Após o encontro entre Lula e Daniel Noboa, o governo decidiu começar a abertura pela banana desidratada e concluir até o fim de 2025 a análise de risco para a fruta in natura. Em Santa Catarina, produtores temem queda nos preços e ameaças fitossanitárias.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil vai cumprir decisão judicial de reabrir o mercado para produtos equatorianos, iniciando pela banana desidratada. Segundo o Planalto, a avaliação de risco para bananas frescas será concluída até o fim do ano. A medida foi repercutida por veículos oficiais, que destacaram o caráter gradual da reabertura.
O anúncio insere a banana no pacote de ações para equilibrar o comércio com o Equador, em paralelo a agendas como suinocultura e pesca. Para o consumidor, a mudança não é automática: a banana in natura só avança após a Análise de Risco de Pragas (ARP), etapa técnica indispensável.
Ao mesmo tempo, municípios e produtores pressionam por transparência nos critérios e rigor nas inspeções. A comunicação oficial indicou que a abertura é fatiada por categoria de produto, o que dá tempo para reforçar os controles.
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Por que Santa Catarina está em alerta, participação nas exportações e risco de preço
Santa Catarina é protagonista na cadeia da banana. No 1º semestre de 2025, o estado respondeu por 45,9% da receita nacional com exportações do fruto e embarcou cerca de 21,8 mil toneladas, quase metade do total brasileiro de 43,8 mil t, segundo dados consolidados do Observatório Agro Catarinense. Esse peso explica a apreensão local com a concorrência importada.
A reação política foi rápida. A Alesc aprovou moção de repúdio à reabertura e câmaras municipais, como a de Guaramirim, também se manifestaram. As moções alegam concorrência desleal e efeitos sobre a agricultura familiar, dominante no Norte catarinense.
No curto prazo, o impacto mais sensível tende a ser sobre preços. O próprio Observatório registrou quedas ao produtor em maio e junho no estado, mostrando um mercado já sensível à oferta. Com importações, ainda que graduais, a pressão pode aumentar se a banana in natura for autorizada.
Risco fitossanitário em debate, BBrMV e Fusarium TR4
O ponto mais repetido por entidades e produtores é o risco fitossanitário. O BBrMV (Banana bract mosaic virus) já foi reportado no Equador em cultivares Cavendish, e sua disseminação ocorre por pulgões e material vegetativo, o que eleva a cautela em barreiras e quarentena. Revisões científicas descrevem o BBrMV como ameaça séria em países produtores.
Outra preocupação é o Fusarium TR4, fungo que causa a murcha de plantas e vem avançando na América do Sul. O MAPA já alertou para reforço de monitoramento quando o vizinho Peru confirmou a praga, e estudos recentes mapeiam a expansão do TR4 na região, incluindo registros na Colômbia e Venezuela. Por isso, a ARP e os protocolos de inspeção serão decisivos.
Pelo rito oficial, a Análise de Risco de Pragas avalia evidências biológicas e econômicas para definir medidas fitossanitárias proporcionais. Sem uma ARP robusta, a probabilidade de interceptações e embargos cresce, o que traz insegurança para toda a cadeia.
Linha do tempo regulatória do abre e fecha até 2025
O histórico é de vai e vem. Em 2014, o governo brasileiro eliminou restrições e estabeleceu requisitos para importar banana do Equador. Em 2017, a Instrução Normativa 46 definiu regras para a entrada do fruto, mas em 2019 a IN 4 suspendeu os efeitos da norma anterior, voltando a travar o comércio. Em 2025, o Planalto retomou o tema com faseamento e nova ARP.
Órgãos e veículos especializados ressaltam que, além da disputa sanitária, houve judicialização e ruídos comerciais. Relatos setoriais lembram que o Equador chegou a acionar organismos internacionais quando as importações foram novamente barradas em 2019.
Autoridades locais citam que restrições vêm desde a década de 1990, informação frequentemente mencionada em comunicações municipais, reforçando a leitura de que o tema é recorrente e sensível.
Impacto no bolso do consumidor
Para o consumidor, o efeito mais provável é um alívio de preços se a oferta aumentar, mas tudo vai depender do ritmo da abertura e dos custos logísticos. O Cepea aponta que o mercado de banana é muito sensível à oferta, o que pode gerar volatilidade. Em Santa Catarina, já houve quedas expressivas ao produtor neste ano, o que ajuda a entender o temor de nova pressão na colheita local.
No campo regulatório, o MAPA precisa concluir a ARP para a fruta in natura e publicar eventuais regras complementares. No campo sanitário, a prioridade é barreira, inspeção e rastreabilidade para mitigar BBrMV e TR4. No campo político, estados produtores prometem seguir pressionando por garantias antes de qualquer liberação mais ampla.
Em síntese, a abertura começa pequena e condicionada. O impacto final na gôndola e no bananal catarinense vai depender da qualidade da ARP, da execução das barreiras e da capacidade de resposta da produção brasileira para manter padrão e competitividade.
E você, acredita que a importação de banana do Equador vai baratear a fruta na feira ou colocar em risco a produção familiar e a sanidade dos bananais catarinenses? Deixe sua opinião nos comentários.