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Baixa do ICMS sobre combustíveis reduz valor dos produtos, no entanto, o preço do diesel se mantém em alta

Escrito por Ruth Rodrigues
Publicado em 31/07/2022 às 19:51
Após a aprovação da redução do teto da alíquota do ICMS sobre os combustíveis no Brasil, a ANP divulgou os dados dos preços do etanol no Brasil, que despencaram na última semana, causando um bom momento para o consumidor final no país.
Fonte: RPA News

Entenda por que, mesmo com a baixa do ICMS sobre os valores dos combustíveis, o preço do diesel se mantém em alta. Levantamentos da ANP dão conta de redução de 22% da gasolina no último mês e de 23% do etanol desde abril. No entanto, o diesel acumula queda de somente 1,9%.

Neste último domingo, (31/07), dados do levantamento sobre a redução dos ICMS da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), mostram que os postos de combustíveis têm reduzido lentamente os preços da gasolina e do etanol há mais de um mês. Porém, a exceção é do diesel, que permanece quase estável, apenas com leves recuos.

Diminuição do ICMS garantem barateamento dos combustíveis, porém os valores do diesel contam com apenas leves recuos 

Nesse sentido, é claro evidenciar que a redução do diesel desde a semana de 25 de junho foi de somente 1,9% o que significa R$ 0,15 o litro em termos nominais. O produto passou de R$ 7,57 para R$ 7,42 nesse período, fazendo com que o diesel permanecesse quase estável. Enquanto isso, a gasolina passou de R$ 7,39 para R$ 5,74 um corte de cerca de 22,3%, além da gasolina, o etanol também enfileira quedas há quase 13 semanas, garantindo um recuo de 23,8% nos valores.

Além disso, mais uma surpresa para confundir os consumidores foi anunciada. A Petrobras informou mais duas reduções do preço da gasolina para as refinarias neste mês, mas nas duas ocasiões, o diesel continuou de fora dos reajustes. Dessa forma, alguns especialistas explicam que o diesel tem particularidades em relação aos demais e que impedem uma redução de valores, tanto no Brasil quanto fora. São questões que vão do hábito do consumo até às complicações de abastecimento causadas pela guerra da Ucrânia.

De acordo com Pedro Rodrigues, sócio do Centro Brasileiro da Infraestrutura (CBIE), o fenômeno da não redução de preço se dá porque houve uma escassez do diesel no mercado internacional com a irritação entre Rússia e Ucrânia: “O receio com a Rússia faz a Europa estocar diesel, o que eleva o preço em todo o mundo. Isso fez a cotação do diesel descolar do barril de petróleo e ter grande volatilidade”, afirma Rodrigues.

Petrobras indicou serem altas as chances dos valores do diesel permanecerem elevados 

Desse modo, a estatal afirmou serem altas as chances do preço do diesel seguir elevado por causa de uma ruptura entre a oferta e a demanda. Isso porque, pelo lado da demanda, a tendência é de um aumento na procura pelo combustível nos próximos meses em razão do inverno no hemisfério norte. Já no Brasil, a procura pelo diesel também deve ser maior com o escoamento da safra de grãos, feito predominantemente por transporte rodoviário.

Já em relação à oferta, a Petrobras espera efeitos da temporada de furacão nos Estados Unidos, isso porque os efeitos podem comprometer a produção e estimular os aumentos de estoques de diesel. No entanto, especialistas também colocaram em conta uma possível extensão dos cortes no fornecimento de energia pela Rússia em momentos decisivos. 

Nesse sentido, o economista Cláudio Frischtak, sócio-fundador da consultoria Inter-B, lembra que a situação pode se complicar, uma vez que o consumo do diesel é de difícil substituição, principalmente pela dependência havendo em relação ao produto: “Diesel tem uma demanda muito mais inelástica, enquanto as refinarias estão com problemas de aumento de produção. O Brasil importa cerca de 25% do diesel e acaba sofrendo bastante com o mercado internacional”, afirma Frischtak.

Ruth Rodrigues

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), atua como redatora e divulgadora científica.

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