de atualização.
No fluxo de caixa, o ganho vem da compensação mais rápida e previsível, inclusive com a possibilidade de conciliar recebimentos via Pix referenciando o boleto.
Para carteiras com alto volume, a automação reduz erros e tempo de reconciliação, melhorando indicadores de inadimplência e de recuperação de crédito.
E se aparecer “boleto não registrado”
Mesmo com a regra, o aviso “não registrado” ainda pode surgir por falha de processamento ou fraude. Nesses casos, o procedimento é objetivo.
Não pague o documento. Confirme diretamente com o beneficiário pelos canais oficiais e solicite o reenvio.
Persistindo a suspeita, registre reclamação no banco e denuncie ao Banco Central.
Erros legítimos de cadastro são corrigidos pelo emissor mediante novo registro, enquanto boletos falsos devem ser descartados.
Governança, rastreabilidade e prova em disputas
O registro transforma o boleto em documento com trilha de auditoria, o que fortalece a posição de ambos os lados em disputas.
Em caso de não pagamento, o credor agora tem lastro para protesto e cobrança extrajudicial.
Em caso de fraude, a cadeia de informações facilita a localização da origem do desvio.
Para o sistema financeiro, a padronização eleva a qualidade dos dados e melhora a supervisão prudencial.
Onde essa mudança se conecta ao Pix
A integração entre boletos e Pix não substitui o registro, ela o potencializa.
QR Codes vinculados ao título registrado reduzem erros de digitação, aceleram a liquidação e mantêm as informações de cobrança coerentes.
Para o cliente final, o importante é sempre conferir nome do beneficiário, CNPJ e valor no momento do pagamento, seja por linha digitável, seja por Pix Copia e Cola.
Dados e escala do novo modelo
Desde o início da migração, a Nova Plataforma de Cobrança passou a processar bilhões de títulos com checagens automáticas, consolidando o boleto registrado como padrão do mercado.
Em cinco anos, o sistema registrou dezenas de bilhões de documentos, com ganhos evidentes de rastreabilidade e redução de brechas.
O próprio setor reporta queda em modalidades clássicas de fraude associadas ao antigo sem registro e, em paralelo, evolução dos criminosos para técnicas mais sofisticadas, o que reforça a importância de verificação pelos usuários.
Por que o Banco Central mudou a regra
A motivação é de segurança, eficiência e inclusão. O boleto é onipresente no varejo, nos serviços e no setor público.
Ao exigir CPF ou CNPJ e registro prévio, o Banco Central cria incentivos para um ecossistema mais confiável, reduz litígios e melhora a competitividade de quem vende de forma legítima.
Em um mercado que convive com Pix e cartões, o boleto segue relevante, e a governança de dados é a base para sua longevidade.
Você já teve problema com boleto adulterado ou aviso de “não registrado”. As validações exigidas pelo Banco Central melhoraram sua rotina de pagamentos ou aumentaram o custo de emissão no seu negócio. Conte qual foi o maior desafio na adaptação ao boleto registrado e que prática você adota hoje para garantir autenticidade nas cobranças e nos pagamentos. Queremos ouvir quem vive isso na prática.