Entenda por que, mesmo com a baixa do ICMS sobre os valores dos combustíveis, o preço do diesel se mantém em alta. Levantamentos da ANP dão conta de redução de 22% da gasolina no último mês e de 23% do etanol desde abril. No entanto, o diesel acumula queda de somente 1,9%.
Neste último domingo, (31/07), dados do levantamento sobre a redução dos ICMS da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), mostram que os postos de combustíveis têm reduzido lentamente os preços da gasolina e do etanol há mais de um mês. Porém, a exceção é do diesel, que permanece quase estável, apenas com leves recuos.
Diminuição do ICMS garantem barateamento dos combustíveis, porém os valores do diesel contam com apenas leves recuos
Nesse sentido, é claro evidenciar que a redução do diesel desde a semana de 25 de junho foi de somente 1,9% o que significa R$ 0,15 o litro em termos nominais. O produto passou de R$ 7,57 para R$ 7,42 nesse período, fazendo com que o diesel permanecesse quase estável. Enquanto isso, a gasolina passou de R$ 7,39 para R$ 5,74 um corte de cerca de 22,3%, além da gasolina, o etanol também enfileira quedas há quase 13 semanas, garantindo um recuo de 23,8% nos valores.
Além disso, mais uma surpresa para confundir os consumidores foi anunciada. A Petrobras informou mais duas reduções do preço da gasolina para as refinarias neste mês, mas nas duas ocasiões, o diesel continuou de fora dos reajustes. Dessa forma, alguns especialistas explicam que o diesel tem particularidades em relação aos demais e que impedem uma redução de valores, tanto no Brasil quanto fora. São questões que vão do hábito do consumo até às complicações de abastecimento causadas pela guerra da Ucrânia.
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De acordo com Pedro Rodrigues, sócio do Centro Brasileiro da Infraestrutura (CBIE), o fenômeno da não redução de preço se dá porque houve uma escassez do diesel no mercado internacional com a irritação entre Rússia e Ucrânia: “O receio com a Rússia faz a Europa estocar diesel, o que eleva o preço em todo o mundo. Isso fez a cotação do diesel descolar do barril de petróleo e ter grande volatilidade”, afirma Rodrigues.
Petrobras indicou serem altas as chances dos valores do diesel permanecerem elevados
Desse modo, a estatal afirmou serem altas as chances do preço do diesel seguir elevado por causa de uma ruptura entre a oferta e a demanda. Isso porque, pelo lado da demanda, a tendência é de um aumento na procura pelo combustível nos próximos meses em razão do inverno no hemisfério norte. Já no Brasil, a procura pelo diesel também deve ser maior com o escoamento da safra de grãos, feito predominantemente por transporte rodoviário.
Já em relação à oferta, a Petrobras espera efeitos da temporada de furacão nos Estados Unidos, isso porque os efeitos podem comprometer a produção e estimular os aumentos de estoques de diesel. No entanto, especialistas também colocaram em conta uma possível extensão dos cortes no fornecimento de energia pela Rússia em momentos decisivos.
Nesse sentido, o economista Cláudio Frischtak, sócio-fundador da consultoria Inter-B, lembra que a situação pode se complicar, uma vez que o consumo do diesel é de difícil substituição, principalmente pela dependência havendo em relação ao produto: “Diesel tem uma demanda muito mais inelástica, enquanto as refinarias estão com problemas de aumento de produção. O Brasil importa cerca de 25% do diesel e acaba sofrendo bastante com o mercado internacional”, afirma Frischtak.