A Bajaj aposta na Dominar 250 para disputar espaço com Honda e Yamaha, mas desempenho em altas rotações e painel limitam sua força
A Bajaj trouxe ao mercado brasileiro a Dominar 250 com a intenção de disputar um espaço já dominado por modelos tradicionais, como Honda CB 300F Twister e Yamaha FZ25.
A estratégia aposta em preço competitivo e alguns diferenciais de projeto. No entanto, nem tudo agrada. O desempenho em rotações elevadas e detalhes de acabamento comprometem a experiência.
Portanto, para convencer os consumidores de esportivas de entrada, a moto precisa oferecer mais do que custo baixo.
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Visual robusto e inspirador
O conjunto óptico da Dominar 250 é totalmente em LED. Esse ponto é moderno, mas o farol dianteiro transmite certo cansaço, já que poderia ser mais compacto.
Na parte traseira, a inspiração vem de uma Ducati 1260 S. A leve inclinação passa sensação de esportividade, algo que atrai o olhar de quem valoriza design.
O escapamento se destaca. É volumoso, agressivo e lembra motos de maior cilindrada. A entrada de ar segue a mesma linha e transmite robustez, mesmo com o excesso de plástico nos acabamentos.
Painel com falhas visíveis da Dominar 250
O painel de instrumentos está dividido em duas partes. A primeira mostra rotação, velocidade, nível de combustível, marcha e consumo médio.
A segunda tela, localizada no tanque, exibe informações como temperatura do motor, farol alto e nível de óleo.
O problema é a posição. Para ver os dados, o piloto precisa abaixar bastante a cabeça. Em alta velocidade, isso representa risco.
Outro detalhe é a legibilidade. O estilo “blecaute” tem fundo preto e letras brancas, mas o contraste falha sob sol forte.
A luz refletida impede até a leitura da velocidade. Além disso, o material aparenta simplicidade excessiva.
Estrada confortável, cidade desafiadora
Na rodovia, a Dominar 250 surpreende. Ela é estável e transmite confiança, principalmente em curvas rápidas. O prazer de condução aparece de forma clara nesse ambiente.
Já no trânsito urbano, a situação muda. Por ser maior em comprimento, largura e altura, ela perde em agilidade.
O peso de 180 kg também não ajuda. No corredor entre carros, os seis centímetros extras em relação à Yamaha FZ25 elevam o risco de toques nos retrovisores.
Portanto, quem precisa de agilidade diária pode sentir dificuldade.
Dominar 250: potência em altas rotações
Na aceleração, surgem duas faces. A boa é que a Dominar 250 entrega potência superior às principais rivais.
São 2,3 cv a mais que a Twister e 5,7 cv a mais que a Fazer FZ25. Na estrada, ela chega aos 120 km/h sem esforço.
A ruim é a faixa de giro. Essa potência aparece apenas a 8.400 rpm. Na Honda, ela surge em 7.500 rpm, enquanto na Yamaha, em 8.000 rpm. Assim, no uso urbano, é preciso acelerar mais. Isso transmite sensação de menor força.
Esse comportamento também impacta no consumo. Para sair de um semáforo, exige aceleração extra, o que aumenta o gasto de combustível. Além disso, o tanque tem 1,1 litro a menos que as rivais. Isso obriga paradas mais frequentes.
O torque também segue a mesma lógica. Com 2,39 kgfm, fica abaixo da Honda e só aparece em rotações mais elevadas.
Frenagem de destaque
Se há um ponto em que a Dominar 250 se sobressai é na segurança. Os discos de freio são mais largos que os da concorrência e contam com ABS de série.
Esse recurso só aparece na versão mais cara da CB 300F Twister, o que dá vantagem à Bajaj. Na prática, a frenagem transmite segurança extra, especialmente em pisos molhados.
Comparações de preço e versões
No Brasil, a Dominar 250 custa R$ 23 mil. O valor é R$ 2.637 abaixo da Twister com ABS e R$ 1.990 a menos que a Yamaha FZ25.
Esse preço menor é atrativo. No entanto, a própria Bajaj oferece a Dominar 400 por apenas R$ 3.500 a mais.
Nesse caso, o consumidor leva uma moto com 40 cv, ou seja, 13 cv extras, além de mais conforto e melhor capacidade de carga.
Portanto, muitos compradores preferem migrar para a versão superior, que apresenta custo-benefício mais vantajoso.
Ranking de vendas mostra cenário
Os números revelam a dificuldade da Dominar 250. Entre as naked mais vendidas do Brasil, a CB 300F lidera com 42.888 unidades, seguida pela Yamaha FZ25, com 29.211, e pela FZ15, com 26.575.
A Bajaj aparece com a Dominar 400 em quarto lugar, com 7.402 unidades. Já a Dominar 250 surge apenas na sétima posição, com 2.436 vendas.
Esse resultado mostra que a versão de 400 cilindradas tem mais aceitação.
Pontos positivos e negativos
Entre os pontos fortes estão a potência superior às concorrentes diretas, o sistema de freios eficiente e o preço competitivo.
Nos pontos fracos, destacam-se a entrega de potência em rotações muito altas, o painel de baixa qualidade e o custo-benefício inferior diante da própria Dominar 400.
Um futuro incerto
A Bajaj avança no mercado nacional, mas ainda precisa consolidar sua imagem. A Dominar 250 oferece atributos importantes, mas não o bastante para incomodar rivais estabelecidas.
Com a própria Dominar 400 sendo mais atraente, a versão de 250 cilindradas corre o risco de perder espaço até dentro da linha da marca.
No fim, a estratégia da fabricante indiana mostra acertos, mas também limitações. A disputa no segmento de esportivas de entrada é acirrada, e para vencer, é preciso oferecer mais do que preço.
Com informações de G1.